CAPÍTULO OITO

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Christian está andando de um lado para o outro do escritório e passando as mãos no cabelo. As duas mãos — isso é exasperação em dobro. Seu usual autocontrole absoluto parece ter escorrido pelo ralo.

— Não entendo por que você não me contou — ele me censura.

— Nunca surgiu assunto. Não costumo revelar minha condição sexual a cada pessoa que conheço. Quer dizer, a gente mal se conhece.

Encaro minhas mãos. Por que me sinto culpada? Por que ele está tão irritado? Olho para ele.

— Bem, você agora já sabe bastante a meu respeito — diz ele seco, a boca contraída. — Eu sabia que você era inexperiente, mas virgem? — Ele fala como se aquilo fosse mesmo um palavrão. — Que inferno, Ana, eu acabei de mostrar a você... — ele resmunga. — Deus me perdoe. Alguém já beijou você, além de mim?

— Claro que sim.

Faço o possível para parecer ofendida. Ok... talvez duas vezes.

E nenhum cara legal fez você perder a cabeça? Eu simplesmente não entendo. Você tem vinte e um anos, quase vinte e dois. É linda.

Ele torna a passar a mão no cabelo.

Linda. Coro de alegria. Christian Grey me acha linda. Aperto os dedos, olhando fixo para eles, tentando disfarçar o sorriso apatetado. Vai ver ele é míope. Meu inconsciente levantou a cabeça de maneira sonâmbula. Onde ele estava quando precisei dele?

— E você está discutindo seriamente o que eu quero fazer, apesar de não ter experiência. — Ele franze o cenho. — Como evitou o sexo? Conte para mim, por favor.

Encolho os ombros.

— Ninguém nunca... você sabe... — Chegou tão perto, só você. E você se revela uma espécie de monstro. — Por que está tão irritado comigo? — murmuro.

— Não estou irritado com você. Estou irritado comigo... — Ele suspira. Olha para mim astutamente e então balança a cabeça. — Quer ir embora? — pergunta, com delicadeza.

— Não, a menos que você queira que eu vá — respondo. Ah, não... eu não quero ir.

— Claro que não. Gosto de ter você aqui. — Ele levanta as sobrancelhas ao dizer isso e depois olha o relógio. — Está tarde. — E se vira para mim. — Você está mordendo o lábio.

Sua voz é grave, e ele me olha especulativamente.

— Desculpe.

— Não se desculpe. É só que assim também fico com vontade de morder, só que com força.

Arquejo... como ele pode me dizer esse tipo de coisa e esperar que eu não me abale?

— Venha — murmura ele.

— O quê?

— Vamos resolver esse problema agora mesmo.

— Como assim? Que problema?

— O seu, Ana. Vou fazer amor com você, agora.

— Ah. — O chão desaba sob meus pés. Eu sou um problema. Prendo minha respiração.

— Quer dizer, se você quiser. Não quero me meter em encrenca.

— Pensei que você não fizesse amor. Pensei que você fodesse, e com força.

Engulo em seco, a boca de repente sem nenhuma saliva.

Ele abre um sorriso malicioso, que produz efeitos diretos lá embaixo.

— Posso abrir uma exceção, ou talvez combinar as duas coisas, vamos ver. Eu quero muito fazer amor com você. Por favor, venha para a cama comigo. Quero que nosso acordo dê certo, mas você realmente precisa ter alguma ideia de onde está se metendo. Podemos começar seu treinamento esta noite, com o básico. Isso não quer dizer que fiquei todo sentimental. Trata-se de um meio para um fim, mas um fim que eu quero, e espero que você também.

O olhar dele é intenso.

Eu coro... nossa... desejos se realizam, sim.

— Mas ainda não fiz tudo que você exige nas suas regras — digo ofegante, hesitando.

— Esqueça as regras. Esqueça esses detalhes todos por hoje. Eu quero você. Quis desde que você se estatelou no chão da minha sala, e sei que você me quer. Você não estaria aí sentada calmamente discutindo punições e limites se não quisesse. Por favor, Ana, passe a noite comigo.

Ele me estende a mão, com os olhos brilhando, ardentes... excitados, e seguro a mão dele. Ele me puxa para seus braços e sinto todo o seu corpo colado no meu, e sou pega de surpresa por esse movimento rápido. Christian corre os dedos em volta da minha nuca, enrola meu rabo de cavalo no punho e puxa com delicadeza, forçando-me olhar para ele. Ele olha para mim.

— Você é uma garota corajosa — diz. — Estou impressionado.

As palavras parecem um dispositivo incendiário. Meu sangue arde. Ele se abaixa e beija minha boca delicadamente, depois chupa meu lábio inferior.

— Quero morder esse lábio — murmura junto da minha boca, e a puxa cuidadosamente com os dentes.

Dou um gemido e ele sorri.

— Por favor, Ana, deixe eu fazer amor com você.

— Sim — sussurro, porque é por isso que estou aqui.

O sorriso dele é triunfante quando ele me solta, me dá a mão e me conduz pelo apartamento.

Seu quarto é enorme. As janelas até o teto dão para os arranha-céus iluminados de Seattle. As paredes são brancas, e os móveis, azul-claros. A cama imensa é ultramoderna, feita de uma madeira cinzenta e rústica como galhos secos, tem quatro colunas mas é sem dossel. Na parede acima, há uma paisagem marinha impressionante.

Estou tremendo como vara verde. Pronto. Finalmente, depois desse tempo todo, vou fazer isso, com ninguém menos que Christian Grey. Minha respiração está curta, e não consigo tirar os olhos dele. Ele tira o relógio e o coloca em cima de uma cômoda que combina com a cama, e tira o paletó, colocando-o numa cadeira. Está com aquela camisa de linho branco e calça jeans. É lindo de morrer. Tem o cabelo cor de cobre escuro todo despenteado, a camisa para fora da calça, os olhos cinzentos atrevidos e deslumbrantes. Ele descalça o All Star, se abaixa e tira as meias, uma de cada vez. Os pés de Christian Grey... uau... porque essa atração por pés? Ele se vira para mim com o olhar meigo.

— Presumo que você não tome pílula.

O quê? Merda.

— Achei que não tomasse.

Ele abre a primeira gaveta da cômoda, tira um pacote de camisinhas e me lança um olhar intenso.

— Esteja preparada — murmura. — Quer que eu feche as cortinas?

— Tanto faz — respondo. — Achei que você não deixasse ninguém dormir na sua cama.

— Quem disse que a gente vai dormir? — retruca ele.

— Ah. — Minha nossa.

Ele vem devagarinho na minha direção. Seguro, sensual, olhos em brasa, e meu coração começa a palpitar. O sangue lateja em minhas veias. O desejo, palpável e quente, se concentra em minhas entranhas. Ele está em pé na minha frente, olhando nos meus olhos. É absurdamente sexy.

— Vamos tirar essa jaqueta, vamos? — diz baixinho e segura as lapelas para despir delicadamente meus ombros da jaqueta, que coloca na cadeira.

— Tem alguma ideia de quanto a desejo, Ana Steele? — murmura.

Engasgo. Não consigo tirar os olhos dele. Ele estica o braço e corre os dedos devagarinho pelo meu rosto até o queixo.

— Tem alguma ideia do que vou fazer com você? — acrescenta, acariciando meu queixo.

A musculatura da minha parte mais íntima e escondida se comprime da maneira mais deliciosa. A dor é tão gostosa e tão aguda que quero fechar os olhos, mas estou hipnotizada pelo seu olhar ardente. Inclinando-se, ele me beija. Seus lábios são exigentes, firmes e lentos, moldando os meus. Começa a desabotoar minha blusa enquanto vai me dando beijinhos levíssimos pela mandíbula, pelo queixo, terminando nas comissuras da minha boca. Devagarinho, tira minha blusa e a deixa cair no chão. Recua e me olha. Estou com o sutiã de renda azul-clara que me cai como uma luva. Graças a Deus.

Ah, Ana — suspira ele. — Você tem uma pele lindíssima, alva e impecável. Quero beijar cada centímetro dela.

Fico rubra. Nossa... Por que ele disse que não fazia amor? Eu farei o que ele quiser. Ele pega a presilha do meu cabelo, solta-a e arqueja quando meu cabelo cai ao redor de meus ombros.

— Gosto de morenas — murmura, com as duas mãos no meu cabelo, uma de cada lado da minha cabeça.

Seu beijo é obstinado, sua língua e seus lábios adulando os meus. Gemo, e minha língua encontra timidamente a dele. Ele me envolve nos braços e me arrasta para junto de si, apertando-me. Mantém uma das mãos no meu cabelo, enquanto a outra desce pela minha coluna até a cintura e depois a bunda. Para ali e aperta delicadamente minhas nádegas, mantendo-me colada a ele, e sinto sua ereção, que ele languidamente pressiona no meu corpo.

Suspiro de novo em sua boca. Mal consigo conter os sentimentos — ou seriam os hormônios? — que me percorrem desenfreados. Quero-o desesperadamente. Segurando seus braços, sinto seus bíceps. Ele é surpreendentemente forte... musculoso. Timidamente, levo as mãos ao seu rosto e afago seu cabelo. É muito macio, desalinhado. Puxo delicadamente, e ele geme. Vai me conduzindo devagarinho para a cama, até eu senti-la atrás dos joelhos. Acho que vai me forçar a deitar, mas não força. Ele me solta, e de repente se ajoelha. Agarra meus quadris com as duas mãos, passa a língua em volta do meu umbigo e vai me mordiscando até um dos lados da cintura, atravessando depois minha barriga para o outro lado.

— Ah — gemo.

Vê-lo ajoelhado na minha frente, sentir sua boca em mim é algo muito inesperado e sensual. Mantenho as mãos em seu cabelo, puxando-o delicadamente ao tentar aquietar minha respiração bastante ruidosa. Ele ergue os olhos para mim através de cílios longuíssimos, o olhar ardente turvo. Então, desabotoa minha calça jeans, puxa sem pressa o zíper. Sem tirar os olhos de mim, passa as mãos por baixo do cós, roçando de leve minha pele e alcançando minha bunda. As mãos vão deslizando devagarinho por ali rumo à parte de trás das minhas coxas, descendo a calça jeans com elas. Não consigo desviar o olhar. Ele para e molha os lábios, sem interromper o contato visual. Inclina-se para a frente, roçando o nariz na minha coxa até chegar no vértice entre minhas pernas. Eu o sinto. Ali.

— Você é muito cheirosa — murmura ele, e fecha os olhos, com uma expressão de puro prazer, e eu praticamente me contorço. Ele puxa o edredom da cama, e gentilmente me empurra até que eu caia no colchão.

Ainda ajoelhado, segura meu pé e desamarra meu All Star, tirando o tênis e a meia. Me apoio nos cotovelos para ver o que ele está fazendo. Estou arfando... de desejo. Christian levanta meu calcanhar e corre o polegar pela sola do meu pé. Quase chega a doer, mas sinto o eco do movimento nas minhas entranhas. Suspiro. Sem desviar os olhos dos meus, ele passa a língua, depois os dentes, pela sola do meu pé. Merda. Gemo... como posso sentir isso ali? Torno a me deitar, gemendo. Ouço sua risadinha.

— Ah, Ana, o que faço com você? — sussurra.

Tira meu outro tênis e minha outra meia, depois se levanta e arranca totalmente minha calça jeans. Estou deitada na cama dele só de sutiã e calcinha, e ele está me olhando.

— Você é muito bonita, Anastasia Steele. Mal posso esperar para estar dentro de você.

Puta merda. As palavras dele. Ele é tão sedutor. Fico sem fôlego.

— Mostre para mim como você se dá prazer.

O quê? Franzo o cenho.

— Não seja tímida, Ana, mostre para mim — murmura ele.

Balanço a cabeça.

— Não sei o que você quer dizer.

Minha voz está rouca. Mal a reconheço, tão cheia de desejo.

— Como você se faz gozar? Quero ver.

Balanço a cabeça.

— Eu não faço — murmuro.

Ele ergue as sobrancelhas, espantado por um instante, com o olhar sombrio e balança a cabeça, incrédulo.

— Bem, vamos ver o que podemos fazer a esse respeito.

Sua voz é macia, provocante, uma ameaça sensual deliciosa. Ele desabotoa sua calça jeans e despe-a devagar, os olhos nos meus o tempo todo. Inclina-se sobre mim, e, me segurando pelos tornozelos, afasta minhas pernas com um gesto rápido e sobe na cama. Ele paira em cima de mim. Eu me retorço de desejo.

— Fique quieta — ordena ele, então se abaixa e me beija, subindo pela parte interna da coxa, prosseguindo por sobre o fino tecido rendado da calcinha.

Ah... não consigo ficar parada. Como posso não me mexer? Contorço-me embaixo dele.

— Vamos ter que trabalhar para manter você imóvel, baby.

Ele beija minha barriga, e enfia a língua em meu umbigo. Continua subindo, beijando meu torso. Minha pele arde. Estou afogueada, com muito calor, muito frio, agarrada ao lençol embaixo de mim. Ele se deita ao meu lado, e sua mão passeia pelo meu quadril, passando pela cintura e subindo até meu seio. Ele me olha, a expressão enigmática, e delicadamente envolve meu seio com a mão.

— Cabe na minha mão perfeitamente, Anastasia — murmura, puxando o bojo do sutiã para baixo com o indicador e liberando meu seio, que, no entanto, continua levantado pela armação e pelo tecido do bojo. Seu dedo passa para o outro seio e repete a operação. Meus seios se intumescem, e meus mamilos endurecem sob seu olhar contínuo. Estou atada pelo meu próprio sutiã.

— Muito bom — sussurra ele em tom de aprovação, e meus mamilos ficam mais duros ainda.

Ele chupa delicadamente um enquanto sua mão vai para o outro seio e ele rodeia com o polegar o bico do mamilo, alongando-o. Gemo, uma sensação doce percorre minhas entranhas. Estou toda molhada. Ah, por favor, imploro internamente, agarrando-me com mais força ao lençol. Seus lábios se fecham em volta de meu outro mamilo, e, quando ele puxa, quase tenho espasmos.

— Vamos ver se podemos fazer você gozar assim — sussurra ele, sem interromper o assalto lento e sensual. Meus mamilos suportam o delicioso impacto de seus dedos e seus lábios hábeis, que acendem cada uma de minhas terminações nervosas e fazem meu corpo inteiro cantar com uma doce agonia. Ele simplesmente não para.

— Oh... por favor — imploro, e inclino a cabeça para trás, a boca aberta enquanto gemo, esticando as pernas. Minha nossa, o que está acontecendo comigo?

— Deixe-se levar, baby — murmura ele.

Seus dentes estão cerrados em volta do meu mamilo, e ele puxa, forte, com o polegar e o indicador, e eu desmancho na sua mão, o corpo estremecendo em espasmos e explodindo em mil pedaços. Ele me beija, a língua enfiada na minha boca, absorvendo meus gritos.

Nossa. Isso foi extraordinário. Agora sei por que todo o alvoroço em torno desse assunto. Ele me olha, um sorriso satisfeito nos lábios, enquanto sei que, nos meus, só há gratidão e assombro.

— Você é muito sensível — suspira ele. — Vai ter que aprender a controlar isso, e agora vai ser muito mais divertido ensinar.

Ele volta a me beijar.

Minha respiração ainda está entrecortada enquanto me recupero do orgasmo. Suas mãos descem pela minha cintura até os quadris, e aí ele me envolve intimamente com a mão em concha... Meu Deus. Seu dedo escorrega pela renda fina e me rodeia devagarinho — ali. Por um instante, ele fecha os olhos, e sua respiração falha.

— Você está deliciosamente molhada. Nossa, eu quero você.

Ele enfia o dedo dentro de mim, e solto um grito quando enfia de novo e de novo. Manipula meu clitóris, e dou outro grito. Ele movimenta o dedo dentro de mim com mais força ainda. Gemo.

De repente, ele se senta na cama, arranca minha calcinha e a joga no chão. Tira a cueca, e a ereção se revela, livre. Puta merda... Ele estica o braço e pega um envelopinho de papel laminado, e aí se mete entre as minhas pernas, afastando-as bem. Se ajoelha e coloca uma camisinha em sua extensão avantajada. Ah não... Será que vai...? Como?

— Não se preocupe — suspira ele, os olhos nos meus. — Você também dilata.

Debruça-se, apoiando as mãos em ambos os lados da minha cabeça, de modo a pairar sobre mim, olhando-me nos olhos, a mandíbula cerrada, os olhos ardentes. Só agora percebo que ainda está de camisa.

— Quer mesmo fazer isso? — pergunta suavemente.

— Por favor — imploro.

— Levante as pernas — ordena com delicadeza, e obedeço de imediato. — Agora vou começar a foder com você, Srta. Steele — murmura ele, ao posicionar a cabeça de seu pau na entrada do meu sexo. — Com força — murmura, e me penetra.

— Aai! — grito ao sentir um estranho beliscão lá dentro de mim quando ele tira minha virgindade.

Ele fica imóvel, me encarando, os olhos brilhando em êxtase com a vitória. Sua boca está entreaberta, e sua respiração é áspera. Ele geme.

— Você é tão apertada. Está tudo bem?

Faço que sim, olhos arregalados, segurando os antebraços dele. Sinto-me muito plena. Ele continua parado, deixando que eu me acostume à sensação avassaladora e intrusiva de tê-lo dentro de mim.

— Vou me mexer agora, baby — sussurra ele pouco depois, a voz tensa.

Oh.

Ele se movimenta para trás extremamente devagar. Fecha os olhos e geme, e torna a me penetrar. Grito de novo, e ele para.

— Mais? — murmura, a voz rouca.

— Sim — suspiro.

Ele faz de novo, e torna a parar. Gemo, o corpo aceitando-o... Ah, eu quero isso.

— De novo? — sussurra ele.

— Sim. — É uma súplica.

E ele se mexe, mas dessa vez não para. Apoia-se nos cotovelos e posso sentir o seu peso em cima de mim, apertando-me. No início, os movimentos são lentos, metendo e depois se tirando de dentro de mim. E, à medida que me acostumo com a sensação estranha, mexo os quadris timidamente ao encontro dos dele. Ele acelera o ritmo. Eu gemo, e ele continua o vaivém, mais depressa, implacável, num ritmo incessante, e eu acompanho, respondendo aos seus estímulos. Ele pega minha cabeça nas mãos e me beija com força, os dentes de novo puxando meu lábio inferior. Ele se agita ligeiramente, e sinto algo crescendo dentro de mim, como antes. Começo a enrijecer à medida que ele se mexe. Meu corpo estremece, arqueia, coberto de suor. Meu Deus... Eu não sabia que a sensação seria essa... não sabia que podia ser tão gostoso. Meus pensamentos estão se dispersando... só existe essa sensação... só ele... só eu... ah, por favor... enrijeço.

— Goze para mim, Ana — murmura ele sem fôlego, e obedeço, explodindo em volta dele ao chegar ao clímax e me dividir em um milhão de pedaços embaixo dele. E, quando goza, ele chama meu nome, se impelindo com força, depois se imobilizando ao se esvaziar em mim.

Continuo arfando, tentando acalmar minha respiração, meu coração disparado e meus pensamentos tumultuados. Uau... isso foi incrível. Abro os olhos, e ele está com a testa colada à minha, olhos fechados, a respiração ofegante. Christian abre os olhos e me encara com uma expressão sombria, mas meiga. Ainda está dentro de mim. Inclinando-se, me dá um beijo delicado na testa e sai de dentro de mim devagar.

— Ai. — Contraio o rosto diante da sensação desconhecida.

— Machuquei você? — pergunta Christian deitado ao meu lado, apoiado no cotovelo.

Ele prende atrás da minha orelha uma mecha que se soltou do meu cabelo. E sou obrigada a abrir um enorme sorriso.

Você está me perguntando se me machucou?

— Eu não deixei de reparar na ironia — diz com um sorriso sardônico. — Falando sério, você está bem?

Os olhos dele são intensos, perspicazes, até exigentes.

Espreguiço-me embaixo dele, profundamente relaxada. Sorrio. Não consigo parar de sorrir. Agora entendo todo o estardalhaço. Dois orgasmos... desabar inteira, me sentir como se estivesse dentro de uma máquina de lavar, nossa. Eu não tinha ideia do que meu corpo era capaz, de ser tão contido e liberado com tanta violência, de modo tão gratificante. O prazer foi indescritível.

— Você está mordendo o lábio e não me respondeu.

Ele franze o cenho. Olho para ele, travessa. Está glorioso com aquele cabelo desgrenhado, aqueles ardentes olhos cinzentos apertados, e aquela expressão séria e sombria.

— Eu gostaria de fazer isso de novo — sussurro.

Por um momento, penso ver uma expressão de alívio lhe passar pelo rosto, antes de ele semicerrar as pálpebras e me olhar com os olhos velados.

— Gostaria agora, Srta. Steele? — pergunta secamente.

Inclina-se e me dá um beijinho no canto da boca.

— Você é uma senhorita exigente, não? Vire-se de costas.

Pisco para ele por um instante, e me viro. Ele desabotoa meu sutiã e passa as mãos pelas minhas costas até minha bunda.

— Você tem mesmo uma pele linda — murmura.

Ele faz um movimento, empurrando uma perna entre as minhas, e está deitado nas minhas costas. Sinto a pressão dos botões de sua camisa enquanto ele afasta o cabelo do meu rosto e beija meus ombros nus.

— Por que você está de camisa? — pergunto.

Ele para. Em seguida, tira a camisa, e se deita em cima de mim. Sinto sua pele quente na minha. Humm... a sensação é divina. Ele tem pelos dourados no peito que fazem cócegas nas minhas costas.

— Então você quer que eu te coma de novo? — sussurra ele no meu ouvido, e começa a me dar aqueles beijinhos muito de leve em volta da orelha e pelo pescoço.

Sua mão desce, roçando minha cintura, meus quadris e minha coxa até o joelho. Ele levanta mais meu joelho, e me falta ar... O que ele está fazendo agora? Se ajeitando entre as minhas pernas, colado nas minhas costas, e sua mão some pela minha coxa na direção da minha bunda. Ele afaga devagarinho meu rosto, e desce os dedos até entre minhas pernas.

— Vou te comer por trás, Anastasia — murmura ele, e, com a outra mão, me agarra pelo cabelo na nuca e puxa de leve, me prendendo. Não consigo mexer a cabeça. Estou imobilizada embaixo dele, sem poder fazer nada.

— Você é minha — sussurra. — Só minha. Não se esqueça disso. — Sua voz é embriagadora, suas palavras, excitantes e sedutoras. Sinto sua ereção crescente na minha coxa.

Seus dedos massageiam delicadamente meu clitóris, em lentos movimentos circulares. Gosto da sua respiração em meu rosto enquanto ele vai mordiscando devagarinho minha mandíbula.

— Você tem um cheiro divino. — Ele esfrega o nariz atrás da minha orelha. Suas mãos me massageiam em movimentos circulares. Num reflexo, meus quadris começam a se mexer, imitando o movimento da mão dele, e uma onda lancinante de prazer corre no meu sangue como adrenalina.

— Fique quieta — ordena ele, a voz meiga mas imperiosa, e enfia o polegar devagarinho dentro de mim, girando e girando, roçando a parede da minha vagina.

O efeito é enlouquecedor — toda a minha energia concentrada naquele pontinho dentro do meu corpo. Gemo.

— Gostou disso? — pergunta ele baixinho, passando os dentes na minha orelha, e começa a flexionar o polegar lentamente, para dentro e para fora... os dedos ainda em movimentos circulares.

Fecho os olhos, tentando manter a respiração sob controle, tentando absorver as sensações caóticas e desordenadas que os dedos dele estão desencadeando em mim, meu corpo pegando fogo. Gemo de novo.

— Você ficou muito molhada, bem depressa. É bastante sensível. Ah, Anastasia, eu gosto disso. Gosto muito disso — murmura.

Quero esticar as pernas, mas não consigo me mexer. Ele está me prendendo, mantendo um ritmo constante, lento e tortuoso. É absolutamente delicioso. Gemo de novo, e ele muda de posição de repente.

— Abra a boca — ordena, e mete o polegar na minha boca.

Arregalo os olhos, pestanejando loucamente.

— Sinta o seu gosto — diz ele baixinho no meu ouvido. — Chupa.

Seu polegar pressiona minha língua, e fecho a boca, chupando-o freneticamente. Provo o gosto salgado do seu polegar e o leve travo metálico do sangue. Puta merda. Isso é errado, mas, puta que pariu, é erótico.

— Quero foder a sua boca, Anastasia, e vou fazer isso daqui a pouco — ele fala com uma voz rouca, áspera, a respiração mais irregular.

Foder a minha boca!, gemo, e mordo o lábio. Ele arqueja, e puxa meu cabelo com mais força. Dói, e eu o solto.

— Menina sacana, gostosa — murmura ele, e se estica para pegar um envelope de papel laminado na mesa de cabeceira. — Fique quietinha, sem se mexer — ordena ao soltar meu cabelo.

Abre o envelope enquanto estou respirando forte, o sangue correndo rápido em minhas veias. A expectativa é estimulante. Ele torna a pôr o peso todo em cima de mim, e agarra meu cabelo, imobilizando minha cabeça. Não consigo me mexer. Ele me capturou de uma forma tentadora, e está posicionado, pronto para me comer de novo.

— Vamos muito devagar dessa vez, Anastasia — sussurra ele.

E, lentamente, me penetra, bem devagar, até estar todo dentro de mim. Aumentando e me ocupando, implacável. Solto um gemido alto. Agora a sensação vai mais fundo, deliciosa. Torno a gemer, e ele mexe os quadris deliberadamente num movimento circular e se retira, faz uma pausa e torna a meter. Repete o movimento várias vezes. Está me levando à loucura, aquelas estocadas provocantes, lentas e calculadas, e a sensação intermitente de completude é avassaladora.

— Você é muito gostosa — repete ele, e minhas entranhas começam a estremecer. Ele sai e espera. — Ah não, ainda não — sussurra, e, conforme o estremecimento vai cessando, recomeça todo o processo.

— Oh, por favor — imploro. Não sei ao certo se consigo aguentar muito mais. Meu corpo está todo tenso, implorando pelo relaxamento.

— Quero machucar você, baby — murmura ele, e continua aquele doce tormento, sem pressa, indo e vindo. — Cada vez que você se mexer amanhã, quero que se lembre que estive aí. Só eu. Você é minha.

Gemo.

— Por favor, Christian — sussurro.

— O que você quer, Anastasia? Diga.

Gemo de novo. Ele se retira e torna a me penetrar lentamente, mexendo de novo os quadris em movimentos circulares.

— Diga — ele pede.

— Você, por favor.

Ele aumenta imperceptivelmente o ritmo, e sua respiração fica mais irregular. Começo a sentir espasmos, e Christian acelera.

— Você. É. Muito. Gostosa — murmura ele entre uma estocada e outra. — Eu. Quero. Você. Muito.

Gemo.

— Você. É. Minha. Goza para mim, baby — grunhe ele.

Suas palavras são a minha perdição, empurrando-me no abismo. Meu corpo estremece em volta dele, e eu gozo, ruidosamente, gritando com a boca no colchão uma versão engrolada do nome dele. Christian segue com duas estocadas secas, e para, se derramando dentro de mim ao gozar. Desaba em cima de mim, o rosto no meu cabelo.

— Porra. Ana — sussurra ele, e se retira de mim imediatamente, rolando para o lado da cama.

Puxo os joelhos até o peito, totalmente esgotada, e imediatamente apago ou desmaio, caindo num sono exausto.

* * *

QUANDO ACORDO, AINDA está escuro. Não tenho ideia de quanto tempo dormi. Espreguiço-me embaixo do edredom, e me sinto dolorida, deliciosamente dolorida. Christian não está por perto. Sento-me na cama, observando a silhueta da cidade diante de mim. Há menos luzes acesas nos arranha-céus, e a aurora começa a se anunciar no leste. Ouço música. As notas cadenciadas do piano, um lamento triste e doce. Bach, acho eu, mas não tenho certeza.

Enrolo-me no edredom e vou de mansinho para o salão. Christian está ao piano, completamente absorto na melodia. Tem uma expressão triste e desolada, como a música. Sua interpretação é espantosa. Encosto na parede da entrada, e fico ouvindo, embevecida. Ele é um músico muito talentoso. Está nu, o corpo banhado pela luz quente de uma luminária ao lado do piano. Com o resto da sala às escuras, é como se estivesse em seu pequeno foco de luz isolado, intocável... sozinho dentro de uma bolha.

Vou de mansinho em sua direção, incitada pela música sublime e melancólica. Sinto-me mesmerizada, observando seus dedos esguios e habilidosos encontrarem e pressionarem as teclas com delicadeza, pensando em como esses mesmos dedos lidaram com meu corpo e o acariciaram com destreza. Enrubesço e suspiro com a lembrança, e aperto as coxas. Ele ergue os olhos, aqueles seus insondáveis olhos cinzentos brilhando, a expressão misteriosa.

— Desculpe — murmuro. — Não queria atrapalhar.

Ele franze o cenho.

— Com certeza, eu que devia estar dizendo isso para você — murmura ele.

Ele acaba de tocar e põe as mãos sobre as pernas.

Vejo agora que está vestindo calça de pijama. Corre os dedos pelo cabelo e se levanta. Usa as calças caídas nos quadris, daquele jeito... minha nossa. Fico com a boca seca quando ele displicentemente dá a volta no piano e vem na minha direção. Tem ombros largos, quadris estreitos, e seus músculos abdominais ondulam quando anda. Ele é mesmo um espanto.

— Você devia estar na cama — adverte.

— Essa foi uma peça linda. Bach?

— Transcrição de Bach, mas originalmente um concerto para oboé de Alessandro Marcello.

— É deslumbrante, mas bastante triste, uma melodia muito melancólica.

Ele dá um sorrisinho.

— Para a cama — ordena. — Você vai estar exausta de manhã.

— Acordei e você não estava no quarto.

— Tenho dificuldade de dormir, e não estou acostumado a dormir com alguém — murmura ele.

Não consigo entender seu estado de espírito. Ele parece meio abatido, mas é difícil dizer no escuro. Talvez fosse o tom da peça que estava tocando. Passa o braço em volta de mim e me acompanha gentilmente de volta ao quarto.

— Há quanto tempo você pratica? Toca lindamente.

— Desde os seis anos.

— Ah.

Christian com seis anos... visualizo a imagem de um lindo garotinho de cabelo cor de cobre e olhos cinzentos, e meu coração se derrete — um garotinho cabeludo que gosta de música triste.

— Como está se sentindo? — pergunta ele quando chegamos ao quarto. Ele acende a lâmpada de cabeceira.

— Estou bem.

Ambos olhamos ao mesmo tempo para a cama. Há sangue nos lençóis — prova da perda da minha virgindade. Enrubesço, sem jeito, me enrolando mais no edredom.

— Bem, isso vai dar à Sra. Jones o que pensar — murmura Christian parado à minha frente.

Ele segura meu queixo, inclinando minha cabeça para trás, e fica me olhando. Examina meu rosto com um olhar intenso. Percebo que ainda não tinha visto seu peito nu. Instintivamente, estico a mão para passar os dedos nos pelos de seu tórax. Na mesma hora, ele recua, evitando o contato.

— Deite na cama — diz bruscamente. Sua voz fica mais doce. — Vou deitar com você.

Abaixo a mão e franzo o cenho. Acho que ainda não toquei em seu torso. Ele pega uma camisa na gaveta e a veste depressa.

— Para a cama — torna a ordenar.

Volto para a cama, tentando não pensar no sangue. Ele deita ao meu lado e me aconchega, abraçando-me por trás. Beija meu cabelo com delicadeza e funga.

— Durma, doce Anastasia — murmura, e fecho os olhos, mas não posso deixar de sentir uma ponta de melancolia, seja por causa da música, seja pelo comportamento dele. Christian Grey tem um lado triste.

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