Um indício desconcertante


Certa manhã eu estava colocando documentos em ordem no L’Autrec Lab. Quando a gritaria de uma acalorada discussão na sala de atendimento ao público tornou meu trabalho impossível de ser realizado. Fui ver do que se tratava e encontrei uma jovem completamente descontrolada na abertura do guichê de atendimento, reclamava veementemente do tratamento que havia recebido da atendente. Segundo ela, a atendente jogara o dinheiro do troco sobre o balcão quando ela lhe estendera a mão, em vez de entrega-lo delicadamente. O tom de voz da cliente e o grau de tensão que ela transmitia em todo seu comportamento eram indicativos seguros de que ela levaria muito tempo para acalmar-se. Então convidei-a suavemente para entrar e sentar-se em meu escritório. Ela sentou-se e começou a chorar, reclamando ainda dos maus tratos recebidos. Ao sentar-se, no entanto, o exame que ela viera buscar caiu de suas mãos e eu delicadamente peguei-o no chão. Fiquei com medo de entrega-lo de volta e ela achar meu gesto «muito brusco» ou qualquer coisa parecida. Resolvi então sentar na minha mesa e esperar e esperar que a crise melhorasse. Fiquei olhando pateticamente para a folha de papel, tentando me distrair mentalmente para passar o tempo. Fui percorrendo com os olhos a relação de dados, tentando imaginar de quem seria o material colhido para aquele exame. Era um exame de sangue e trazia os seguintes resultados:


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