CERSEI


— Mil Navios! — O cabelo castanho da pequena rainha estava emaranhado e despenteado, e a luz das tochas fazia com que suas bochechas parecessem coradas, como se tivesse acabado de sair dos braços de algum homem. — Vossa graça, isso deve ter uma resposta violenta! — Sua última palavra ressoou pelas vigas e ecoou pelo teto cavernoso da sala do trono.

Sentada na sua grande cadeira dourada e carmim abaixo do Trono de Ferro, Cersei podia sentir um crescente aperto em seu pescoço. Deve, ela pensou. Ela ousa dizer “deve” para mim. Desejou dar um tapa na cara da garota Tyrell. Ela deveria estar de joelhos, implorando por minha ajuda. Em vez disso, se atreve a dizer a legítima rainha o que deve ser feito.

— Mil Navios? — Sor Harys Swift estava ofegante. — Certamente não. Nenhum rei comanda mil navios.

— Algum idiota assustado contou em dobro — concordou Orton Merryweather. — Isso, ou os vassalos do Lorde Tyrell estão mentindo para nós, aumentando os números dos inimigos para que não pensemos que eles são uns frouxos.

As tochas da parede de trás jogavam a longa e cortante sombra do Trono de Ferro a meio caminho das portas. A extremidade distante do salão estava perdida na escuridão, e Cersei não podia deixar de sentir que as sombras também estavam se fechando em torno dela. Meus inimigos estão em toda a parte, e meus amigos são inúteis. Ela só tinha que olhar para seus conselheiros para saber isso, somente Lorde Qyburn e Aurane Waters pareciam acordados. Os outros tinham sido despertados da cama pelos mensageiros de Margaery batendo em suas portas, e estavam ali confusos e perturbados. Lá fora a noite era negra e silenciosa. O castelo e a cidade dormiam. Boros Blunt e Meryn Trant pareciam dormindo também, embora permanecessem em pé. Até mesmo Osmund Kettleback bocejava. Mas Loras não. Não nosso Cavaleiro das Flores. Ele estava atrás de sua pequena irmã, uma tênue sombra com uma espada longa no quadril.

— Metade desses tantos navios ainda seriam 500, meu senhor — Waters fez notar a Orton Merryweather. — Somente a Árvore teria força suficiente no mar para se opor a uma frota desse tamanho.

— E os nossos novos dromondes? — perguntou Sor Harys. —

Certamente os dracares dos homens de ferro não poderão resistir aos nossos dromondes, certo? O Martelo do Rei Robert é o mais poderoso navio de guerra em toda Westeros.

— Ele era — disse Waters. — Doce Cersei será equivalente, uma vez concluído, e Lorde Tywin terá o dobro do tamanho de ambos. No entanto, apenas metade está equipada, e nenhum está totalmente tripulado.

Mesmo quando estiverem, os números estarão muito contra nós. O dracár comum é pequeno comparado as nossas galés, isso é verdade, mas os homens de ferro possuem grandes navios também. Grande Kraken do Lorde Balon e os navios de guerra da frota dos homens de ferro foram feitos para guerra, não para assalto. Eles são iguais as nossas menores galés de guerra em força e velocidade, e a maioria são melhores tripulados e com melhores capitães. Os homens de ferro passam suas vida inteiras no mar.

Robert devia ter limpado as ilhas depois que Balon Greyjoy se levantou contra ele, pensou Cersei. Ele estraçalhou suas frotas, queimou suas cidades, e quebrou seus castelos, mas quando os teve de joelhos voltou a largá-los. Ele deveria ter feito outra ilha com seus crânios. Isso é o que seu pai teria feito, mas Robert nunca tivera o estômago que um rei deve ter para manter um reino em paz.

— Os homens de ferro não tinham ousado invadir a Campina desde que Dagon Greyjoy sentou-se na Cadeira de Pedra do Mar, — ela disse. — Porque eles o fariam agora? O que os encorajou?

— Seu novo rei. — Qyburn estava com suas mãos escondidas nas mangas. — O irmão do Lorde Balon. O chamam de Olho de Corvo.

— Corvos fazem seus banquetes sobre os cadáveres e moribundos,— disse Meistre Pycelle. — Eles não descem sobre animais fortes e saudáveis. Lorde Euron vai se empanturrar de ouro e saque, sim, mas assim que nos movermos contra ele, ele voltará para Pyke, assim como Lorde Dagon costumava fazer em seu tempo.

— Você está errado — disse Margaery Tyrell. — Corsários não atacam com tamanha força. Mil navios! Lorde Hewett e Lorde Chester estão mortos, assim como o filho herdeiro de Lorde Serry. Serry fugiu com os poucos navios que restou para Jardim de Cima, e Lorde Grimm foi feito prisioneiro em seu próprio castelo. Willas disse que o rei de ferro nomeou quatro lordes em seus lugares.

Willas, pensou Cersei, o aleijado. Ele é o culpado por isso. Esse tolo do Mace Tyrell deixou a defesa da Campina nas mãos de um fraco infeliz.


— É uma longa viagem da Ilha de Ferro até as Ilhas Escudos — ressaltou. — como poderiam mil navios fazerem todo o caminho sem serem vistos?

— Willas acredita que eles não seguiram pela costa — disse Margaery. — Eles fizeram a viagem fora de vista, navegando longe através do Mar do Poente e caindo sobre a costa, vindos pelo oeste.

O mais provável é que o irmão aleijado não tinha deixado suas torres guarnecidas, e agora teme que o saibamos. A pequena rainha está dando desculpas pelo irmão. A boca de Cersei estava seca . Preciso de um copo de vinho dourado da Árvore. Se os homens de ferro decidirem em seguida tomar a Árvore, o reino inteiro poderia passar sede em breve.

— Stannis pode ter um dedo nisso. Balon Greyjoy ofereceu uma aliança ao senhor meu pai. Talvez seu filho tenha oferecido uma a Stannis.

Pycelle franziu a testa.

— O que Lorde Stannis ganharia…

— Ele ganha outro ponto de apoio. E saque, isso também. Stannis precisa de ouro para pagar seus mercenários. Ao invadir o oeste, ele espera distrair-nos em Pedra do Dragão e Ponta Tempestade.

Lorde Merryweather assentiu.

— Uma distração. Stannis é mais inteligente do que sabíamos. Vossa Graça é inteligente por ter visto através de sua tática.

— Lorde Stannis está tentando ganhar os nortenhos para sua causa— disse Pycelle. — Se fez amizade com os homens de ferro, não pode esperar...

— Os nortenhos não estarão com ele — disse Cersei, perguntando-se como um homem culto podia ser tão estúpido. — Lorde Manderly cortou a cabeça e mãos do Cavaleiro das Cebolas, sabemos disso pelos Frey, e meia dúzia de outros senhores do norte se uniram à Lorde Bolton. O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Para onde mais Stannis irá se virar, se os homens de ferro e os selvagens são os inimigos do norte? Mas se ele pensa que eu irei cair em sua armadilha, é mais tolo que você. — Ela voltou-se para a pequena rainha. — As Ilhas Escudos pertencem a Campina. Grimm, Serry e o restante são juramentados a Jardim de Cima. Cabe a Jardim de Cima responder a isso.

— Jardim de Cima responderá — disse Margaery Tyrell. — Willas enviou uma mensagem para Leyton Hightower em Vilavelha, para que trate das suas defesas. Garlan está reunindo homens para retomar as ilhas. Mas a maior parte da nossa força permanece com o senhor meu pai. Devemos enviar uma mensagem a ele em Ponta Tempestade. Imediatamente.

— E levantar o cerco? — Cersei não gostou da presunção de Margaery. Ela diz “imediatamente” para mim. Será que pensa que sou sua aia? — Eu não tenho dúvida que Lorde Stannis ficaria satisfeito com isso.

Ele ficaria muito satisfeito em virar nossos olhos para longe de Pedra do Dragão e Ponta Tempestade, para esses rochedos...

— Rochedos? — arquejou Margaery. — Vossa Graça disse rochedos?

O Cavaleiro das Flores colocou a mão sobre o ombro da irmã.

— Se Vossa Graça me permitir, são desses rochedos que os homens de ferros ameaçam Vilavelha e a Árvore. Das fortalezas nas Ilhas Escudos, salteadores podem subir o Vago até bem no coração da Campina, como já fizeram no passado. Com homens suficientes, podem até ameaçar Jardim de Cima.

— Realmente? — disse a rainha, com toda inocência. — Bem, então é melhor que seus corajosos irmãos os expulsem daqueles rochedos, e depressa.

— Como a rainha sugere que eles façam isso, sem barcos suficientes? — perguntou Sor Loras. — Willas e Garlan podem juntar 10 mil homens em uma quinzena e duas vezes mais em uma virada de lua, mas não podem andar sobre a água, Vossa Graça.

— Jardim de Cima está em cima do Vago — Cersei o lembrou. — Você e seus vassalos comandam mil léguas da costa. Não existem pescadores ao longo do seu litoral? Não existem barcaças de prazer, balsas, galés fluviais, esquifes?

— Muitos e muitos mais — Sor Loras admitiu.

— Esses devem ser mais do que suficientes para carregar uma tropa através de um pequeno trecho de água, eu acho.

— E quando os dracares dos homens de ferro descerem sobre a nossa miserável frota assim que estivermos fazendo o caminho através deste ‘pequeno trecho de água’, o que sua graça espera que façamos?

Se afoguem, pensou Cersei.

— Jardim de Cima tem ouro. Você tem minha permissão para contratar mercenários do outro lado do mar estreito.


— Piratas de Myr e Lys, você quer dizer? — Loras disse com desprezo. — A escória das Cidades Livres?

Ele é tão insolente como a irmã.

— É triste dizer, mas todos nós devemos lidar com a escória de tempos em tempos — ela disse com uma doçura venenosa. — Talvez tenha uma ideia melhor?

— Somente a Árvore tem galés suficiente para retomar a boca do Vago dos homens de ferro e protegerem meus irmãos durante a travessia. Eu lhe imploro Vossa Graça, envie uma mensagem a Pedra do Dragão e ordene que Lorde Redwyne levante suas velas imediatamente.

Pelo menos tem o bom senso de implorar. Paxter Redwyne tinha duzentos barcos de guerra, e cinco vezes mais naus mercantes, cocas de vinho, galés comerciais e baleeiros. Redwyne estava acampado junto às muralhas de Pedra do Dragão e a maioria de sua frota estava empenhada em transportar os homens através de Baia da Água Negra para o ataque àquela fortaleza insular. O restante patrulhava a Baia dos Naufrágios ao sul, onde só sua presença impedia que Pedra do Dragão fosse reabastecida pelo mar.

Aurane Water irritou-se com a sugestão de Sor Loras.

— Se Lord Redwyne conduzir seus barcos para longe, como vamos abastecer nossos homens em Pedra do Dragão? Sem as galés da Árvore, como vamos manter o cerco a Ponta Tempestade?

— O cerco pode ser retomado mais tarde, depois...

Cersei o interrompeu.

— Ponta Tempestade é cem vezes mais valioso do que os Escudos, e Pedra do Dragão... enquanto Pedra do Dragão permanecer nas mãos de Stannis Baratheon, é uma faca na garganta de meu filho. Libertaremos Lord Redwyne e sua frota quando o castelo cair. — A rainha pôs-se de pé. — Essa audiência está terminada. Grande Meistre Pycelle, uma palavra.

O velho sobressaltou-se, como se a voz dela houvesse o acordado de algum sonho de juventude, mas antes que pudesse responder, Loras Tyrell avançou a passos largos tão rapidamente que a rainha recuou com receio, alarmada. Estava prestes a gritar para Sor Osmund defendê-la quando o Cavaleiro das Flores caiu sobre um joelho.

— Vossa Graça, deixe-me tomar Pedra do Dragão.

A mão de sua irmã foi parar na boca.

— Loras, não.


Sor Loras ignorou sua súplica.

— Levará meio ano ou mais para levar Pedra do Dragão à submissão pela fome, como Lorde Paxter quer fazer. Dê-me o comando, Vossa Graça.

O castelo será seu em uma quinzena, nem que tenha que derrubá-lo com as minhas próprias mãos.

Ninguém tinha dado a Cersei um presente tão adorável desde que Sansa Stark correu a ela para revelar os planos de Lorde Eddard. Estava satisfeita de ver como Margaery tinha ficado pálida.

— Sua coragem me tira o fôlego, Sor Loras — disse Cersei. — Lorde Waters, algum de nossos novos dromondes está preparado para ser lançado ao mar?

Doce Cersei está, Vossa Graça. Um barco rápido, e tão forte como a rainha da qual obteve o nome.

— Esplêndido. Vamos deixar Doce Cersei levar nosso Cavaleiro das Flores para Pedra do Dragão imediatamente. Sor Loras, o comando é seu.

Jura-me que não retornará enquanto Pedra do Dragão não for de Tommen.

— Eu juro, Vossa Graça. — Ele levantou.

Cersei o beijou em ambas as bochechas. Beijou também sua irmã, e sussurrou:

— Você tem um irmão galante. — Ou Margaery não teve a elegância de responder, ou o medo tinha roubado suas palavras.

A alvorada estava a várias horas de distância quando Cersei se esgueirou pela porta do rei atrás do Trono de Ferro. Sor Osmund foi a sua frente com o archote e Qyburn caminhava ao seu lado, caminhando em pequenos passinhos. Pycelle tinha que se esforçar para acompanhar.

— Se vossa graça me permite — ele ofegou — jovens são muito ousados, e pensam somente na glória da batalha, nunca em seus perigos. Sor Loras... o plano dele é repleto de perigos. Para invadir as muitas muralhas de Pedra do Dragão…

— ...tem que ser muito corajoso.

— ...corajoso, sim, mas...

— Não tenho dúvidas que o nosso Cavaleiro das Flores será o primeiro homem a ganhar as ameias.

E talvez o primeiro a cair. O bastardo bexiguento que Stannis tinha deixado para manter seu castelo não era nenhum campeão de torneio imaturo, mas sim um assassino experiente. Se os deuses fossem bons, dariam a Sor Loras o fim glorioso que ele parecia querer. Assumindo que o garoto não se afogaria no caminho. Tinha havido outra tempestade na noite passada, uma das violentas. A chuva havia caído em lençóis negros por horas. E isso não seria triste? A rainha pensou. Afogamento é comum. Sor Loras anseia por glória assim como homens de verdade anseiam por mulheres, o mínimo que os deuses podiam fazer é conceder a ele uma morte digna de canção.

Não importava o que acontecesse ao garoto em Pedra do Dragão e, de qualquer maneira, a rainha sairia vencedora. Se Loras tomasse o castelo, Stannis sofreria um golpe doloroso, e a frota Redwyne estaria livre para navegar ao encontro dos homens de ferro. Se falhasse, ela asseguraria de que levasse a parte da culpa do leão. Nada mancha mais o herói do que o fracasso. E se ele tiver que voltar para casa em seu escudo, coberto de sangue e glória, Sor Osney estará lá para consolar o sofrimento de sua irmã.

O riso não podia ser contido por muito mais tempo. Ele explodiu dos lábios de Cersei, e ecoou pelo corredor.

— Vossa Graça? — pestanejou Grande Meistre Pycelle, com sua flácida boca aberta. — Porque... porque está rindo?

— Porque, — ela tinha de dizer — caso contrário poderia chorar.

Meu coração está repleto de amor pelo nosso Sor Loras e pelo seu valor.

Ela deixou o Grande Meistre na escada em espiral. Aquele já viveu mais do que qualquer utilidade que um dia pode ter tido, decidiu a rainha.

Tudo que Pycelle estava fazendo era praguejá-la com advertências e objeções. Até mesmo tinha contestado o acordo que tinha feito com o Alto Septão, olhando-a de boca aberta e com um olhar estúpido quando o ordenou que preparasse os documentos necessários e balbuciando acerca de história velha e morta até que Cersei o interrompera.

— Os tempos do Rei Maegor terminaram, e os seus decretos também — disse com firmeza. — Estes são os tempos do Rei Tommem, e meus. — Teria feito melhor se tivesse o deixado nas celas negras.

— Caso Sor Loras caia, Vossa Graça irá precisar encontrar alguém merecedor para a Guarda Real. — disse Lorde Qyburn quando atravessavam o fosso coberto de espigões que cingia a Fortaleza de Maegor.

— Alguém esplêndido — concordou. — Alguém tão jovem, rápido e forte que Tommen esqueça tudo sobre Sor Loras. Um pouco de cavalheirismo não lhe faria mal, mas sua cabeça não deve estar cheia de ideias tolas. Você conhece tal homem?.


— Quem me dera! — disse Qyburn. — Tenho outro tipo de herói em mente. O que lhe falta de cavalheirismo ele lhe dará dez vezes em devoção. Protegerá seu filho, matará seus inimigos, e guardará seus segredos, e nenhum homem vivo será capaz de resistir a ele.

— Isso é o que você diz. Palavras são vento. Na hora certa, você poderá apresentar este santo e veremos se ele é tudo isso que você prometeu.

— Irão cantar sobre ele, eu juro isso. — Os olhos de Lorde Qyburn enrugavam-se com a diversão. — Posso perguntar sobre a armadura?

— Eu estou cuidando de seu pedido. O armeiro pensa que sou louca.

Ele me garante que nenhum homem é forte o suficiente para mover-se e lutar com tamanho peso de aço. — Cersei deu ao meistre sem corrente um olhar de advertência. — Faça-me de tola, e irá morrer gritando. Acredito que esteja ciente disso?

— Sempre, Vossa Graça.

— Bom. Não diga mais nada sobre isso.

— A rainha é sábia. Estas paredes têm ouvidos.

— Pois elas têm. — À noite, Cersei às vezes ouvia sons suaves, até mesmo em seus próprios aposentos. Ratos nas paredes, ela se dizia, nada mais que isso.

Uma vela estava queimando ao lado de sua cama, mas a lareira apagou-se e não havia mais nenhuma luz. O quarto estava frio também.

Cersei despiu-se e caiu debaixo dos cobertores, deixando seu vestido amontoado no chão. Do outro lado da cama, Taena se moveu.

— Vossa Graça — murmurou baixinho. — Que horas são?

— A hora da coruja — a rainha respondeu.

Embora muitas vezes Cersei dormisse sozinha, nunca tinha gostado.

Suas mais antigas memórias eram de compartilhar a cama com Jaime, quando eram tão jovens que ninguém os conseguia distinguir. Mais tarde, depois de terem sido separados, teve uma série de companheiras de cama, a maioria garotas de mesma idade que ela, filhas de cavaleiros e vassalos de seu pai. Nenhuma tinha lhe agradado e poucas duraram muito.

Serpentezinhas, todas elas. Insípidas, criaturas chorosas, sempre contando histórias e tentando intrometer-se entre mim e Jaime. Ainda assim, houve profundas noites nas entranhas do Rochedo, em que aceitou de bom grado o calor delas ao seu lado. Uma cama vazia é uma cama fria.


Ainda mais ali. Aquele quarto lhe dava calafrios, e seu miserável real marido havia morrido sob aquela copa. Robert Baratheon, o Primeiro de Seu Nome, que nunca haja um segundo. Um burro, bêbado bruto. Que chore no inferno. Taena aquecia a cama como Robert jamais o fez, e nunca tentou forçá-la a abrir as pernas. Nos últimos tempos, compartilhava a cama da rainha mais frequentemente do que com Lorde Merryweather. Orton parecia não se importar... Ou se ele se importava, sabia que não o devia dizer.

— Fiquei preocupado quando acordei e vi que tinha ido embora — murmurou a Senhora Merryweather, sentando-se e encostando-se nos travesseiros, com as colchas envolvendo sua cintura. — Alguma coisa errada?

— Não — disse Cersei — tudo está bem. De manhã Sor Loras irá navegar a Pedra do Dragão, para conquistar o castelo, liberar a frota Redwyne, e provar sua virilidade para todos nós.

Disse à mulher Myrish tudo o que tinha ocorrido sob a oscilante sombra do Trono de Ferro.

— Sem seu valente irmão, nossa pequena rainha está quase nua. Ela tem seus guardas, com certeza, mas eu tenho visto o seu capitão por aí, no castelo. Um homem loquaz com um esquilo em sua armadura. Os esquilos fogem dos leões. Ele não tem o que é preciso para desafiar o Trono de Ferro.

— Margaery tem outras espadas — advertiu a Senhora Merryweather. — Ela tem feito muitos amigos na corte, e ela e suas jovens primas tem admiradores.

— Alguns pretendentes não me preocupam — disse Cersei — Já o exército em Ponta Tempestade...

— O que está pretendendo fazer, Vossa Graça?

— Porque está perguntando? — A pergunta era um pouco afiada demais para o gosto de Cersei. — Eu espero que não esteja pensando em compartilhar meus pensamentos com a nossa pequena pobre rainha?

— Nunca. Eu não sou a tal Senelle.

Cersei não queria pensar em Senelle. Ela pagou a minha bondade com traição. Sansa Stark tinha feito o mesmo. E o mesmo tinham feito Melara Hetherspoon e a gorda Jeyne Farman quando as três eram crianças.

Nunca teria entrado naquela tenda se não fosse por elas. Nunca teria permitido que Maggy, a Rã, saboreasse os meus amanhãs numa gota de sangue.


— Ficaria muito triste se um dia traísse minha confiança, Taena.

Não teria escolha a não ser entregar você a Lorde Qyburn, mas sei como eu choraria.

— Nunca daria motivos para você chorar, Vossa Graça. Se eu der, me diga, e eu própria me entregarei a Qyburn. Só quero estar perto de você.

Para servir você, de qualquer jeito que você necessitar.

— E por este serviço, que recompensa você espera?

— Nada. Agrada-me lhe agradar. — Taena rolou para o lado dela, sua pela morena brilhando a luz das velas. Seus seios eram maiores do que os da rainha e terminava com enormes mamilos, negros como carvão. Ela é mais jovem que eu. Seus seios não começaram a ceder. Cersei se perguntou como seria a sensação de beijar outra mulher. Não levemente na bochecha, como era comum na cortesia das senhoras de alto nascimento, mas sim em cheio nos lábios. Os lábios da Taena eram muito cheios. Ela se perguntou como seria a sensação de mamar naqueles seios, colocar a mulher Myrish de costas e empurrar as pernas dela e usá-la como um homem poderia usá-la, como Robert a usou quando a bebida estava nele, e ela era incapaz de fazê-lo parar com sua mão ou boca.

Aquelas tinham sido as piores noites, encontrando-se impotente debaixo dele e ele a tendo a seu prazer, fedendo a vinho e grunhindo como um javali. Normalmente ele saia e ia dormir assim que acabava, e estava roncando antes que sua semente pudesse secar nas coxas de Cersei. Ela sempre ficava ferida depois, em carne viva entre as pernas, com seus seios doloridos pelo maltrato que eles sofreram. A única vez que a deixara molhada foi na noite de núpcias.

Robert fora bastante bonito quando se casaram. Alto, forte e poderoso, mas seu cabelo era preto e pesado, espesso no peito e grosso em torno de seu sexo. O homem errado tinha voltado do Tridente, a rainha pensava às vezes enquanto ele estava lutando com ela. Nos primeiros anos, quando montava nela mais vezes, fechava os olhos e fingia que era Rhaegar.

Não conseguia fingir que era Jaime; Era tão diferente, tão estranho. Até mesmo o cheiro dele estava errado.

Para Robert, nunca aquelas noites aconteceram. Ao chegar a manhã nada recordava, ou ao menos era isso que queria que ela acreditasse. Uma vez, durante o primeiro ano do casamento, Cersei manifestou seu descontentamento no dia seguinte.

— Você me machucou — reclamou. Ele teve a decência de parecer envergonhado.


— Não fui eu, minha senhora — disse em um aborrecido tom sombrio, como uma criança que foi pega tentando roubar bolos de maçã da cozinha. — Foi o vinho, eu bebo muito vinho. — Para arrastar abaixo sua confissão, ele pegou seu chifre de cerveja. Quando o levou para a boca, ela atirou-lhe seu próprio chifre no rosto dele, com tanta força que lascou um dente. Anos mais tarde em um banquete o escutou contando a uma criada como quebrou o dente em um corpo a corpo. Bem, nosso casamento foi uma briga, ela refletiu, então ele não mentiu.

Mas todo o resto tinha sido só mentiras. Ele se lembrava do que lhe fazia a noite, estava certa disso. Podia ver em seus olhos. Só fingia esquecer; isso era mais fácil do que enfrentar sua vergonha. No fundo, Robert Baratheon era um covarde. Com o tempo os assaltos se tornaram menos frequentes. Durante o primeiro ano, ele a tomava pelo menos uma vez por quinzena, no final não era mais do que uma vez por ano. Nunca parou completamente, no entanto. Cedo ou tarde sempre havia uma noite em que bebia demais e queria reivindicar os seus direitos. O que o envergonhava a luz do dia o dava prazer na escuridão.

— Minha rainha? — disse Taena Merryweather. — Está com um olhar estranho em seus olhos. Está indisposta?

— Eu só estava… lembrando. — Sua garganta estava seca. — Você é uma boa amiga, Taena. Não tenho uma verdadeira amizade desde...

Alguém bateu com força à porta.

De novo? A urgência do som a fez estremecer. Terão mais mil navios caído sobre nós? Escorregou para dentro de seu manto e foi ver quem era.

— Perdão por perturbar Vossa Graça — o guarda disse — mas a Senhora Stokeworth está lá embaixo, implorando uma audiência.

— A esta hora? — falou Cersei. — Será que Falyse perdeu o juízo?

Diga a ela que eu estou deitada. Que plebeus estão sendo chacinados nos Escudos. Que fui acordada no meio da noite. Irei vê-la pela manhã.

O guarda hesitou.

— Se Vossa Graça me permite, ela… ela não está com uma boa aparência, se é que você me entende.

Cersei franziu a testa. Assumiu que Falyse estava ali para dizer que Bronn estava morto. — Muito bem. Vou precisar me vestir. Leve ela ao meu aposento privado e diga que me aguarde. — Quando a Senhora Merryweather levantou para ir junto, a rainha objetou. — Não, fique. Uma de nós deve descansar um pouco pelo menos. Eu não deverei demorar.

O rosto da Senhora Falyse estava machucado e inchado, os olhos vermelhos de tanto chorar. O lábio inferior estava cortado, sua roupa suja e rasgada.

— Pela bondade dos deuses — disse Cersei levando-a para dentro do seu aposento e fechando a porta. — O que aconteceu com seu rosto?

Falyse pareceu não ouvir a pergunta.

— Ele o matou — disse numa voz trêmula. — Mãe, tenha misericórdia, ele… ele… — Ela desabou em soluços, com o corpo tremendo.

Cersei despejou vinho em um copo e levou para mulher que chorava.

— Beba isto. O vinho a acalmará. Isso. Um pouco mais. Pare de chorar e me diga por que está aqui.

Foi preciso um jarro inteiro até que a rainha finalmente conseguisse arrancar toda a triste história da Senhora Falyse. Uma vez que tinha ouvido, não sabia se ria ou gritava.

— Um combate singular — repetiu. Não há ninguém nos Sete Reinos em que eu realmente possa confiar? Sou a única em Westeros com uma pitada de juízo? — Você está me dizendo que Sor Balman desafiou Bronn para um combate singular?

— Ele disse que isso seria s-s-simples. A lança é a uma arma de ca-cavaleiro, ele disse, e B-Bron não é um verdadeiro cavaleiro. Balman disse que ia derrubá-lo do cavalo e acabar com ele assim que ele caísse at-at-atordoado.

Bronn não é nenhum cavaleiro, isso era verdade. Bronn é um assassino endurecido pela batalha. O cretino do seu marido escreveu sua própria sentença de morte.

— Um plano esplêndido. Posso me atrever a perguntar o que deu errado?

— Bronn enfiou a lança no peito do pobre cavalo do Balman.

Balman, ele... suas pernas foram esmagadas quando a besta caiu. Ele gritou tão piedosamente...

Mercenários não tem piedade, Cersei poderia ter dito.


— Disse para encenar um acidente de caça. Uma flecha perdida, queda de cavalo, um furioso javali... há várias maneiras que um homem pode morrer numa mata. Nenhuma delas envolve lanças.

Falyse pareceu não ouvir.

— Quando tentei correr para o meu Balman, ele, ele, ele me bateu no rosto. Ele fez meu senhor confessar. Balman estava implorando por Meistre Frenken, para que o tratasse, mas o mercenário, ele, ele, ele...

— Confessar? — Cersei não gostou daquela palavra. — Acredito que nosso bravo Sor Balman controlou a língua.

— Bronn enfiou o punhal em seu olho, e me disse que era melhor eu ir embora de Stokeworth antes de o sol se pôr ou eu teria o mesmo. Disse que me entregaria a guarnição, se algum deles me quisesse. Quando ordenei que capturassem Bronn, um de seus cavaleiros teve a audácia de dizer que era melhor fazer o que o Lorde Stokeworth disse. O chamou de Lorde Stokeworth! — A Senhora Falyse agarrou a mão da rainha. — Vossa Graça têm que me dar cavaleiros. Uma centena de cavaleiros! E besteiros, para retomar o meu castelo. Stokeworth é meu! Eles nem sequer permitiram que eu pegasse as minhas roupas! Bronn disse que eram as roupas de sua esposa agora, todas as minhas sedas e veludos.

Seus trapos são os menores dos seus problemas. A rainha libertou seus dedos para longe do pegajoso aperto da outra mulher.

— Pedi para você que apagasse uma vela para ajudar a proteger o rei. Em vez disso você atira um frasco de fogo vivo nele. O idiota do seu Balman pôs meu nome nisso? Diga-me que não.

Falyse lambeu os lábios.

— Ele... ele estava com dor, suas pernas estavam quebradas. Bronn disse que teria misericórdia, mas... O que vai acontecer com minha pobre mãe? — Eu imagino que ela vai morrer.

— O que você acha? — Senhora Tanda poderia muito bem já estar morta. Bronn não parecia ser o tipo de homem que iria despender muito esforço cuidando de uma velha com o quadril quebrado.

— Você tem que me ajudar. Para onde eu irei? O que vou fazer?

Talvez você possa se casar com o Rapaz Lua, Cersei quase disse. Ele é quase tão tolo quanto o seu falecido marido. Não poderia arriscar uma guerra à porta de Porto Real, não agora.


— As irmãs silenciosas estão sempre felizes em receber viúvas — disse — Elas têm uma vida boa, uma vida de oração, contemplação e boas obras. Levam consolo para os vivos e paz para os mortos. — E também não falam. Não podia deixar a mulher andando pelos Sete Reinos, espalhando contos perigosos.

Falyse era surda para o bom senso.

— Tudo que fizemos, fizemos a serviço de Vossa Graça. Orgulhosos de sermos fieis. Você disse...

— Eu me lembro. — Cersei forçou um sorriso. — Ficará aqui conosco, minha senhora, até descobrirmos um jeito de conquistar seu castelo de volta. Deixe-me servi-la outro copo de vinho. Isso te ajudará a dormir.

Você está doente e com o coração enfermo, isso é fácil de perceber. Minha pobre Falyse. Isso, beba.

Enquanto sua convidada tomava o vinho, Cersei foi até a porta chamar suas aias. Disse a Dorcas para procurar Lorde Qyburn e trazê-lo quando o encontrasse. Despachou Jocelyn Swyft de volta para a cozinha.

— Traga pão e queijo, um pedaço de carne e algumas maçãs. E vinho. Temos sede.

Qyburn chegou antes da comida. A senhora Falyse tinha bebido outros três copos, e começava a adormecer, apesar de às vezes acordar e dar outro soluço. A rainha levou Qyburn de lado e contou-lhe da loucura de Sor Balman.

— Eu não posso deixar Falyse espalhando histórias sobre a cidade.

Sua dor a deixou fraca de espírito. Ainda precisa de mulheres para o seu... trabalho?

— Preciso, Vossa Graça. Os titereiros estão bastante gastos

— Leve ela e faça o que quiser, então. Mas, uma vez que tenha descido para as celas negras... Preciso dizer mais alguma coisa?

— Não, Vossa Graça. Eu compreendo.

— Ótimo. — A rainha sorriu novamente. — Querida Falyse. Meistre Qyburn está aqui. Ele te ajudará a descansar.

— Oh, — disse Falyse vagamente. — Oh, que bom.

Quando a porta se fechou atrás deles, Cersei colocou outro copo de vinho para si.


— Eu estou cercada por inimigos e imbecis, — disse. Não poderia confiar nem no seu próprio sangue, nem em Jaime, que tempos atrás tinha sido sua outra metade. Ele tinha prometido ser minha espada e escudo, e meu forte braço direito. Por que insiste em me irritar? Bronn certamente não era mais que um aborrecimento. Nunca acreditou de verdade que ele estava dando abrigo ao duende. Seu pequeno e deformado irmão era muito esperto para permitir que Lollys desse seu nome ao maldito bastardo que acabou de parir, tendo a certeza de que iria atrair a fúria da rainha sobre ela.

A Senhora Merrywether tinha dito isso, e estava certa. A zombaria era certamente obra do mercenário. Conseguia imaginar ele vendo seu enrugado e vermelho filho adotivo sugando uma das tetas de Lolly, um copo de vinho em uma mão e um sorriso insolente no rosto. Aproveite todos os seus desejos, Sor Bronn, você estará gritando em breve. Aproveita sua senhora desmiolada e seu castelo roubado enquanto puderes. Quando for hora, vou te esmagar como se fosse uma mosca. Talvez devesse mandar Loras Tyrell para esmagá-lo, isso se de alguma forma o Cavaleiro das Flores conseguisse retornar vivo de Pedra do Dragão. Isso seria maravilhoso. Se os deuses forem bons, irão matar-se um ao outro, como Sor Arryk e Sor Erryk. E quanto a Stokeworth... Não, estava farta de pensar sobre Stokeworth.

Taena voltara a dormir quando a rainha retornou ao quarto, com a cabeça girando. Muito vinho e pouco descanso, disse para si mesma. Não era toda noite que era acordada duas vezes com tão desesperadas notícias. Pelo menos pude levantar. Robert estaria muito bêbado para levantar, quanto mais para governar. Teria pedido para Jon Arryn cuidar de tudo isto. Lhe agradava pensar que era um rei melhor que Robert.

O céu lá fora já estava começando a clarear. Cersei sentou na cama ao lado da Senhora Merryweather, ouvindo sua leve respiração, vendo seus seios subirem e descerem.

Será que está sonhando com Myr? Ela imaginava. Ou era com o seu amante da cicatriz, o perigoso homem de cabelos escuros que não poderia ser recusado? Estava certa de que Taena não estava sonhando com Lorde Orton.

Cersei colocou suas mãos no seio da mulher. Suavemente, quase nem o tocando, sentindo o calor que emitia na palma de sua mão, a pele lisa como cetim. Deu um aperto suave, então passou o dedo levemente sobre o grande e escuro mamilo, para trás e para frente e para trás e para frente até que o sentiu endurecer. Quando olhou pra cima, os olhos de Taena estavam abertos.

— Isso foi bom? — perguntou.


— Sim, — a Senhora Merryweather disse.

— E isso? — Cersei beliscou o mamilo, com força, torcendo-o entre seus dedos.

A mulher de Myr deu um suspiro de dor.

— Você está me machucando.

— É só o vinho. Eu bebi um frasco na minha janta, e outro com a viúva Stokeworth. Tive que beber para manter a calma. — Ela torceu o outro mamilo de Taena, beliscando até a mulher suspirar de novo. — Eu sou a rainha. Eu tenho que exigir meus direitos.

— Faça o que a senhora desejar. — O cabelo de Taena era negro igual ao de Robert, mesmo entre suas pernas, e quando Cersei os tocou, estavam encharcados, enquanto os de Robert eram grossos e secos. — Por favor — a mulher Myrish disse — vá em frente, minha rainha. Faça o que quiser comigo. Eu sou sua.

Mas não valia a pena. Não podia sentir o que quer que Robert sentisse nas noites em que a possuía. Não havia prazer, não para ela. Para Taena, sim. Seus mamilos eram dois diamantes negros, seu sexo estava escorregadio e fumegante. Robert poderia tê-la amado por uma hora. A rainha deslizou um dedo para dentro do pântano da Myrish, depois outro, movendo eles para dentro e para fora, mas uma vez que Robert estivesse dentro de você, ele dificilmente lembraria seu nome.

Queria ver se seria tão fácil com uma mulher como era com Robert.

Dez mil de nossos filhos pereceram na minha mão, Vossa Graça, pensou, deslizando um terceiro dedo para dentro de Myr. Enquanto você roncava, eu lambia os vossos filhos da minha cara e dedos um por um, todos aqueles pálidos e pegajosos príncipes. Você reivindicou seus direitos, meu lorde, mas na escuridão eu comia seus herdeiros. Taena estremeceu. Ofegou algumas palavras em uma língua estrangeira, depois ofegou de novo, arqueou suas costas e gritou. Soa como se estivesse sendo estripada, a rainha pensou. Por um momento se deixou imaginar que seus dedos eram as presas de um javali, rasgando a mulher de Myr da virilha até a garganta.

Ainda não está bom.

Nunca tinha sido bom com ninguém a não ser com Jaime.

Quando tentou tirar sua mão, Taena pegou seus dedos e os beijou.

— Querida rainha, como eu posso te agradar? — Ela deslizou sua mão em Cersei e tocou-lhe sexo. — Diga o que quer de mim, meu amor.


— Saia — Cersei afastou-se e puxou as mantas para se cobrir, tremendo. Estava amanhecendo. Logo amanheceria, e tudo isso seria esquecido.

Nunca teria acontecido.



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