― É a primeira vez que calço estes sapatos ― explicou Bruno. ― Geralmente uso uns de enfiar.
― Não sabes atar os sapatos? ― espantou-se Astorre.
― São os primeiros que uso com atacadores.
Astorre riu-se.
― Jesus Cristo! OK., eu trato disso. ― E deixou que Bruno lhe pousasse o pé no joelho.
Quando terminou, entregou a Bruno o telefone que estava em cima da mesa-de-cabeceira.
― Telefona ao teu irmão ― ordenou.
― Às cinco da madrugada? ― protestou Bruno. ― O Timmona mata-me.
Astorre compreendeu que não era o sono que embotava o cérebro de Bruno; o pobre diabo era genuinamente atrasado.
― Diz-lhe só que estás comigo. Depois eu falo com ele.
Bruno pegou no telefone, marcou o número e disse numa voz queixosa: ― Timmona, meteste-me num grande sarilho, e é por isso que estou a telefonar-te tão cedo.
Astorre ouviu o rugido da outra extremidade da linha, e então Bruno disse apressadamente:
― O Astorre Viola está aqui e quer falar contigo. ― E passou o telefone a Astorre.
― Timmona, lamento ter-te acordado ― disse Astorre. - Mas tive de apanhar o Bruno, uma vez que tu tens o meu primo.
A voz de Portella brotou do auscultador noutro rugido de fúria:
― Não sei nada do que estás para aí a dizer. Afinal, que raio é que queres?
Bruno ouviu isto e gritou:
― Meteste-me nesta alhada, grande sacana! Agora tira-me dela.
― Timmona ― continuou Astorre, tranqüilamente ―, faz a troca, e depois podemos discutir o assunto que te interessa. Sei que pensas que eu tenho sido casmurro, mas quando nos encontrarmos explicar-te-ei a razão e saberás que tenho estado a fazer-te um favor.
A voz de Portella acalmou imediatamente.
― OK. Como é que combinamos o encontro?
― Vou ter contigo ao restaurante Paladin, ao meio-dia ― disse Astorre. ― Tenho lá uma sala privada. Levo o Bruno comigo, e tu levas o Marc. Podes levar guarda-costas, se quiseres, mas penso que nenhum dos dois está interessado num banho de sangue num local público. Conversamos um pouco e fazemos a troca.
Seguiu-se uma longa pausa. Depois Portella disse: ― Lá estarei. Mas não tentes nenhuma gracinha.
― Não te preocupes. Depois deste encontro, passamos a ser amigos ― prometeu Astorre, jovialmente.
Ele e Monza puseram Bruno no meio dos dois. Astorre deu-lhe o braço, como se fossem grandes cunpinchas. Desceram a escada até à rua, onde os esperavam mais dois carros com homens de Astorre.
― Leva-o contigo num dos carros ― disse Astorre a Monza. ― Amanhã está com ele no Paladin, ao meio-dia. Eu vou lá ter.
― Que raio faço com ele entretanto? ― protestou Monza. ― Ainda faltam horas.
― Leva-o a tomar café. Ele gosta de comer. Isso vai entretê-lo um par de horas. Depois leva-o a dar um passeio pelo Central Park. Vão ao zoológico. Eu levo um dos carros e um motorista. Se ele tentar fugir, não o mates. Limita-te a apanhá-lo.
― Vais ficar sozinho ― observou Monza. ― Será inteligente?
― Não há problema.
No carro, Astorre usou o telefone celular para ligar para o número particular de Nicole. Eram agora seis da manhã, e a luz trespassava a cidade em longas e finas linhas de pedra.
A voz de Nicole soou sonolenta quando atendeu. Astorre recordou que já assim era nos tempos em que ela era uma rapariguinha muito nova e ele o seu amante.
― Nicole, acorda ― disse. ― Sabes quem fala?
A pergunta irritou-a obviamente.
― Claro que sei quem fala. Quem mais me telefonaria a esta hora?
― Ouve com atenção ― pediu Astorre. ― Não faças perguntas. Aquele documento que tens guardado, aquele que eu assinei para o Cilke, lembras-te, o que me disseste para não assinar?
― Sim ― respondeu ela secamente ―, claro que me lembro.
― Tem-no em casa contigo ou no cofre do escritório?
― No escritório, evidentemente.
― OK. ― disse Astorre. ― Estou em tua casa dentro de trinta minutos. Toco à campainha. Está pronta para descer. Traz todas as tuas chaves. Vamos ao teu escritório.
Quando Astorre tocou à campainha, Nicole desceu imediatamente. Vestia um casaco de couro azul e transportava uma grande bolsa. Beijou-o na face, mas só falou quando já estavam ambos no carro e teve de dar instruções ao motorista. Depois voltou a remeter-se ao silêncio até chegarem ao escritório.
― Agora, diz-me para que queres o tal documento ― exigiu.
― Não precisas de saber ― respondeu Astorre.
A resposta irritou-a, mas abriu o cofre embutido na secretária e tirou dele uma pasta de cartolina.
― Não feches o cofre ― indicou Astorre. ― Quero a gravação que fizeste da nossa conversa com o Cilke.
Nicole entregou-lhe a pasta.
― Tens direito a estes documentos ― declarou. ― Mas não tens direito a qualquer gravação, mesmo se ela existisse.
― Disseste-me há muito tempo que gravavas todas as reuniões que tinhas no teu gabinete. E eu estive a observar-te durante a conversa. Estavas com o ar de quem se sentia um tudo nada demasiado satisfeita consigo mesma.
Nicole riu-se com um afeto trocista.
― Mudaste ― comentou. ― Nunca foste um desses cretinos convencidos de que são capazes de ler a mente dos outros.
Astorre dirigiu-lhe um sorriso acanhado e disse, apologeticamente: ― Pensava que continuavas a gostar de mim. Por isso nunca te perguntei o que foi que riscaste no dossiê do teu pai antes de mo mostrares.
― Não risquei coisa nenhuma ― respondeu Nicole, friamente. ― E não te dou a fita se não me disseres o que se está a passar.
Astorre ficou silencioso. Finalmente, disse:
― OK, já és uma menina crescida. ― Riu-se ao ver a fúria na cara dela, os olhos chispantes, os lábios arrepanhados de desprezo. Lembrou-lhe a Nicole que o enfrentara a ele e ao pai, havia já tantos anos. ― Bom, sempre quiseste brincar com os meninos mais velhos. E não há dúvida de que o tens feito. Como advogada, tens assustado quase tanta gente como o teu pai.
― Ele não era tão mau como os jornais e o FBI o faziam ― replicou ela, furiosamente.
― OK. ― aquiesceu Astorre, apaziguador. - O Marc foi raptado ontem à noite pelo Timmona Portella. Mas não te preocupes. Apanhei-lhe o irmão, o Bruno, de modo que agora podemos trocar.
― Cometeste um rapto? ― exclamou Nicole, incrédula.
― Eles também ― respondeu Astorre, impávido. ― Querem mesmo que lhes vendamos os bancos.
― Então dá-lhes a porcaria dos bancos! ― quase gritou Nicole.
― Não estás a compreender ― disse Astorre. ― Não lhes damos coisa nenhuma. Temos o Bruno. Se eles fizerem mal ao Marc, eu faço mal ao Bruno.
Nicole estava a olhar para ele com uma expressão de horror. Astorre devolveu-lhe calmamente o olhar e levou um dedo à gargantilha de ouro que tinha ao pescoço.
― Pois é ― acrescentou. ― Teria de matá-lo.
O rosto firme de Nicole desfez-se em sulcos de amargura. ― Tu não, Astorre, tu não, por favor.
― Agora já sabes ― continuou ele. ― Não sou homem para vender os bancos depois de eles terem morto o teu pai e meu tio. Mas preciso da gravação para fazer o negócio e recuperar o Marc sem derramamento de sangue.
― Vende-lhes os bancos ― murmurou Nicole. ― Seremos ricos. O que é que isso interessa?
― Interessa-me a mim ― replicou Astorre. ― Interessava ao Don.
Silenciosamente, Nicole meteu a mão dentro do cofre e retirou um pequeno embrulho que pousou em cima da pasta.
― Deixa-me ouvir ― pediu Astorre.
Nicole tirou da gaveta da secretária um minúsculo gravador de cassetes. Introduziu a fita e ambos ouviram Cilke revelar o seu plano para apanhar Portella. Quando terminou, Astorre enfiou tudo no bolso e disse:
―Trago-te mais tarde, e o Marc também. Não te preocupes, não vai acontecer nada. E se acontecer, será pior para eles do que para nós.
Um pouco depois do meio-dia, Astorre, Aldo Monza e Bruno Portella estavam sentados na sala privada do restaurante Paladin, na East Sixties.
Bruno não parecia minimamente preocupado com o fato de ser refém. Conversava animadamente com Astorre.
― Sabe uma coisa, vivi toda a minha vida em Nova Iorque e nem sequer sabia que o Central Park tinha um zoo. Acho que mais pessoas deviam saber e ir vê-lo.
― Portanto, divertiste-te ― respondeu Astorre num tom bem-humorado, pensando que, se as coisas corressem mal, Bruno teria pelo menos uma recordação agradável antes de morrer. A porta da sala abriu-se e o dono do restaurante apareceu, seguido por Timmona Portella e Marcantonio. O enorme vulto de Portella, com a sua roupa elegante, feito por medida, quase escondia completamente Marcantonio, um pouco atrás dele. Bruno correu para os braços de Timmona e beijou-o nas duas faces, e Astorre ficou espantado ao ver a expressão de amor e satisfação no rosto de Timmona.
― Que irmão! ― exclamou Bruno, entusiasmado. ― Que irmão!
Astorre e Marcantonio, pelo contrário, limitaram-se a trocar um aperto de mão, e depois Astorre deu-lhe um meio abraço e disse.
― Está tudo bem, Marc.
Marcantonio voltou-lhe as costas e sentou-se. Sentia as pernas fracas, em parte de alívio, em parte devido ao ar de Astorre. O rapazinho que gostava de cantar, o jovem voluntarioso mas alegre, tão descuidado e encantador, surgia agora sob a sua verdadeira forma, como o Anjo-da-Morte. O poder da sua presença dominava Portella no seu medo e fanfarronice. Astorre sentou-se ao lado do primo e deu-lhe uma palmadinha no joelho. Estava a sorrir afavelmente, como se aquilo fosse apenas um almoço de amigos.
― Estás bem? ― perguntou.
Marcantonio olhou-o diretamente nos olhos. Nunca antes reparara em como eram claros e implacáveis. Olhou para Bruno, o homem que teria pago pela sua vida. Estava a tagarelar com o irmão, qualquer coisa a respeito do zoo de Central Park.
― Temos coisas a discutir ― disse Astorre a Portella.
― OK. ― respondeu Portella. ― Bruno, desaparece-me daqui. Está um carro à espera lá fora. Falo contigo quando chegar a casa.
Mona entrou na sala.
― Leva o Marcantonio a casa ― disse-lhe Astorre. ― Marc, espera lá por mim.
Portella e Astorre estavam agora sozinhos, sentados frente-a-frente, um de cada lado da mesa. Portella abriu a garrafa de vinho e encheu o seu próprio copo. Não se ofereceu para servir Astorre.
Astorre meteu a mão no bolso do casaco e tirou dele um sobrescrito castanho, cujo conteúdo espalhou em cima da mesa. Estava ali o documento confidencial que assinara para Cilke, aquele em que lhe era pedido que traísse Portella. E estava também o pequeno gravador de cassetes, com a fita lá dentro. Portella olhou para o documento com o logotipo do FBi e leu-o. Atirou-o para o lado.
― Pode ser uma falsificação ― disse. ― E por que havias tu de ser suficientemente estúpido para assinar uma coisa destas?
Em vez de responder, Astorre premiu o botão do gravador, e ouviu-se a voz de Cilke a pedir-lhe que colaborasse com ele para apanhar Portella. Portella escutou e tentou controlar a surpresa e a raiva que sentia, mas a cara pusera-se-lhe intensamente vermelha e movia os lábios em pragas mudas. Astorre parou a fita.
― Sei que tens trabalhado para o Cilke durante os últimos seis anos ― disse. ― Ajudaste-o a acabar com as Famílias de Nova Iorque. E também sei que foi por isso que ele te prometeu imunidade. Mas agora anda atrás de ti. Esses tipos que usam distintivos nunca estão satisfeitos. Querem tudo. Pensavas que ele era teu amigo. Quebraste a omertà por ele. Tornaste-o famoso, e agora ele quer mandar-te para a prisão. Já não precisa de ti. Vai caçar-te assim que comprares os bancos. Era por isso que eu não podia fazer o negócio. Nunca quebraria a omertà.
Portella ficou muito calado, e então pareceu tomar uma decisão.
― Se eu resolver o assunto do Cilke, que negócio propões para os bancos?
Astorre voltou a guardar tudo no bolso.
― Venda total. Exceto no meu caso. Fico com uma fatia de cinco por cento.
Portella parecia ter recuperado do choque.
― OK ― disse. ― Podemos tratar dos pormenores depois de o problema estar resolvido.
Apertaram as mãos para selar o negócio e Portella foi o primeiro a sair. Astorre apercebeu-se de que estava cheio de fome e encomendou um grande bife mal passado. Um problema resolvido, pensou.
À meia-noite, Portella encontrou-se com Marriano Rubio, Inzio Tulippa e Michael Graziella, no consulado do Peru.
Rubio foôa um anfitrião excepcional para Tulippa e Grazziella. Acompanhara-os ao teatro, à ópera e ao balle e providenciara a companhia de jovens belas e discretas que tinham alcançado alguma fama nas artes e na música. Estavam os dois a ter uma estada maravilhosa e pareciam relutantes em regressar aos respectivos ambientes naturais, muito menos estimulantes. Eram como pequenos reis paparicados por um imperador todo-poderoso que não se poupava a esforços para lhes agradar.
Nessa noite, o cônsul-geral excedeu-se em hospitalidade. A mesa de reuniões vergava sob o peso dos pratos exóticos, frutas, queijos e grandes bombons de chocolate; ao lado de cada cadeira havia uma garrafa de champanhe num balde de gelo. Pequenos bolos coloridos enfeitavam os degraus de delicadas estruturas de açúcar caramelizado. Espalhadas pela mesa viam-se caixas de charutos cubanos, maduros, castanhos-claros e verdes.
Rubio iniciou a sessão dirigindo-se a Portella:
― Ora bem, o que foi que aconteceu de tão importante ao ponto de nos obrigar a cancelar os nossos compromissos por causa deste encontro?
Malgrado a sua requintada delicadeza, havia na voz do cônsul-geral uma nota de condescendência que enfureceu Portella. E sabia que ficaria diminuído aos olhos dos sócios quando soubessem da duplicidade de Cilke. Contou-lhes a história toda.
Tulippa estava a comer um bombom quando perguntou, com uma voz carregada de desprezo: ― Queres dizer que tiveste o Marcantonio Aprile em teu poder e fizeste um acordo para libertar o teu irmão sem nos consultares?
― Não podia deixar o meu irmão morrer ― replicou Portella. ― E além disso, se não tivesse feito o acordo, teríamos caído na armadilha do Cilke.
― Verdade ― admitiu Tulippa. ― Mas cabia-nos a nós tomar a decisão.
― Pois sim ― disse Portella ― E quem...
― Todos nós! ― gritou Tulippa. ― Somos teus sócios.
Portella olhou para ele e perguntou a si mesmo o que o impediria de matar aquele untuoso filho-da-puta. Mas então lembrou-se dos cinqüenta panamás amarelos atirados ao ar.
O cônsul-geral pareceu ter-lhe lido a mente. Disse, apaziguadoramente:
― Todos nós vimos de culturas diferentes e temos diferentes valores. Precisamos de adaptar-nos uns aos outros, Timmona é um americano, um sentimentalista.
― O irmão dele é um merda de um atrasado mental ― declarou Tulippa, calmamente.
Rubio abanou um dedo na sua direção.
― Inzio, fazes o favor de deixar de arranjar problemas só para te divertires? Todos nós temos o direito de decidir os nossos assuntos pessoais.
Grazziella esboçou um pequeno sorriso divertido.
― Isso é verdade. Tu, Inzio, nunca confiaste em nós ao ponto de nos falares dos teus laboratórios secretos. E desse teu desejo de possuir armas pessoais. Uma idéia tão louca. Pensas que o governo tolerará semelhante ameaça? Modificarão todas as leis que hoje nos protegem e nos permitem prosperar.
Tulippa riu-se. Estava a gostar daquela reunião.
― Sou um patriota ― declarou. ― Quero que a América do Sul tenha condições para defender-se de países como Israel, a índia, e o Iraque. Rubio sorriu-lhe com uma expressão benigna.
― Não te sabia tão nacionalista.
Portella não achou graça.
― Tenho aqui um grave problema. Pensava que o Cilke era meu amigo. Investi nele uma grande porção de dinheiro. E agora prepara-se para vir atrás de mim, e atrás de vocês.
Grazziella falou sem rodeios, vigorosamente: ―Temos de abandonar todo o projeto. Temos de viver com menos. ― já não era o homenzinho agradável que todos conheciam. ― Temos de encontrar outra solução. Esqueçam o Kurt Cilke e o Astorre Viola. São inimigos demasiado perigosos. Não devemos enveredar por um caminho que pode destruir-nos a todos.
― Isso não resolve o meu problema ― redargüiu Portella. ― O Cilke não vai deixar-me em paz.
Também Tulippa deixou cair a sua máscara de afabilidade. Voltou-se para Grazziella.
― O fato de advogares uma solução tão pacífica vai contra tudo o que sabemos a teu respeito. Na Sicília, matas polícias e magistrados. Assassinaste o governador e a mulher. Tu e a tua cosca Corleonesi mataram o general que o governo enviou para destruir a tua organização. E agora dizes-nos para desistirmos de um projeto que vai render-nos bilhões de dólares? E para abandonarmos o nosso amigo Portella?
― Vou liquidar o Cilke ― declarou Portella. ― Digam vocês o que disserem.
― Uma linha de ação extremamente perigosa ― interveio Rubio. ― O FBI declarar-nos-á guerra. Utilizarão todos os seus recursos para encontrar o assassino.
― Concordo com o Timmona ― disse Tulippa. ― O FBI opera com limitações legais e pode ser controlado. Fornecerei uma equipe de assalto, e horas depois da operação estarão num avião a caminho da América do sul.
― Bem sei que é perigoso ― insistiu Portella ―, mas é a única solução.
― Concordo ― tornou Portella. ― Por uns quantos bilhões de dólares, há que correr alguns riscos. Ao fim e ao cabo, o que é que andamos aqui a fazer?
Rubio dirigiu-se a Inzio.
― Tu corres um risco mínimo, uma vez que tens imunidade diplomática. Tu, Michael, regressas à Sicília, pelo menos por agora. Serás tu, Timmona, a suportar o grosso das conseqüências.
― Se as coisas chegarem ao pior, posso esconder-te na América do Sul ― prometeu Inzio.
Portella abriu as mãos no ar, num gesto de impotência.
― Serei eu a escolher ― disse ―, mas quero o vosso apoio. Michael, estás de acordo?
. O rosto de Grazziella manteve-se impassível.
― Sim, estou de acordo. Mas no teu lugar preocupava-me mais com o Astorre Viola do que com o Kurt Cilke.