SANSA


Uma vez, quando ela era apenas uma garotinha, um cantor viajante tinha ficado com eles em Winterfell por meio ano. Ele era um homem idoso de cabelos grisalhos e rosto curtido pelo vento, mas ele cantou sobre cavaleiros, feitos e lindas mulheres, e Sansa derramou lágrimas amargas quando ele os deixou, implorando a seu pai para que não o deixasse partir.

— O homem tocou para nós todas as músicas que sabia pelo menos três vezes. — Lorde Eddard disse-lhe com carinho. — Eu não posso mantê-lo aqui contra sua vontade. No entanto, você não precisa chorar. Eu prometo a você, outros cantores virão.

Porém, eles não vieram, não por um ano ou mais. Sansa havia orado para os Sete em seu septo e para os deuses antigos da árvore-coração, pedindo a eles para trazerem o velho homem de volta, ou melhor ainda, mandarem um outro cantor, jovem e charmoso. Mas os deuses não lhe responderam, e os salões de Winterfell permaneceram em silêncio.

Mas isso foi quando ela era uma garotinha, e tola. Ela era uma donzela agora, tinha treze anos e havia florescido. Todas as suas noites estavam cheias de música, e durante o dia ela rezava por silêncio.

Se o Ninho da Águia tivesse sido construído como os outros castelos, somente os ratos e os guardas teriam ouvido o canto do homem morto. As paredes das masmorras eram grossas o suficiente para engolir tanto canções quanto gritos. Mas as celas do céu tinham uma parede de ar, por isso todo acorde que o homem morto tocava voava livre para ecoar nas rochas da Lança do Gigante. E as músicas que ele escolheu... Ele cantou sobre a Dança dos Dragões, do justo Jonquil e seu bobo, de Jenny de Pedravelhas e o Príncipe das Libélulas. Ele cantou sobre traições e dos mais sujos assassinatos, de homens enforcados e vinganças sangrentas. Ele cantou sobre pesar e tristeza.

Onde quer que fosse no castelo, Sansa não podia escapar da música.

Ela flutuava pelos degraus da torre mais sinuosa, encontrava-a nua em seu banho, jantava com ela ao anoitecer, e entrava furtivamente em seu quarto de dormir mesmo quando ela trancava as janelas. Ela vinha com o ar frio e rarefeito, dando-lhe calafrios. Embora não tenha nevado no Ninho da Águia desde que a Senhora Lysa caiu, as noites tinham sido muito frias.

A voz do cantor era forte e doce. Sansa pensava que ele soava melhor do que ela já ouvira antes, sua voz mais rica de alguma forma, cheia de medo, dor e saudade. Ela não entendia porque os deuses deram tal voz a um homem tão mau. Ele teria me tomado à força nos Dedos se Petyr não tivesse enviado Sor Lothor para cuidar de mim, ela teve que se lembrar . E ele tocou para abafar os meus gritos quando a tia Lysa tentou me matar.

Isso não tornava as músicas mais fáceis de ouvir.

— Por favor — ela havia implorado à Lorde Petyr — Você não pode fazê-lo parar?

— Eu dei ao homem a minha palavra, doçura. — Petyr Baelish, Senhor de Harrenhal, Senhor Supremo do Tridente, e Lorde Protetor do Ninho da Águia e do Vale de Arryn, olhou para cima da carta que estava escrevendo. Ele tinha escrito uma centena de cartas desde a queda da Senhora Lysa. Sansa tinha visto os corvos indo e vindo do aviário. — Eu prefiro sofrer o seu canto do que ouvir o seu choro.

É melhor que ele cante, sim, mas...

— Ele deve tocar a noite toda, meu senhor? Lorde Robert não consegue dormir. Ele chora...

— Por sua mãe. O que não pode ser ajudado, a moça está morta. —Petyr deu de ombros — Não será por muito mais tempo. Lorde Nestor fará sua subida no dia seguinte.

Sansa conheceu Lorde Nestor Royce uma vez antes, após o casamento de Petyr com sua tia. Royce era o Guardião dos Portões da Lua, o grande castelo que ficava no sopé da montanha e protegia o caminho até o Ninho da Águia. Os convidados do casamento tinham passado a noite lá antes de empreenderem a subida. Lorde Nestor tinha escassamente olhado para ela duas vezes, mas a perspectiva de vê-lo ali a apavorava. Ele também era o Alto Administrador do Vale, um vassalo de Jon Arryn e da Senhora Lysa.

— Ele não vai... Você não deixará Lorde Nestor ver Marillion, vai?

Seu horror deve ter transparecido em seu rosto, já que Petyr largou sua pena.

— Muito pelo contrário. Eu vou insistir nisso. — Ele acenou para que ela se sentasse ao lado dele. — Nós chegamos a um acordo, Marillion e eu. Mord pode ser tão persuasivo... E se nosso cantor nos desapontar e cantar uma canção que não seja de nosso interesse... então bastará dizermos que ele está mentindo. Em quem você imagina que Lorde Nestor vai acreditar?

— Em nós? — Sansa teria dado qualquer coisa para estar certa.


— É claro. Nossas mentiras serão seu lucro.

O solar estava morno, o fogo crepitando alegremente na lareira, mas Sansa estremeceu do mesmo jeito.

— Sim, mas... E se...?

— E se Lorde Nestor valoriza mais honra do que lucro? — Petyr colocou seu braço em volta dela — E se ele quer a verdade, se procura justiça para sua senhora assassinada? — Ele sorriu — Eu conheço Lorde Nestor, doçura. Você acha que eu o deixaria machucar minha filha?

Eu não sou sua filha, ela pensou. Eu sou Sansa Stark, filha do Senhor Eddard e da Senhora Catelyn, o sangue de Winterfell. Porém, ela não disse isso. Se não fosse por Petyr Baelish seria Sansa que teria girado através de um céu azul e frio para a morte nas pedras seiscentos metros abaixo em vez de Lysa Arryn. Ele é tão ousado. Sansa queria ter sua coragem. Tudo que ela queria era rastejar de volta para sua cama, esconder-se debaixo dos cobertores para dormir e dormir. Ela não havia dormido uma noite inteira desde a morte da Senhora Lysa Arryn.

— Você não poderia dizer à Lorde Nestor que eu estou... Indisposta, ou...

— Ele vai querer ouvir seu relato sobre a morte de Lysa.

— Meu Senhor, e se Marillion falar a verdade...

— Se ele mentir, você quer dizer.

— Mentir?... Sim, se ele mentir, então será minha palavra contra a dele, e Lorde Nestor só terá que olhar em meus olhos para ver quão assustada eu estou...

— Um pouco de medo não será fora de lugar, Alayne. Você testemunhou uma cena terrível. Nestor vai se comover. — Petyr estudou seus olhos, como se os visse pela primeira vez. — Você tem os olhos de sua mãe. Olhos honestos e inocentes. Azuis como o mar iluminado pelo sol.

Quando você estiver um pouco mais velha, muitos homens vão se afogar nestes olhos.

Sansa não sabia o que dizer a isso.

— Tudo o que você precisa fazer é contar à Lorde Nestor o que você contou à Lorde Robert. — Petyr continuou.

Robert é apenas um garotinho doente, ela pensou, Lorde Nestor é um homem crescido, rigoroso e desconfiado. Robert não era forte e tinha de ser protegido, mesmo da verdade.


— Algumas mentiras são por amor. — Petyr assegurou-lhe. Ela se lembrou disso.

— Quando nós mentimos para Lorde Robert foi apenas para poupá-lo. — Ela disse.

— E essa mentira pode nos poupar. De outra forma eu e você deixaremos o Ninho da Águia pela mesma porta de saída que Lysa usou. — Petyr pegou sua pena novamente. — Vamos servir-lhe mentiras e dourado da Árvore, e ele beberá e pedirá por mais, eu prometo.

Ele está me servindo mentiras da mesma forma, Sansa percebeu.

Porém, elas eram mentiras reconfortantes, e ele as dizia com boa intenção.

Uma mentira não é tão ruim se é dita com boa intenção. Se somente ela pudesse acreditar...

As coisas que sua tia havia dito pouco antes de cair ainda incomodavam muito Sansa. ‘Delírios, Petyr explicou. Minha esposa estava louca, você mesma viu. ’ E ela tinha visto. Tudo o que fiz foi construir um castelo de neve e ela queria me empurrar para fora pela Porta da Lua. Petyr me salvou. Ele amava minha mãe também, e...

E ela? Como ela podia duvidar? Ele a tinha salvado.

Ele salvou Alayne, sua filha, uma voz dentro dela sussurrou.

Mas ela era Sansa também... E às vezes parecia que o Lorde Protetor era dois homens também. Ele era Petyr, seu protetor, amoroso, divertido e gentil. Mas ele também era Mindinho, o Lorde que ela tinha conhecido em Porto Real, sorrindo maliciosamente e acariciando sua barba enquanto sussurrava no ouvido da rainha Cersei. E Mindinho não era seu amigo.

Quando Joff bateu nela, o Duende a defendeu, não Mindinho. Quando a multidão tentou estuprá-la, o Cão a levou para a segurança, não Mindinho.

Quando os Lannister a casaram com Tyrion contra sua vontade, foi Sor Garlan, o Valente que lhe deu conforto, não Mindinho. Mindinho nunca levantou um único dedo mindinho por ela.

Exceto para me libertar, isso ele fez por mim. Eu pensava que era Sor Dontos, meu pobre Florian bêbado, mas foi Petyr o tempo todo.

Mindinho era apenas uma máscara que ele teve que usar. Mas às vezes Sansa achava difícil dizer onde o homem começava e a máscara terminava.

Mindinho e Lorde Petyr eram muito parecidos. Ela teria fugido dos dois, talvez, mas não havia para onde ir. Winterfell tinha sido queimada; Bran e Rickon estavam mortos e frios; Robb tinha sido traído e assassinado nas Gêmeas, assim como a senhora sua mãe. Tyrion foi condenado à morte por matar Joffrey, e se ela voltasse para Porto Real a rainha teria sua cabeça também. A tia que ela acreditava que iria protegê-la tinha tentado assassiná-la ao invés disso. Seu tio Edmure era um cativo dos Frey, enquanto seu tio avô, Peixe Negro, estava sob cerco em Correrrio. Eu não tenho nenhum lugar além daqui, Sansa pensou miseravelmente, e nenhum amigo além de Petyr.

Naquela noite o morto cantou “O Dia Em Que Enforcaram Robin, o Negro”, “As Lágrimas da Mãe” e “As Chuvas de Castamere”. Então ele parou um pouco, mas assim que Sansa começou a cochilar ele começou a tocar novamente. Ele cantou “Seis Dores”, “Folhas Caídas” e “Alysanne”.

Canções tão tristes, ela pensou. Quando ela fechava os olhos podia vê-lo em sua cela do céu, amontoado em um canto o mais longe possível do frio e escuro céu, coberto com uma pele e com sua harpa embalada em seu peito.

Mas eu não posso ter pena dele, ela disse a si mesma. Ele é vaidoso e cruel, e em breve estará morto. Ela não podia salvá-lo. E além disso, porque ela iria querer? Marillion tinha tentado estuprá-la, e Petyr tinha salvado sua vida, não uma, mas duas vezes. Às vezes você precisa mentir. Apenas mentiras a mantiveram viva em Porto Real. Se ela não tivesse mentido para Joffrey, sua Guarda Real a teria espancado até a morte.

Depois de ‘Alysanne’ o cantor parou novamente por tempo suficiente para Sansa arrebatar uma hora de sono. Mas quando a primeira luz da manhã arranhou sua janela lhe chegaram os primeiros suaves acordes de

“Em uma Manhã Sombria”, e ela acordou de imediato. Aquela era uma canção mais apropriada para uma mulher, um lamento cantado por uma mãe na manhã após uma terrível batalha enquanto ela procura entre os mortos o corpo de seu filho único . A mãe canta sua tristeza por seu filho morto, pensou Sansa, mas Marillion chora por seus dedos, por seus olhos.

A letra da canção chegou até ela como flechas que perfuraram a escuridão.


Oh, você viu meu garoto, bom senhor?

Seu cabelo é castanho

Ele prometeu que voltaria para mim

Para nossa casa na Cidade Wendish.


Sansa tapou os ouvidos com um travesseiro de penas de ganso para não ouvir o resto da canção, mas não adiantou. O dia havia chegado e ela estava acordada, e Lorde Nestor Royce estava subindo a montanha.


O Alto administrador e sua comitiva chegaram ao Ninho da Águia no final da tarde, quando o vale se tornou dourado e vermelho atrás deles, e o vento começou a aumentar. Ele trouxe seu filho Sor Albar, juntamente com uma dúzia de cavaleiros e vinte soldados.

Tantos estranhos. Sansa olhou para seus rostos ansiosamente. Será que eles eram amigos ou inimigos?

Petyr deu boas vindas aos visitantes em um gibão de veludo preto com mangas cinza que combinavam com as calças de lã e deixavam uma certa sombra em seus olhos verdes acinzentados. Meistre Colemon estava ao lado dele, suas correntes de muitos metais soltas sobre o seu pescoço longo e magro. Embora o meistre fosse muito mais alto que os dois homens, foi o Lorde Protetor que chamou atenção. Ele tinha deixado de lado os seus sorrisos para o dia, parecia. Ele ouviu solenemente enquanto Royce apresentava os cavaleiros que o acompanhavam e então disse:

— Meus senhores, sejam bem-vindos aqui. Vocês conhecem nosso Meistre Colemon, é claro. Lorde Nestor, você se lembra de Alayne, minha filha natural?

— Com certeza. — Lorde Nestor Royce tinha pescoço de touro, peito de barril, careca, uma barba grisalha e olhar severo. Ele inclinou a cabeça em saudação.

Sansa fez uma reverência, assustada demais para falar, temerosa de dizer algo inconveniente. Petyr chamou-a.

— Doçura, seja uma boa menina e traga Lorde Robert ao Alto Salão para receber seus convidados.

— Sim, pai. — Sua voz soou fina e tensa. A voz de uma mentirosa, ela pensou enquanto se apressava em subir os degraus e atravessava a galeria para a Torre da Lua. Uma voz culpada.

Gretchel e Maddy estavam ajudando Robert Arryn a se contorcer em suas calças quando Sansa entrou em seu quarto. O Senhor do Ninho da Águia tinha estado chorando novamente. Seus olhos estavam vermelhos e irritados, os cílios duros, o nariz inchado e com corrimento nasal. Um rastro de muco brilhava debaixo de uma narina, e seu lábio inferior estava sangrando onde ele tinha mordido. Lorde Nestor não pode vê-lo assim, Sansa pensou, desesperada.

— Gretchel, traga para mim o lavatório — Ela pegou o menino pela mão e levou-o para a cama — O meu doce Robin dormiu bem noite passada?


— Não. — Ele fungou — Eu não dormi nem um pouco, Alayne. Ele estava cantando de novo, e minha porta estava trancada. Eu pedi para eles me deixarem sair, mas ninguém veio. Alguém me trancou no meu quarto.

— Isso foi mau deles. — Mergulhou um pano macio na água morna e começou a limpar o rosto dele... gentilmente, oh, muito gentilmente. Se você limpasse Robert muito rapidamente, ele podia começar a tremer. O

menino era frágil e terrivelmente pequeno para sua idade. Ele tinha oito anos, mas Sansa tinha conhecido meninos de cinco anos mais encorpados.

Os lábios de Robert tremeram.

— Eu estava indo dormir com você.

Eu sei que você estava. Doce Robin estava acostumado a meter-se na cama com sua mãe, até que ela se casou com Lorde Petyr. Desde a morte da Senhora Lysa ele fora pego vagando pelo Ninho da Águia em busca de outras camas. A que ele mais gostava era a de Sansa... razão pela qual ela pediu a Sor Lothor Brune para trancar sua porta noite passada. Ela não teria se importado se ele só dormisse, mas ele estava sempre tentando mamar em seus seios, e quando tinha pesadelos ele muitas vezes molhava a cama.

— Lorde Nestor Royce subiu dos Portões para ver você. — Sansa limpou debaixo de seu nariz.

— Eu não quero vê-lo. — ele disse — Eu quero uma estória. A estória do Cavaleiro Alado.

— Depois — Sansa disse — Primeiro você deve ver Lorde Nestor.

— Lorde Nestor tem uma verruga. — Ele disse, se contorcendo.

Robert tinha medo de homens com verrugas. — Mamãe disse que ele era terrível.

— Meu pobre doce Robin. — Sansa alisou seu cabelo para trás. — Você sente falta dela, eu sei. Lorde Petyr sente também. Ele a amava do mesmo modo que você. — Isso era uma mentira, embora dita com boa intenção. A única mulher que Petyr já amou foi a assassinada mãe de Sansa.

Ele havia confessado tudo isso para a Senhora Lysa antes de empurrá-la pela Porta da Lua. Ela estava louca e perigosa. Ela assassinou o próprio marido, e teria me assassinado se Lorde Petyr não tivesse aparecido para me salvar.

Robert não precisava saber disso, entretanto. Ele era apenas um garotinho doente que amava sua mãe.

— Pronto. — Sansa disse. — Agora você parece um bom senhor.

Maddy, traga sua capa.


Era lã de carneiro, macia e quente, um lindo azul-celeste que ressaltava a cor creme de sua túnica. Ela a fixou sobre os ombros com um broche de prata em forma de lua crescente e tomou-o pela mão. Robert veio mansamente dessa vez.

O Alto Salão havia sido fechado desde a queda da Senhora Lysa, e Sansa teve um calafrio ao adentrá-lo novamente. O salão era longo, grandioso e bonito, ela supunha, mas não gostava dele. Era um lugar pálido e frio no melhor dos tempos. Os pilares delgados pareciam dedos ossudos, e as veias azuis no mármore branco traziam a sua mente as veias da perna de uma velha. Embora cinquenta candelabros de prata cobrissem as paredes, menos de uma dúzia estavam acesos, de forma que as sombras dançavam sobre os pisos e se agrupavam em cada esquina. Seus passos ecoavam no mármore, e Sansa podia ouvir o barulho do vento na Porta da Lua. Eu não devo olhar para ela, disse a si mesma, se não eu vou começar a tremer tanto quanto Robert.

Com a ajuda de Maddy, ela sentou Robert em seu trono de madeira com uma pilha de travesseiros embaixo dele e mandou dizer que o senhorio iria receber os convidados. Dois guardas em capas azul-celeste abriram as portas na extremidade inferior do salão, e Petyr trouxe-os para dentro pelo longo tapete azul que corria entre as fileiras de pilares brancos como ossos.

O menino cumprimentou Lorde Nestor com cortesia e não fez nenhuma menção a sua verruga. Quando o Alto Administrador perguntou a ele sobre a senhora sua mãe as mãos de Robert começaram a tremer levemente.

— Marillion machucou minha mãe. Ele jogou-a pela Porta da Lua.

— E vossa senhoria viu isso acontecer? — perguntou Sor Marwyn Belmore, um cavaleiro loiro, alto e magro que tinha sido capitão dos guardas de Lysa até Petyr colocar Sor Lothor Brune em seu lugar.

— Alayne viu. — o garoto falou — E o senhor meu padrasto.

Lorde Nestor olhou para ela. Sor Albar, Sor Marwyin, Meistre Colemon, todos estavam olhando. Ela era minha tia, mas queria me matar, Sansa pensou. Ela me arrastou até a Porta da Lua e tentou me jogar para fora. Eu nunca quis um beijo. Eu estava construindo um castelo de neve. Ela abraçou a si mesma para não tremer.

— Perdoem-na, meus senhores — Petyr Baelish disse suavemente

— Ela ainda tem pesadelos com aquele dia. Não é de se admirar que ela não possa suportar falar sobre isso. — Ele veio por trás dela e colocou as mãos gentilmente sobre seus ombros. — Eu sei como isso é difícil para você, Alayne, mas nossos amigos precisam ouvir a verdade.

— Sim — Sua garganta parecia tão seca e apertada que quase lhe doía falar. — Eu vi... Eu estava com a Senhora Lysa quando... — Uma lágrima rolou por seu rosto. Isso é bom, uma lágrima é algo bom. —Quando Marillion a empurrou... — E ela disse o conto mais uma vez, mal ouvindo as palavras que eram cuspidas de sua boca.

Um pouco antes que ela terminasse Robert começou a chorar, os travesseiros movendo-se perigosamente debaixo dele.

— Ele matou minha mãe. Eu quero que ele voe! — O tremor em suas mãos tinha piorado, e seus braços estavam tremendo também. A cabeça do menino se sacudiu e seus dentes começaram a bater. — Voar! — Ele gritou — Voar, voar. — seus braços e pernas se agitavam loucamente.

Lothor Brune caminhou até a plataforma a tempo de pegar o menino quando ele caiu do seu trono. Meistre Colemon estava apenas um passo atrás, embora não houvesse nada que ele pudesse fazer.

Impotente como o resto, Sansa só pôde ficar e observar enquanto seu ataque de tremores continuava.

Uma das pernas de Robert chutou Sor Lothor no rosto. Brune amaldiçoou, mas ainda segurou o garoto enquanto ele se contorcia e se debatia, molhando as calças. Os visitantes não disseram uma palavra; Lorde Nestor pelo menos já tinha visto isso antes. Passou muito tempo antes que os espasmos de Robert começassem a diminuir, e parecia que eles estavam durando cada vez mais tempo. No fim, o pequeno senhor estava tão fraco que não podia manter-se em pé.

— Melhor levar seu senhorio para a cama e sangrar-lhe — Lorde Petyr disse. Brune ergueu o menino nos braços e o carregou do salão.

Meistre Colemon o seguiu, seríssimo.

Quando seus passos se perderam na distância não havia mais nenhum som no Alto Salão do Ninho da Águia. Sansa podia ouvir o vento da noite gemendo lá fora e arranhando a Porta da Lua. Ela estava com muito frio e muito cansada. Será que eu devo contar a estória de novo? Ela se perguntou.

Mas ela devia já ter dito o suficiente. Lorde Nestor limpou a garganta.

— Eu não gostei do cantor desde o inicio — Ele resmungou — Eu pedi a Senhora Lysa para mandá-lo embora. Muitas vezes eu lhe pedi.


— Você sempre lhe deu bons conselhos, meu senhor. — Petyr disse.

— Ela não deu atenção a isso — Queixou-se Royce — Ela ouviu-me a contragosto e não deu atenção.

— Minha senhora era muito confiante neste mundo — Petyr falou tão ternamente que Sansa teria acreditado que ele amava sua esposa. — Lysa não podia ver o mau nos homens, apenas o bem. Marillion cantava doces canções, e Lysa confundiu isso com sua natureza.

— Ele nos chamou de porcos — Sor Albar Royce disse. Um cavaleiro robusto de ombros largos que raspava seu queixo, mas cultivava suíças que emolduravam seu rosto rústico como sebes, Sor Albar era uma versão jovem de seu pai. — Ele fez uma canção sobre dois porcos fungando em volta de uma montanha, comendo os restos de um falcão. Era uma canção sobre nós, mas quando lhe disse isso, ele riu. ‘Ora Sor, é uma canção sobre alguns porcos’, ele me disse.

— Ele fez piada de mim também. — Sor Marwyn Belmore disse. — Sor Ding-Dong, ele me nomeou. Quando eu jurei que cortaria sua língua fora, ele correu para a Senhora Lysa e se escondeu atrás de suas saias.

— Como ele frequentemente fazia — Lorde Nestor disse. — O homem era um covarde, mas o favor que a Senhora Lysa oferecia a ele o fez insolente. Ela vestiu-o como um senhor, deu-lhe anéis de ouro e um cinto de pedra da lua.

— E o falcão favorito de Lorde Jon. — O gibão do cavaleiro mostrava as seis velas brancas de Waxley. — Sua senhoria amava aquele pássaro. Rei Robert deu a ele.

Petyr Baelish suspirou.

— Foi impróprio — Ele concordou — E eu coloquei um fim nisso.

Lysa concordou em mandá-lo embora. Foi por isso que o chamou aqui, naquele dia. Eu devia ter estado com ela, mas nunca sonhei que... Se eu não tivesse insistido... Fui eu quem a matou.

Não, Sansa pensou, você não deve dizer isso, você não deve dizer a eles, você não deve. Mas Albar Royce estava negando com sua cabeça.

— Não, meu senhor, você não deve culpar a si mesmo. — Ele disse.

— Isso foi trabalho do cantor — Seu pai concordou — Traga-o para cima, Lorde Petyr. Deixe-nos pôr fim a esse lamentável assunto.

Petyr Baelish se recompôs e disse: — Como quiser, meu senhor.


Ele se virou para seus guardas, deu uma ordem, e o cantor foi trazido das masmorras. O carcereiro Mord veio com ele, um homem monstruoso com pequenos olhos pretos e um rosto assimétrico cheio de cicatrizes. Uma orelha e parte da bochecha foram perdidas em alguma batalha, mas pelo menos uma dúzia de arrobas de carne pálida permaneceu. Suas roupas se encaixavam mal e ele exalava um odor rançoso.

Em contraste Marillion parecia quase elegante. Alguém o havia banhado e vestido em calças azul-celeste e uma túnica branca folgada com mangas bufantes, e em sua cintura estava o cinto prateado que havia sido presente da Senhora Lysa. Luvas de seda branca cobriam suas mãos, enquanto uma atadura de seda branca poupou aos Lordes a vista de seus olhos.

Mord permaneceu atrás dele com um chicote. Quando o carcereiro cutucou suas costelas, o cantor ficou de joelhos.

— Bons Senhores, eu imploro vosso perdão.

Lorde Nestor fez uma careta.

— Você confessa seu crime?

— Se eu tivesse olhos, choraria. — A voz do cantor, tão forte e segura durante a noite, estava rachada e sussurrante agora. — Eu a amava muito, não pude suportar vê-la em outros braços, saber que ela partilhava sua cama. Eu não quis fazer mal a minha doce senhora, eu juro. Eu bloqueei a porta para que ninguém nos perturbasse enquanto eu declarava minha paixão, mas a Senhora Lysa estava tão fria... Quando ela me disse que estava carregando uma criança de Lorde Petyr, uma... uma loucura me tomou...

Sansa olhou para suas mãos enquanto ele falava. Maddy afirmou que Mord tinha tirado três de seus dedos, os dois mindinhos e um anelar. Seus dedos mindinhos pareciam um pouco mais rígidos que os outros, mas com as luvas era difícil ter certeza. Poderia ter sido não mais do que uma estória.

Como Maddy saberia?

— Lorde Petyr foi gentil o suficiente para me permitir manter minha harpa — O cantor cego disse — Minha harpa e... minha língua, para que eu possa cantar minhas músicas. A Senhora Lysa gostava tanto de me ouvir cantar...

— Leve essa criatura para longe, eu gostaria de matá-lo eu mesmo

— Lorde Nestor rosnou — Me deixa doente olhar para ele.

— Mord, leve-o de volta para sua cela do céu. — Petyr disse.


— Sim, meu senhor. — Mord agarrou Marillion pelo colarinho. — Sem mais conversa. — Quando ele falou, Sansa viu com surpresa que os dentes do carcereiro eram feitos de ouro. Eles observaram enquanto ele meio empurrava, meio arrastava o cantor em direção às portas.

— O homem deve morrer — Sor Marywn Belmore declarou quando eles se foram — Ele deveria ter seguido a Senhora Lysa para fora da Porta da Lua.

— Sem a sua língua — Lorde Albar Royce acrescentou — Sem aquela mentirosa e zombadora língua.

— Eu tenho sido muito gentil com ele, eu sei. — Lorde Petyr disse em um apologético tom. — Verdade seja dita, eu tenho pena dele. Ele matou por amor.

— Por amor ou ódio — Disse Belmore — Ele deve morrer.

— Muito em breve — Sor Nestor disse rispidamente — Nenhum homem permanece por muito tempo na cela do céu. O azul irá chamá-lo.

— Talvez chame — Disse Petyr Baelish — Mas se Marillion vai responder só depende dele. — Ele fez um gesto e seus guardas abriram as portas na extremidade do corredor. — Senhores, eu sei que vocês devem estar cansados após a subida. Aposentos foram preparados para todos vocês passarem a noite, e comida e vinho esperam por vocês no Baixo Salão.

Oswell, mostre-lhes o caminho e garanta que tenham tudo que precisem. — Virou-se para Nestor Royce — Meu senhor, você vai se juntar a mim no solar para um copo de vinho? Alayne, doçura, venha nos servir.

Um fogo baixo queimava no solar, onde um frasco de vinho os esperava. Dourado da Árvore. Sansa encheu o copo de Lorde Nestor enquanto Petyr incitava as toras com um atiçador de ferro.

Lorde Nestor sentou-se ao lado do fogo.

— Este não será o fim disso — Ele disse a Petyr, como se Sansa não estivesse ali — Meu primo pretende interrogar o cantor ele mesmo.

— Yohn Bronze desconfia de mim. — Petyr empurrou um carvão de lado.

— Ele pretende vir com um exército. Symond Templeton vai se juntar a ele, sem dúvida. E a Senhora Waynwood também, eu temo.

— E Lorde Belmore; e Lorde Hunter, o Jovem; e Horton Redfort.

Eles trarão Sam Stone, o Forte; e os Tollett, os Shett, os Coldwater, e alguns Corbray.


— Você está bem informado. Quais Corbray? Não será Lorde Lyonel?

— Não, seu irmão. Sor Lyn não gosta de mim, por algum motivo.

— Lyn Corbray é um homem perigoso — Lorde Nestor disse obstinadamente — O que você pretende fazer?

— O que posso fazer além de lhes dar boas-vindas se eles vierem?

— Petyr revolveu as chamas mais uma vez e deixou o atiçador de lado.

— Meu primo pretende removê-lo do posto de Lorde Protetor.

— Se assim for, eu não poderei impedi-lo. Eu mantenho uma guarnição de vinte homens. Lorde Royce e seus amigos podem levantar vinte mil. — Petyr foi até a arca de carvalho que ficava embaixo da janela.

— Yohn Bronze vai fazer o que tiver que fazer. — Ele disse, ajoelhando-se.

Ele abriu a arca, tirou um rolo de pergaminho e o entregou à Lorde Nestor.

— Meu Senhor. Este é um sinal do amor de minha senhora por você.

Sansa assistiu Royce desenrolar o pergaminho.

— Este... Isso é inesperado, meu senhor.

Ela ficou surpresa ao ver lágrimas em seus olhos.

— Inesperado, mas não imerecido. Minha senhora valorizava você acima de todos os seus outros bandeirantes. Fostes sua rocha, ela me contou.

— Sua rocha — Lorde Nestor estava vermelho — Ela disse isso?

— Frequentemente. E isto — Petyr gesticulou para o pergaminho — É a prova disso.

— Isso... Isso é bom saber. Jon Arryn valorizava meu serviço, eu sei, mas a Senhora Lysa... ela desprezou-me quando vim para cortejá-la, e eu temia... — Lorde Nestor franziu o cenho — Ele tem o selo Arryn, eu vejo, mas a assinatura...

— Lysa foi assassinada antes que o documento fosse levado para que ela assinasse, então eu assinei como Lorde Protetor. Eu sabia que teria sido seu desejo.

— Eu vejo — Lorde Nestor enrolou o pergaminho. — Você é...

honrado, meu senhor. Sim, e não sem coragem. Alguns chamarão a isso de concessão imprópria e culparão você por fazê-lo. O cargo de Guardião nunca foi hereditário. Os Arryn ergueram os Portões nos dias em que eles ainda usavam a Coroa Falcão e governavam o Vale como reis. O Ninho da Águia era sua sede de verão, mas quando a neve começava a cair a corte fazia sua decida. Muitos dizem que os Portões eram tão reais quanto o Ninho da Águia.

— Não houve nenhum rei no Vale há trezentos anos — Petyr Baelish apontou.

— Os dragões vieram — Lorde Nestor concordou — Mas mesmo depois, os Portões permaneceram um castelo Arryn. O próprio Jon Arryn foi Guardião dos Portões enquanto seu pai viveu. Depois de sua ascensão ele nomeou seu irmão Ronnel, e mais tarde seu primo Denys.

— Lorde Robert não tem irmãos, e apenas primos distantes.

— Verdade — Lorde Nestor agarrou firmemente o pergaminho — Não vou dizer que não tive esperanças de que esse momento chegasse.

Enquanto Lorde Jon governou o reino como a Mão, coube a mim governar o Vale para ele. Eu fiz tudo que era necessário e nunca pedi nada para mim mesmo. Mas, pelos deuses, eu merecia isso!

— Você tem razão — disse Petyr — E Lorde Robert dorme mais facilmente sabendo que você está sempre lá, um amigo fiel ao pé da sua montanha. — Ele levantou uma taça — Então... um brinde, meu senhor. Pela Casa Royce, Guardiões dos Portões da Lua... agora e sempre!

— Sim, agora e sempre! — As taças de prata chocaram-se.

Depois, muito depois, após a jarra de Arbor dourado estar seca, Lorde Nestor despediu-se para juntar-se a sua companhia de cavaleiros.

Sansa estava dormindo em pé naquela hora, querendo apenas rastejar para a sua cama, mas Petyr a pegou pelo pulso.

— Você vê as maravilhas que podem ser conseguidas com mentiras e dourado da Árvore?

Por que ela teve vontade de chorar? Era algo bom que Lorde Nestor estivesse do lado deles.

— Era tudo mentira?

— Nem tudo. Lysa frequentemente chamava Lorde Nestor de rocha, mas eu acho que não era como um elogio. Ela chamou seu filho de estúpido.

Ela sabia que Lorde Nestor sonhava em governar os Portões por direito próprio, em ser um senhor de verdade e não apenas no nome. Mas Lysa sonhava com outros filhos, e pretendia que o castelo fosse para os irmãozinhos de Robert. — Ele se levantou — Você entende o que aconteceu aqui, Alayne?

Sansa hesitou por um momento.


— Você deu ao Lorde Nestor os Portões da Lua para ter certeza do seu apoio.

— Certo — Petyr admitiu — Mas a nossa rocha é um Royce, o que quer dizer que ele é super orgulhoso e espinhoso. Se eu tivesse lhe perguntado o seu preço ele teria inchado como um sapo, zangado com a afronta que isso suporia a sua honra. Mas desta forma... o homem não é completamente estúpido, mas as mentiras que eu lhe servi eram mais doces que a verdade. Ele quer acreditar que Lysa o valorizava além dos outros vassalos. Um desses outros é Yohn Bronze, afinal de contas, e Lorde Nestor é muito consciente de que descende de um ramo menor da casa Royce. Ele quer mais para seu filho. Homens de honra fazem coisas por seus filhos que eles nunca considerariam fazer por si mesmos.

Ela assentiu.

— A assinatura... você poderia ter pedido a Lorde Robert que assinasse e selado para ele, mas ao invés disso...

—... Assinei eu mesmo, como Lorde Protetor. Por quê?

— Então... se você for removido, ou... ou morto...

— ...A reivindicação de Lorde Nestor sobre os Portões de repente torna-se questionável. Eu prometo a você, isto não está perdido a ele. Foi inteligente de sua parte perceber isso, embora eu não esperasse menos da minha própria filha.

— Obrigada — Ela sentiu-se absurdamente orgulhosa por encaixar tudo, mas igualmente confusa. — Eu não sou, no entanto, sua filha. Não de verdade. Quero dizer, eu pretendo ser Alayne, mas você sabe...

Mindinho colocou um dedo sobre seus lábios.

— Eu sei o que eu sei. E você também. Algumas coisas são melhores quando não ditas, doçura.

— Mesmo quando estamos sozinhos?

Especialmente quando estamos sozinhos. De outra forma, qualquer dia desses entrará um empregado sem se anunciar, ou um guarda na porta ouvirá algo que não deve. Você quer mais sangue em suas preciosas mãozinhas, minha querida?

O rosto de Marillion pareceu flutuar diante dela, a pálida bandagem sobre seus olhos. Atrás dele ela podia ver Sor Dontos, as setas da besta ainda presas nele.

— Não — Ela disse — Por favor.


— Sou tentado a dizer que este não é um jogo que jogamos, filha, mas é claro que é. O Jogo dos Tronos.

Eu nunca pedi para jogar. O jogo era perigoso demais . Um escorregão e eu estou morta.

— Oswell... meu senhor, Oswell remou para mim para fora de Porto Real na noite em que eu escapei. Ele deve saber quem eu sou.

— Se ele tem metade da inteligência de uma ovelha, é claro que sim.

Sor Lothos sabe também. Mas Oswell tem estado a meu serviço há muito tempo, e Brune é de uma natureza discreta. Kettleblack vigia Brune para mim, e Brune vigia Kettleblack. Não confie em ninguém. Uma vez eu disse isso a Eddard Stark, mas ele não me ouviu. Você é Alayne, e você deve ser Alayne o tempo todo. — Ele colocou dois dedos em seu seio esquerdo. —

Mesmo aqui. Em seu coração. Você pode fazer isso? Você pode ser minha filha em seu coração?

— Eu...

Eu não sei, meu senhor, ela quase disse, mas não era isso que ele queria ouvir. Mentiras e Arbor dourado, ela pensou.

— Eu sou Alayne, Pai. Quem mais eu seria?

Lorde Mindinho beijou sua bochecha.

— Com a minha inteligência e a beleza de Cat o mundo será seu, doçura. Agora vá para a cama.

Gretchel havia colocado fogo em sua lareira e afofado seu colchão de penas. Sansa despiu-se e entrou debaixo dos cobertores. Ele não cantará esta noite, ela rezou, não com Lorde Nestor e os outros no castelo. Ele não ousaria. Ela fechou os seus olhos.

Durante a noite ela acordou quando o pequeno Robert subiu em sua cama. Eu esqueci de dizer a Lothor para trancá-lo outra vez, ela percebeu.

Não havia nada a ser feito agora, então ela colocou seu braço em torno dele.

— Doce Robin? Você pode ficar, mas tente não se contorcer demais.

Apenas feche seus olhos e durma, pequenino.

— Eu vou — Ele se aconchegou mais perto e colocou a cabeça entre seus seios. — Alayne? Você é minha mãe agora?

— Eu suponho que sim. — Ela disse. Uma mentira não era ruim se dita com boa intenção.




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