Epílogo


Acordei alguns dias depois, no quarto de hóspedes da viúva Ana René. Fui salvo no último instante pelo Dr. Antoine Didier que rapidamente conseguiu cravar sua estaca de madeira afiadíssima no peito de Sibila, matando-a. Ele mesmo cuidou de mim durante esses dias críticos, em que fiquei entre a vida e a morte.

Somente agora tenho condição de avaliar o quanto imbecil eu posso ser e efetivamente o sou. Na verdade eu não tinha condição nenhuma de penetrar nos subterrâneos que temerária e inconseqüentemente enfrentei.

Bastante evidente ficou que nem mesmo os fantasmas de meu próprio inconsciente eu tenho suficientemente sob controle. No entanto, ter passado por isso foi realmente a experiência mais significativa e determinante de minha vida. Na verdade, agora eu conheço o meu destino e estou muito orgulhoso dele.

Quando eu soube da rede maligna que se espalha sobre a face da Terra e que perpetua monstruosidades como a existência de seres como os vampiros, fiquei bastante chocado e deprimido.

Imaginava que as populações então estariam à mercê dos caprichos dessas feras. Mas agora eu tenho certeza de que existe um outro movimento contrário a essa rede, disposto a enfrentá-la até a consumação dos séculos. Este documento, do qual eu fui mais que tudo um organizador e redator estará pronto em breve.

Rogo a Deus e todas as forças do Bem que o protejam para que não se perca ou seja destruído pelos Homens de Negro. Isso quase aconteceu.

Se eu não tivesse me interessado pelo assunto, o Dr. Paul René teria sido mais uma vítima anônima deles e seu trabalho teria sido em vão. Tudo farei para passar adiante esta tocha e espero que ela ilumine muitos caminhos. É preciso que haja acesso às informações, para que novas consciências se despertem. O vampirismo é um fenômeno universal inerente à própria natureza. Pela experiência que tive, creio que ele seja principalmente a essência da Desordem do Universo. Ou de uma nova Ordem. O trabalho de combatê-lo, no entanto, nos dará sobretudo o direito de conhecê-lo cada vez melhor. O futuro dirá o quanto erramos ou acertamos. Assim poderemos escolher nossos caminhos.

Um último lembrete: o monge NICHOLAS JACQUIER continua vivo o suficiente para sugar o seu sangue.

Os que viram o seu rosto e poderiam identificá-lo estão todos mortos.

Quanto a mim, por uma questão de extemporaneidade, tenho que me preparar a partir de agora para o Suicídio Ritual preconizado por Cornelius Agrippa. Acabo de pegar os resultados de meu exame de sangue e dividir o número global de leucócitos pelo número de hematócritos.


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