CAPÍTULO VINTE E UM

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Christian fica de pé diante do quarto de jogos.

— Você tem certeza disso? — pergunta, o olhar aquecido, mas ainda ansioso.

— Tenho — sussurro, sorrindo timidamente.

Seus olhos se suavizam.

— Tem alguma coisa que você não queira fazer?

Sou pega de surpresa pela pergunta inesperada, e minha mente entra em curto-circuito. Um pensamento me ocorre.

— Não quero que você tire fotos de mim.

Ele fica tenso, e sua expressão fica rígida à medida que deita a cabeça de lado, os olhos me examinando.

Ah, merda. Acho que ele vai me perguntar por quê, mas felizmente ele não o faz.

— Certo — murmura.

Sua testa se franze ao destrancar a porta, e ele dá um passo para o lado, deixando-me entrar no quarto. Sinto seus olhos em mim enquanto ele me segue e fecha a porta.

Ele coloca a caixa de presente sobre a cômoda, pega e liga o iPod e aponta para o aparelho de som na parede de modo que as portas de vidro fumê se abrem, deslizando. Ele aperta alguns botões, e o som de um trem de metrô ecoa pelo quarto. Em seguida, baixa o volume, e a batida eletrônica lenta e hipnótica que se segue fica como música de fundo. Uma mulher começa a cantar, não sei quem é, mas sua voz é suave e rouca, e o ritmo é intenso, deliberado... erótico. Meu Deus. É música para fazer amor.

Christian se vira para mim; estou no meio do quarto, o coração batendo forte, meu sangue pulsando nas veias no ritmo sedutor da música — ou pelo menos é o que parece. Ele caminha despreocupado na minha direção e puxa meu queixo para que eu pare de morder o lábio.

— O que você quer fazer, Anastasia? — murmura, deixando um beijo suave no canto da minha boca, seus dedos ainda segurando meu queixo.

— É o seu aniversário. O que você quiser — sussurro.

Ele corre o polegar ao longo do meu lábio inferior, a testa franzida de novo.

— Estamos aqui porque você acha que eu quero estar aqui? — Seu tom de voz é gentil, mas ele me encara intensamente.

— Não — sussurro. — Também quero estar aqui.

Seu olhar escurece, tornando-se mais ousado à medida que assimila minha resposta. Depois do que parece uma eternidade, ele fala:

— Ah, temos tantas possibilidades, Srta. Steele. — Sua voz é baixa, animada. — Mas vamos começar tirando a sua roupa.

Ele puxa a faixa do meu roupão para que ele se abra, revelando minha camisola de seda, então se afasta e se senta displicentemente sobre o braço do sofá.

— Tire a roupa. Devagar. — Ele me lança um olhar sensual e desafiador.

Engulo em seco, pressionando as coxas uma contra a outra. Já estou molhada entre as pernas. Minha deusa interior está nua, fazendo fila, pronta e aguardando, implorando-me para acompanhá-la. Escorrego o roupão pelos ombros, mantendo os olhos fixos nos dele, e, com um movimento dos ombros, deixo-o cair, esvoaçante, no chão. Seus olhos cinzentos se acendem, e ele corre o indicador ao longo dos lábios, fitando-me.

Deslizando as finas alças da camisola pelos ombros, olho para ele por um segundo, e então as solto. A camisola desce suavemente por meu corpo numa onda, caindo aos meus pés. Estou nua, praticamente ofegante e tão, tão pronta.

Christian permanece imóvel por um momento, e fico maravilhada com a apreciação carnal e sincera em sua expressão. Levantando-se, ele caminha até a cômoda e pega a gravata cinza — minha preferida. Brinca com ela entre os dedos ao se virar e caminhar casualmente na minha direção, um sorriso nos lábios. Quando chega diante de mim, imagino que vai exigir minhas mãos, mas não o faz.

— Acho que você está com roupa de menos, Srta. Steele — murmura.

Ele passa a gravata em torno do meu pescoço, e, devagar, mas com muita destreza, faz o que imagino ser um nó Windsor. À medida que ele aperta o nó, seus dedos arranham a base de meu pescoço, provocando disparos elétricos através de meu corpo e me fazendo ofegar. Ele deixa a ponta mais larga da gravata bem longa, longa o suficiente para alisar meus pelos pubianos.

— Você está maravilhosa agora, Srta. Steele — diz ele e se curva para me beijar com carinho nos lábios.

É um beijo rápido, e eu quero mais, o desejo se apoderando desenfreado de meu corpo.

— O que vamos fazer agora? — diz ele e, segurando a gravata, dá um puxão brusco que me faz pular para a frente, em seus braços.

Suas mãos mergulham em meu cabelo, e ele puxa minha cabeça para trás e me beija de verdade, com força, sua língua implacável e impiedosa. Uma de suas mãos passeia livremente pelas minhas costas até minha bunda. Quando se afasta de mim, também está ofegante, encarando-me, seus olhos cor de chumbo; eu fico cheia de desejo, tentando recuperar o fôlego, a mente completamente perdida. Tenho certeza de que meus lábios vão ficar inchados depois de suas investidas sensuais.

— Vire-se — ordena com gentileza, e eu obedeço. Tirando meu cabelo do nó da gravata, ele rapidamente o prende numa trança. Então, puxa a trança, fazendo minha cabeça se inclinar para trás. — Seu cabelo é lindo, Anastasia — murmura e beija meu pescoço, disparando arrepios ao longo de minha espinha. — Você só tem que dizer “pare”. Você sabe disso, não é? — sussurra contra minha garganta.

Concordo com a cabeça, os olhos fechados, e me deleito com a sensação de seus lábios em mim. Ele me vira mais uma vez e pega a ponta da gravata.

— Venha — diz, puxando-me com cuidado e me levando até a cômoda, onde o restante do conteúdo da caixa está exposto. — Anastasia, estes objetos — ele levanta o plugue. — Isto aqui é grande demais. Como uma virgem anal, não é uma boa ideia começar com isto. É melhor a gente começar com isto. — Ele ergue o dedo mindinho, e eu engasgo, chocada.

Dedos... lá? Ele sorri para mim, e a lembrança desagradável da cláusula que fala sobre introdução de mão no ânus, mencionada no nosso contrato, me vem à mente.

— Só “dedo”. No singular — diz baixinho, com aquela estranha habilidade de ler a minha mente.

Meus olhos disparam para os seus. Como ele faz isso?

— Estes grampos são muito cruéis. — Ele ergue os grampos de mamilos. — Vamos usar estes aqui — e coloca um par diferente sobre a cômoda. Eles parecem grampos de cabelo gigantes, mas com pingentes na ponta. — Estes são ajustáveis — sussurra, a voz repleta de gentileza e preocupação.

Pisco para ele, os olhos arregalados. Christian, meu mentor sexual. Ele sabe tão mais sobre tudo isso do que eu. Nunca vou conseguir acompanhá-lo. Franzo a testa. Ele sabe mais do que eu sobre muitas coisas... exceto sobre cozinhar.

— Pronta? — pergunta.

— Pronta — sussurro, minha boca seca. — Você vai me dizer o que pretende fazer?

— Não. Estou improvisando. Isto não é uma cena ensaiada, Ana.

— Como devo me comportar?

Suas sobrancelhas se franzem.

— Do jeito que você quiser.

Ah!

— Você estava esperando meu alter ego, Anastasia? — pergunta, seu tom vagamente zombeteiro e espantado ao mesmo tempo. Pisco para ele.

— Bem, estava. Gosto dele — murmuro.

Ele sorri consigo mesmo e passa o polegar ao longo de minha bochecha.

— Ah, gosta, é? — sussurra e corre o polegar por todo o meu lábio inferior. — Sou seu amante, Anastasia, não seu Dominador. Gosto de ouvir seu riso e sua gargalhada de menina. Gosto de você relaxada e feliz, como nas fotos de José. Foi essa a menina que apareceu no meu escritório. Foi por ela que me apaixonei.

Fico boquiaberta, e uma onda bem-vinda de calor surge em meu coração. É felicidade — pura felicidade.

— Mas tendo dito tudo isso, também gosto de fazer maldades com você, Srta. Steele, e meu alter ego conhece um truque ou outro. Então, faça o que estou mandando e se vire — seus olhos brilham com perversidade, e a felicidade se move acentuadamente para o sul, tomando-me com força e apertando cada tendão abaixo de minha cintura.

Obedeço. Atrás de mim, ele abre uma das gavetas e, um momento depois, está diante de mim de novo.

— Venha — ordena e puxa a gravata de leve, levando-me até a mesa.

À medida que passamos pelo sofá, vejo pela primeira vez que todas as varas desapareceram. Isso me distrai. Elas estavam aqui quando entrei ontem? Não me lembro. Será que Christian as retirou? A Sra. Jones? Christian interrompe minha linha de pensamento.

— Quero que você se ajoelhe nisto — diz, quando chegamos à mesa.

Ah, está bem. O que ele tem em mente? Minha deusa interior mal pode esperar para descobrir — ela já foi derrubada em cima da mesa e está olhando para ele com adoração.

Ele gentilmente me ergue sobre a mesa, e eu dobro as pernas debaixo de mim e me ajoelho diante dele, surpresa com minha própria graciosidade. Agora estamos olhos nos olhos. Ele leva as mãos até minhas coxas, agarra meus joelhos e separa minhas pernas, ficando de pé bem na minha frente. Está muito sério, os olhos sombrios, semicerrados... lascivos.

— Braços atrás das costas. Vou algemar você.

Ele pega uma algema de couro do bolso de trás da calça e passa os braços ao redor de mim. É isso. Para onde ele vai me levar dessa vez?

Sua proximidade é inebriante. Este homem vai ser meu marido. Dá para se cobiçar o próprio marido desse jeito? Não me lembro de nunca ter lido nada sobre isso. Sou incapaz de resistir a ele, e corro meus lábios entreabertos ao longo de sua mandíbula, sentindo a barba por fazer, uma combinação inebriante de pele pinicando e suavidade sob minha língua. Ele fica paralisado e fecha os olhos. Sua respiração falha, e ele se afasta.

— Pare. Ou isso vai terminar muito mais rápido do que nós dois queremos — adverte.

Por um momento, acho que talvez esteja com raiva, mas então ele sorri, e os olhos ardentes se iluminam com diversão.

— Você é irresistível — resmungo.

— Ah, sou, é? — diz ele secamente.

Faço que sim com a cabeça.

— Bem, não me distraia, ou vou amordaçar você.

— Gosto de distrair você — sussurro, encarando-o, teimosa, e ele ergue uma sobrancelha para mim.

— Ou lhe dar umas palmadas.

Hum... Tento esconder meu sorriso. Houve uma época, não faz muito tempo, em que suas ameaças me refreavam. Eu jamais teria a coragem de beijá-lo, espontaneamente, enquanto ele estivesse neste quarto. Percebo agora que já não me sinto intimidada por ele. É uma revelação. Sorrio maliciosamente, e ele sorri para mim.

— Comporte-se — rosna e se afasta, olhando para mim e batendo com as algemas de couro na palma da mão.

O aviso está lá, implícito em suas ações. Tento transmitir um ar de arrependimento, e acho que consigo. Ele se aproxima de mim de novo.

— Melhor — sussurra e passa os braços ao redor de mim mais uma vez, com as algemas na mão.

Resisto à tentação de tocá-lo, mas inspiro seu cheiro maravilhoso, ainda fresco com o banho de ontem à noite. Hum... Eu deveria engarrafar isso.

Estava esperando que ele algemasse meus pulsos, mas ele me prende pelos cotovelos, o que me faz arquear as costas, empinando os seios para a frente, embora meus cotovelos não estejam de jeito nenhum juntos um do outro. Assim que termina, ele volta para me admirar.

— Tudo bem? — pergunta.

Não é a mais confortável das posições, mas estou tão excitada com a expectativa de como ele vai conduzir isso que faço que sim com a cabeça, fechando os olhos.

— Ótimo.

Ele pega a venda no bolso de trás.

— Acho que você já viu o suficiente por hoje — murmura.

Ele desliza a venda pela minha cabeça, cobrindo meus olhos. Minha respiração acelera. Uau. Por que estar com olhos vendados é tão erótico? Estou aqui, amarrada e ajoelhada sobre uma mesa, esperando — uma sensação quente e pesada de expectativa no fundo da barriga. Ainda posso ouvir, no entanto, o ritmo melódico e constante da música. Ela ressoa pelo meu corpo. Não tinha notado ainda. Ele deve ter programado para repetir.

Christian se afasta. O que está fazendo? Ele caminha de volta para a cômoda e abre uma gaveta, em seguida, fecha-a de novo. Um momento depois, está de volta, e o sinto diante de mim, um cheiro pungente, rico e almiscarado no ar. É delicioso, quase de dar água na boca.

— Não quero estragar minha gravata preferida — murmura. E ela se solta pouco a pouco, à medida que ele desfaz o nó.

Inspiro profundamente à medida que a ponta da gravata viaja pelo meu corpo, fazendo cócegas pelo caminho. Estragar a gravata? Fico ouvindo com atenção para tentar descobrir o que ele vai fazer. Ele está esfregando as mãos. De repente, sinto os nós de seus dedos contra o meu rosto, descendo até o queixo ao longo da mandíbula.

Meu corpo desperta, atento, à medida que seu toque envia um arrepio delicioso ao longo dele. Ele pousa uma das mãos sobre meu pescoço, e ela está coberta por um óleo de cheiro adocicado e, portanto, desliza suavemente por ele, cruzando pelo colo até o ombro, seus dedos massageando minha pele com carinho. Hum, estou ganhando uma massagem. Não é o que eu esperava.

Ele coloca a outra mão em meu outro ombro e começa mais uma viagem provocante e lenta ao longo de minha clavícula. Solto um gemido baixinho enquanto ele prossegue em seu caminho na direção de meus seios cada vez mais sedentos pelo seu toque. É tentador. Arqueio-me mais na direção de seu toque hábil, mas suas mãos deslizam para as laterais do meu corpo, lentas, precisas, acompanhando o ritmo da música, e cuidadosamente evitando meus seios. Gemo, mas não sei se é de prazer ou de frustração.

— Você é tão linda, Ana — murmura ele, a voz baixa e rouca, sua boca junto ao meu ouvido.

Seu nariz segue a linha da minha mandíbula enquanto ele continua a me massagear — debaixo de meus seios, por toda a minha barriga, mais para baixo... Ele me beija por um instante nos lábios, então corre o nariz ao longo do meu pescoço. Caramba, estou pegando fogo... sua proximidade, suas mãos, suas palavras.

— E logo você vai ser minha mulher, na alegria e na tristeza — sussurra.

Meu Deus.

— Na saúde e na doença.

Caramba.

— Com meu corpo, vou venerar você.

Deito a cabeça para trás e solto outro gemido. Seus dedos correm por meus pelos pubianos, por cima do meu sexo, e ele esfrega a palma da mão contra meu clitóris.

— Sra. Grey — sussurra, a palma da mão se esfregando em mim.

Outro gemido.

— Isso — ofega ele, a palma da mão continuando a me provocar. — Abra a boca.

Estou arfando, e minha boca já está aberta. Abro um pouco mais, e ele escorrega um objeto grande de metal frio entre meus lábios. É da forma de uma chupeta gigante e tem pequenos sulcos ou reentrâncias e o que parece ser uma corrente na ponta. É grande.

— Chupe — ordena ele, com calma. — Vou colocar isso dentro de você.

Dentro de mim? Dentro de mim onde? Meu coração pula até a boca.

— Chupe — ele repete e para de esfregar a mão em mim.

Não, não pare! Quero gritar, mas estou com a boca cheia. Suas mãos oleosas deslizam por meu corpo e enfim seguram meus seios negligenciados.

— Não pare de chupar.

Delicadamente, ele aperta meus mamilos entre os dedos, e eles enrijecem e se alongam sob seu toque experiente, enviando ondas sinápticas de prazer até a minha virilha.

— Você tem peitos tão lindos, Ana — murmura, e meus mamilos endurecem ainda mais em resposta.

Ouço seu murmúrio de aprovação e solto um gemido. Seus lábios descem ao longo do meu pescoço para um dos seios, deixando mordidas suaves e me chupando mais e mais, na direção do mamilo, e de repente sinto o aperto do grampo.

— Ah! — lanço um gemido através do objeto em minha boca.

Minha nossa, a sensação é deliciosa, crua, dolorosa, prazerosa... uau, o beliscão. Gentilmente, ele lambe o mamilo preso e, ao fazê-lo, coloca o outro grampo. O aperto é igualmente árduo... mas tão bom quanto o primeiro. Solto um grito.

— Sinta isso — sussurra.

Ah, estou sentindo. Estou sentindo. Estou sentindo.

— Me dê isto. — Com cuidado, ele puxa a chupeta de metal adornado de minha boca, e eu a solto.

Mais uma vez suas mãos trilham um caminho ao longo de meu corpo até o meu sexo. Ele passou mais óleo nas mãos. Elas deslizam pela minha bunda.

Suspiro. O que ele vai fazer? Fico tensa, de joelhos, à medida que ele corre os dedos entre minhas nádegas.

— Calma, fique calma — sussurra perto de minha orelha e beija meu pescoço, seus dedos me alisando e me provocando.

O que ele vai fazer? Sua outra mão desliza para baixo ao longo de minha barriga até o meu sexo, esfregando-me mais uma vez. Ele desliza os dedos para dentro de mim, e eu gemo alto, satisfeita.

— Vou colocar isto dentro de você — murmura. — Mas não aqui — seus dedos brincam entre minhas nádegas, espalhando o óleo. — E sim aqui. — Ele move os dedos para dentro e para fora, batendo contra a parede da frente da minha vagina. Eu gemo e meus mamilos presos se incham.

— Ah.

— Silêncio — Christian remove os dedos e enfia o objeto em mim.

Ele segura meu rosto entre as mãos e me beija, a boca invadindo a minha, e eu ouço um clique bem de leve. Imediatamente o plugue começa a vibrar dentro de mim, lá em baixo! Suspiro. A sensação é extraordinária — mais intensa do que tudo que já senti antes.

— Ah!

— Calma. — Christian me tranquiliza, sufocando meus suspiros com a boca. Suas mãos se movem para baixo e puxam os grampos delicadamente. Grito bem alto.

— Christian, por favor!

— Calma, baby. Aguente só um pouco.

Isso é demais — todo esse excesso de estímulo, em todos os lugares. Meu corpo começa a subir, e de joelhos, sou incapaz de controlar a expectativa. Deus do céu... Será que vou ser capaz de aguentar isso?

— Boa menina. — Ele me acalma.

— Christian — ofego, soando desesperada mesmo para meus próprios ouvidos.

— Acalme-se, Ana, sinta isso. Não tenha medo.

Suas mãos estão agora em minha cintura, segurando-me, mas não consigo me concentrar nelas, no que está dentro de mim e também nos grampos. Meu corpo está se preparando, preparando-se para uma explosão: as vibrações implacáveis ​​e a tortura doce, tão doce, em meus mamilos. Puta merda. Vai ser intenso demais. Suas mãos descem de meus quadris, escorregadias e oleosas, tocando-me, sentindo-me, massageando minha pele — massageando minha bunda.

— Tão linda.

De repente ele enfia delicadamente um dedo cheio de óleo dentro de mim... ! Na minha bunda. Porra. A sensação é estranha, intensa, proibida... mas, ah... é tão... boa. E ele se move devagar, entrando e saindo, enquanto seus dentes arranham meu queixo erguido.

— Tão linda, Ana.

Estou suspensa no ar — no alto de uma ravina muito larga, e subo e caio ao mesmo tempo, tonta, mergulhando de volta à Terra. Não posso mais aguentar, e grito à medida que meu corpo se contorce e culmina na plenitude avassaladora. E enquanto meu corpo explode, não sou nada exceto sensação, em todos os lugares. Christian solta um dos grampos e depois o outro, fazendo com que meus mamilos reclamem com uma onda de dor suave, mas é tão, tão bom e faz com que o meu orgasmo se prolongue mais e mais. Seu dedo permanece onde está, saindo e entrando devagar.

— Ah! — grito, e Christian me envolve, segurando-me, e meu corpo continua a pulsar por dentro, sem dó. — Não! — grito de novo, implorando, e dessa vez ele tira o vibrador de dentro mim, e o dedo também, enquanto meu corpo continua a se contorcer.

Ele solta uma das algemas, e meus braços caem para a frente. Minha cabeça descansa em seu ombro, e estou perdida, perdida com todas essas sensações esmagadoras. Sou toda respiração entrecortada, desejo exausto e torpor suave e bem-vindo.

Vagamente, percebo que Christian me levanta, leva-me para a cama e me coloca sobre os lençóis frios de cetim. Depois de um momento, com as mãos ainda cheias de óleo, ele massageia de leve as costas das minhas coxas, meus joelhos, minhas panturrilhas e meus ombros. Sinto a cama afundar quando ele se deita ao meu lado.

Ele tira minha venda, mas não tenho energia para abrir os olhos. Pegando minha trança, ele desfaz o laço no cabelo e se inclina para a frente, beijando-me com carinho nos lábios. Só a minha respiração irregular perturba o silêncio no quarto, estabilizando-se à medida que desço devagar de volta à Terra. A música parou.

— Tão linda — murmura ele.

Quando convenço um dos meus olhos a se abrir, ele está me olhando, sorrindo de mansinho.

— Oi — diz. Consigo apenas soltar um grunhido em resposta, e seu sorriso se amplia. — Foi maldade o suficiente para você?

Faço que sim com a cabeça e abro um sorriso relutante. Caramba, mais um pouco de maldade e eu teria que espancar nós dois.

— Acho que você está tentando me matar — murmuro.

— Morte por orgasmo — sorri. — Há maneiras piores de morrer — diz, mas, em seguida, franze o cenho quase imperceptivelmente, quando um pensamento desagradável lhe passa pela cabeça. Isso me incomoda. Estico a mão e acaricio seu rosto.

— Você pode me matar desse jeito sempre que quiser — sussurro.

Noto que ele está maravilhosamente nu e pronto para a ação. Quando pega minha mão e beija meus dedos, aproximo-me e seguro seu rosto entre as mãos, puxando sua boca para a minha. Ele me beija rapidamente e então para.

— Isso é o que eu quero fazer — murmura e enfia a mão debaixo do travesseiro para pegar o controle remoto do aparelho de som. Ele aperta um botão e os acordes suaves de uma guitarra ecoam pelas paredes. — Quero fazer amor com você — diz, olhando para mim, os olhos cinzentos ardendo de amor sincero e vívido. Baixinho, no fundo, uma voz familiar começa a cantar “The First Time Ever I Saw Your Face”. E seus lábios encontram os meus.

* * *

ENQUANTO EU ME comprimo ao redor dele, atingindo o orgasmo mais uma vez, Christian se solta em meus braços, a cabeça jogada para trás, gritando meu nome. Ele me aperta com força contra o peito quando nos sentamos face a face no meio da cama enorme, eu por cima dele. E, nesse momento — esse momento de alegria com esse homem e essa música —, a intensidade de minha experiência essa manhã, aqui com ele, e tudo o que aconteceu na última semana me inunda de novo, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Estou completamente dominada pelos sentimentos. Sou tão profundamente apaixonada por ele. Pela primeira vez tive um vislumbre de como ele se sente a respeito de minha segurança.

Estremeço ao relembrar quão perto ele passou do perigo ontem, com Charlie Tango, e meus olhos se enchem d’água. Se alguma coisa acontecesse com ele... Eu o amo tanto. Minhas lágrimas escorrem, expostas, pelas bochechas. As tantas personalidades de Christian... seu lado doce e gentil, e seu jeito arrebatado e Dominador “posso fazer o que bem entender e você vai gozar loucamente”... seus cinquenta tons... ele por inteiro. Espetacular em todas as suas facetas. Todinho meu. E estou ciente de que não conhecemos um ao outro completamente, e temos uma montanha de problemas para superar, mas sei por nós dois que vamos conseguir — e que vamos ter uma vida inteira para fazê-lo.

— Ei — ofega ele, apertando minha cabeça entre as mãos, olhando-me. Ainda dentro de mim. — Por que você está chorando? — Sua voz está repleta de preocupação.

— Porque amo tanto você — sussurro.

Ele semicerra os olhos como se estivesse sob o efeito de uma droga, absorvendo minhas palavras. Quando os abre de novo, eles brilham com amor.

— E eu amo você, Ana. Você me faz... inteiro. — Ele me beija suavemente enquanto Roberta Flack termina sua canção.

* * *

NÓS CONVERSAMOS E conversamos e conversamos, sentados juntos na cama do quarto de jogos, eu em seu colo, nossas pernas em torno um do outro. O lençol de cetim vermelho nos envolve feito um casulo, e não tenho ideia de quanto tempo se passou. Christian está rindo de minha imitação de Kate durante a sessão de fotos no Heathman.

— E pensar que poderia ter sido ela quem foi me entrevistar. Graças a Deus existe o resfriado — murmura, beijando meu nariz.

— Acho que foi uma gripe, Christian — repreendo-o, correndo o dedo preguiçosamente pelos cabelos em seu peito e me admirando que ele esteja tolerando isso tão bem. — As varas todas sumiram — murmuro, recordando meu momento de distração hoje mais cedo.

Ele passa uma mecha de cabelo atrás de minha orelha pela enésima vez.

— Achei que você nunca fosse superar esse limite rígido.

— Não, acho que não — sussurro, os olhos arregalados, e me vejo encarando os açoites, as palmatórias e os chicotes alinhados na parede oposta.

Ele segue meu olhar.

— Você quer que eu me livre deles também? — soa divertido, porém sincero.

— Não o chicote... o marrom. Nem o açoite de pontas de camurça. — Fico vermelha.

Ele sorri para mim.

— Certo, o chicote e o açoite de pontas. Ora, ora, Srta. Steele, você é cheia de surpresas.

— Como você, Sr. Grey. É uma das coisas que amo em você. — Eu o beijo de leve no canto da boca.

— E o que mais você ama em mim? — pergunta ele, e seus olhos se arregalam.

Sei que é um passo enorme, para ele, fazer essa pergunta. Isso me toca profundamente, e eu pisco para ele. Amo tudo nele, até mesmo os seus cinquenta tons. Sei que a vida com Christian nunca vai ser entediante.

— Isto. — Corro o indicador por seus lábios. — Amo isto e o que esta boca me diz e o que ela faz comigo. E o que tem aqui dentro. — Acaricio suas têmporas. — Você é tão inteligente e espirituoso e experiente, competente em tantas coisas. Mas, acima de tudo, amo o que está aqui. — Pressiono a palma da mão suavemente contra seu peito, sentindo seu coração batendo firme. — Você é o homem mais compassivo que já conheci. As coisas que você faz. O jeito como você trabalha. É inspirador — sussurro.

— Inspirador? — Ele está confuso, mas há um traço de humor em seu rosto.

Então seu rosto se transforma, e seu sorriso tímido aparece como se ele estivesse envergonhado, e quero pular em cima dele. E é o que eu faço.

* * *

ESTOU COCHILANDO, ENVOLTA em cetim e em Grey. Christian me acorda com uma fungada no pescoço.

— Com fome? — sussurra.

— Hum, faminta.

— Eu também.

Levanto-me para fitá-lo, esparramado na cama.

— É seu aniversário, Sr. Grey. Vou cozinhar alguma coisa. O que você quer comer?

— Me surpreenda. — Ele passa a mão pelas minhas costas, acariciando-me de leve. — É melhor eu dar uma olhada no BlackBerry para ver as mensagens que perdi ontem. — Suspira e se senta, e sei que nosso momento especial acabou... por enquanto. — Vamos tomar um banho — diz ele.

Quem sou eu para recusar um pedido do aniversariante?

* * *

CHRISTIAN ESTÁ NO escritório, ao telefone. Taylor está com ele, parecendo sério, mas ao mesmo tempo descontraído, de jeans e uma camiseta preta apertada. Ocupo-me na cozinha preparando o almoço. Encontrei postas de salmão na geladeira, e as estou temperando com limão, fazendo uma salada e cozinhando umas batatinhas. Sinto-me extraordinariamente tranquila e feliz, no topo do mundo — literalmente. Voltando-me para o janelão, fito o céu azul maravilhoso. Todo aquele tempo conversando... todo aquele sexo... hum. Acho que posso me acostumar com isso.

Taylor sai do escritório, interrompendo meu devaneio. Baixo o volume do iPod e tiro um dos fones de ouvido.

— Oi, Taylor.

— Ana. — Ele acena com a cabeça.

— Sua filha está bem?

— Sim, obrigado. Minha ex-mulher achou que ela estava com apendicite, mas estava exagerando, como sempre. — Taylor revira os olhos, surpreendendo-me. — Sophie está bem, embora esteja com uma gastroenterite feia.

— Sinto muito.

Ele sorri.

Charlie Tango foi achado?

— Foi. A equipe de recuperação está a caminho. Eles devem levá-lo para o aeroporto da Boeing esta noite.

— Que bom.

Ele me abre um sorriso contido.

— Isso é tudo, senhora?

— Sim, sim, claro. — Fico vermelha... será que algum dia vou me acostumar com Taylor me chamando de senhora? Me faz sentir tão velha, com uns trinta anos, pelo menos.

Ele acena com a cabeça e deixa a sala de estar. Christian ainda está ao telefone. Estou esperando a água das batatas ferver. E tenho uma ideia. Pego meu BlackBerry de dentro da bolsa. Há uma mensagem de Kate.


* Vejo vc hoje à noite. Estou louca para ter uma looooooooonga conversa *

Respondo.


* Eu também *

Vai ser bom conversar com Kate.

Abro o programa de e-mails e digito uma mensagem rápida para Christian.

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De: Anastasia Steele

Assunto: Almoço

Data: 18 de junho de 2011 13:12

Para: Christian Grey


Caro Sr. Grey


Estou escrevendo para informar que o almoço está quase pronto.


E que hoje mais cedo eu dei uma trepada sacana de deixar qualquer um maluco.


Recomendo muito trepadas sacanas de aniversário.


E outra coisa: amo você.


Bj


(Sua noiva)


Fico de ouvido atento para escutar sua reação, mas ele ainda está ao telefone. Dou de ombros. Talvez esteja muito ocupado. Meu BlackBerry vibra.

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De: Christian Grey

Assunto: Trepada sacana

Data: 18 de junho de 2011 13:15

Para: Anastasia Steele


Que aspectos exatamente deixaram você maluca?


Estou mantendo um histórico.


Christian Grey


Um CEO faminto e definhando depois dos exercícios extenuantes desta manhã, Grey Enterprises Holdings, Inc.


PS: Amei sua assinatura.


PS2: O que aconteceu com a arte da conversação?

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De: Anastasia Steele

Assunto: Faminto?

Data: 18 de junho de 2011 13:18

Para: Christian Grey


Caro Sr. Grey


Posso chamar sua atenção para a primeira linha de meu último e-mail, informando que o almoço está de fato quase pronto? Portanto, nada de choramingar que está faminto e definhando. No que diz respeito aos aspectos enlouquecedores da trepada sacana... francamente, tudo. Gostaria de ler suas anotações. E também gosto da minha assinatura entre parênteses.


Bj


(Sua noiva)


PS: Desde quando você é tão loquaz? E você está ao telefone!


Aperto “enviar” e ergo a cabeça. Ele está de pé na minha frente, sorrindo. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele contorna a bancada da cozinha, me pega em seus braços e me beija profundamente.

— Isso é tudo, Srta. Steele — diz, soltando-me, e volta, de calça jeans, pés descalços e camiseta branca para fora da calça, para seu escritório, deixando-me sem fôlego.

* * *

PREPAREI O MOLHO de agrião, coentro e creme de leite para acompanhar o salmão, e arrumei a bancada da cozinha. Odeio interrompê-lo quando está trabalhando, mas agora estou de pé na porta de seu escritório. Ele ainda está ao telefone, descabelado como quem sai de uma boa transa, os olhos cinzentos e brilhantes: um banquete visual completo. Ele ergue o olhar ao me ver e não tira os olhos de mim. Então, franze a testa de leve, e não sei se é por minha causa ou por causa de sua conversa.

— Só deixe eles entrarem e não encha o saco deles. Entendeu, Mia? — Ele chia e revira os olhos. — Ótimo.

Tento imitar uma pessoa comendo, e ele sorri para mim e faz que sim com a cabeça.

— Vejo você mais tarde — desliga. — Só mais um telefonema? — pergunta.

— Claro.

— Esse vestido é muito curto — acrescenta.

— Você gostou? — Dou uma voltinha rápida.

É uma das roupas que Caroline Acton comprou. Um vestido de verão macio azul-turquesa, provavelmente mais adequado para usar na praia, mas o dia está tão bonito em tantos sentidos. Ele franze a testa, e a expressão em meu rosto se desfaz.

— Você fica fantástica nele, Ana. Só não quero que ninguém mais a veja assim.

— Ei! — Faço uma cara feia para ele. — A gente está em casa, Christian. Não tem ninguém aqui além dos funcionários.

Ele contrai a boca. Ou está tentando esconder sua diversão ou realmente não achou graça. Mas ele acaba por fazer que sim com a cabeça, tranquilizado. Balanço a cabeça para ele — ele está mesmo falando sério? Volto para a cozinha. Cinco minutos depois, ele está de novo na minha frente, segurando o telefone.

— Estou com Ray ao telefone, para você — murmura, os olhos cautelosos.

Todo o ar me foge do corpo ao mesmo tempo. Pego o telefone e cubro o bocal.

— Você contou a ele! — sussurro.

Christian faz que sim com a cabeça, e seus olhos se arregalam diante do meu nervosismo óbvio.

Merda! Respiro fundo.

— Oi, pai.

— Christian acaba de me perguntar se ele pode se casar com você — diz Ray.

O silêncio se estende entre nós enquanto tento desesperadamente pensar no que dizer. Ray, como de costume, permanece calado, sem me dar nenhuma pista sobre a sua reação a essa notícia.

— O que você respondeu? — Eu cedo primeiro.

— Eu disse que queria falar com você. É meio repentino, você não acha, Annie? Você não o conhece há muito tempo. Quero dizer, ele é um sujeito bacana, entende de pesca... mas tão cedo assim? — sua voz é calma e controlada.

— É. É repentino mesmo... só um minuto. — Saio depressa da cozinha, afastando-me do olhar ansioso de Christian, e caminho na direção do janelão. As portas da varanda estão abertas, e ando para o lado de fora, até a luz do sol. Não consigo me aproximar da beirada. É alto demais. — Sei que foi de repente e tudo mais... Só que... bem, eu o amo. Ele me ama. Ele quer se casar comigo, e não existe mais ninguém para mim. — Fico vermelha, pensando que essa é provavelmente a conversa mais íntima que já tive com meu padrasto.

Ray permanece em silêncio do outro lado da linha.

— Você já contou à sua mãe?

— Não.

— Annie... Eu sei que ele é rico e é um bom partido e tal, mas casar? É um passo tão grande. Você tem certeza?

— Ele é o meu “felizes para sempre” — sussurro.

— Uau — diz Ray depois de um momento, o tom mais suave.

— Ele é tudo.

— Annie, Annie, Annie. Você é uma jovem tão obstinada. Peço a Deus que você saiba o que está fazendo. Passe o telefone de volta para ele, sim?

— Claro, pai. E pai, você pode entrar comigo na igreja? — pergunto baixinho.

— Ah, querida — sua voz falha, e ele fica quieto por alguns momentos, a emoção em sua voz enchendo meus olhos d’água. — Nada me faria mais feliz — diz, afinal.

Ah, Ray. Amo tanto você... Engulo em seco para não chorar.

— Obrigada, pai. Vou passar para o Christian. Seja gentil com ele. Eu o amo — sussurro.

Acho que Ray está sorrindo do outro lado da linha, mas é difícil saber. Com Ray é sempre difícil saber.

— Pode deixar, Annie. E vê se vem visitar o seu velho, trazendo esse Christian com você.

Volto para a sala — fula da vida com Christian por não ter me avisado — e entrego o telefone para ele, demonstrando pela minha expressão como estou chateada. Ele parece divertido ao pegar o telefone, e caminha de volta para o escritório. Dois minutos depois, reaparece.

— Seu padrasto me deu sua benção um tanto relutante — diz, orgulhoso, tão orgulhoso que me faz rir, e ele sorri de volta. Está agindo como se tivesse acabado de negociar uma grande fusão ou uma aquisição, o que, suponho, não deixa de ser verdade em algum nível.

* * *

— CARAMBA, MULHER, você cozinha bem. — Christian engole a última garfada e ergue o copo de vinho branco para mim.

Fico toda boba com o elogio e me dou conta de que só vou poder cozinhar para ele nos fins de semana. Franzo a testa. Gosto de cozinhar. Talvez eu devesse ter feito um bolo de aniversário para ele. Dou uma olhada no relógio. Ainda tenho tempo.

— Ana? — Ele interrompe meus pensamentos. — Por que você me pediu para não tirar fotos suas? — Sua pergunta me assusta, especialmente porque sua voz é enganadoramente suave.

Ah... merda. As fotos.

Olho para baixo, para meu prato vazio, torcendo os dedos em meu colo. O que posso dizer? Eu tinha prometido a mim mesma que não falaria que achei sua versão caseira da Penthouse.

— Ana — ele resmunga. — O que foi?

Sua voz me faz dar um pulo e olhar para ele. Quando foi que achei que ele não me intimidava mais?

— Achei as suas fotos — sussurro.

Seus olhos se arregalam de choque.

— Você abriu o cofre? — pergunta, incrédulo.

— Cofre? Não. Não sabia que você tinha um cofre.

Ele franze a testa.

— Não estou entendendo.

— No seu armário. A caixa. Estava procurando suas gravatas, e a caixa estava debaixo da sua calça jeans... aquela que você normalmente usa no quarto de jogos. Menos hoje. — Fico vermelha.

Ele me olha boquiaberto, horrorizado, e corre as mãos nervosamente pelo cabelo à medida que assimila essa informação. Esfrega o queixo, perdido em pensamentos, mas não pode esconder o incômodo perplexo em seu rosto.

De repente, balança a cabeça, exasperado — mas também divertido —, e um pequeno sorriso de admiração surge nos cantos de sua boca. Ele junta as mãos numa súplica diante de si mesmo e me encara de novo.

— Não é o que você está pensando. Tinha me esquecido dessas fotos. A caixa foi tirada do lugar. As fotografias normalmente ficam no meu cofre.

— E quem tirou a caixa do lugar? — sussurro.

Ele engole em seco.

— Só tem uma pessoa que poderia ter feito isso.

— Ah. Quem? E o que você quer dizer com “Não é o que eu estou pensando”?

Ele suspira e inclina a cabeça para o lado, acho que está envergonhado. Acho bom!, meu inconsciente rosna.

— Isso vai soar frio, mas... elas são uma apólice de seguro — sussurra, preparando-se para a minha resposta.

— Apólice de seguro?

— Contra a exposição da minha pessoa.

A ficha cai com um barulho desconfortável, ressoando dentro de minha cabeça vazia.

— Ah — balbucio, porque não consigo pensar no que dizer. Fecho os olhos. É isso. Isso é cinquenta tons de piração, ao vivo e a cores. — É. Você tem razão — murmuro. — Realmente soa frio. — Fico de pé para juntar os pratos. Não quero mais saber do assunto.

— Ana.

— Elas sabem? As mulheres... as submissas?

— Claro que sabem. — Ele franze a testa.

Ah, bem, isso já é alguma coisa. Ele estende a mão, agarrando-me e puxando-me para junto de si.

— Essas fotos deveriam estar no cofre. Não são para uso recreativo. — Ele faz uma pausa. — Talvez tenham sido, quando foram tiradas. Mas... — Ele para, implorando. — Elas não significam nada.

— Quem as colocou no seu armário?

— Só pode ter sido Leila.

— Ela sabe a senha do cofre?

— Não me surpreenderia. — Ele dá de ombros. — É um código muito longo, e eu quase nunca uso. É o único número que tenho anotado e nunca mudei. — Ele balança a cabeça. — Eu me pergunto o que mais ela sabe, e se ela pegou mais alguma coisa do cofre. — Ele franze a testa, em seguida, volta sua atenção para mim. — Olhe, vou destruir as fotos. Agora, se você quiser.

— São suas fotos, Christian. Faça o que quiser com elas — balbucio.

— Não fique assim — diz ele, pegando a minha cabeça entre as mãos e prendendo meu olhar no seu. — Não quero essa vida. Quero a nossa vida, juntos.

Deus do céu. Como ele sabe que o que existe por trás do meu horror por essas fotos é a minha paranoia?

— Ana, achei que a gente tinha exorcizado todos esses fantasmas esta manhã. Foi como eu me senti. Você não?

Eu pisco para ele, recordando a nossa manhã muito, mas muito agradável, romântica e para lá de selvagem no quarto de jogos.

— Sim — sorrio. — Sim, eu também.

— Que bom. — Ele se inclina para a frente e me beija, apertando-me em seus braços. — Vou rasgar as fotos — murmura. — E depois, tenho que trabalhar. Me desculpe, baby, mas tenho um monte de coisas para resolver hoje de tarde.

— Tudo bem. Tenho que ligar para minha mãe. — Faço uma careta. — Depois quero fazer umas compras e assar um bolo para você.

Ele sorri e seus olhos brilham feito os de um menino pequeno.

— Um bolo?

Faço que sim com a cabeça.

— De chocolate?

— Você quer de chocolate?

Seu sorriso é contagiante. Ele faz que sim com a cabeça.

— Vou ver o que posso fazer, Sr. Grey.

Ele me beija mais uma vez.

* * *

CARLA FICA MUDA de choque.

— Mãe, diga alguma coisa.

— Você não está grávida, está, Ana? — sussurra, horrorizada.

— Não, não, não é nada disso.

Meu coração se enche de decepção, e eu fico triste que ela pense isso de mim. Mas então, com uma onda de sofrimento, eu me lembro que ela estava grávida de mim quando se casou com meu pai.

— Sinto muito, querida. É só que isso é tão repentino. Quero dizer, Christian é um partidão, mas você é tão jovem, e você deveria ver um pouco do mundo.

— Mãe, você não pode simplesmente ficar feliz por mim? Eu o amo.

— Querida, eu só preciso me acostumar com a ideia. É um choque. Dava para ver na Geórgia que havia algo de especial entre você dois, mas casamento...?

Na Geórgia, ele ainda queria que eu fosse submissa dele, mas não vou dizer isso a ela.

— Vocês já marcaram a data?

— Não.

— Queria que seu pai estivesse vivo — sussurra.

Ah, não... isso não. Não agora.

— Eu sei, mãe. Gostaria de tê-lo conhecido também.

— Ele só segurou você no colo uma vez, e estava tão orgulhoso. Ele achou você a menina mais linda do mundo. — Sua voz é só um sussurro à medida que narra, de novo, o conto familiar. Daqui a pouco vai estar aos prantos.

— Eu sei, mãe.

— E aí ele morreu. — Ela funga, e sei que, como sempre, isso é só o começo.

— Mãe — sussurro, querendo atravessar o telefone para abraçá-la.

— Sou uma velha boba — murmura ela e funga novamente. — É claro que estou feliz por você, querida. Ray já sabe? — acrescenta, parecendo ter recuperado o equilíbrio.

— Christian acabou de pedir a ele.

— Ah, que bonitinho. Que bom. — Ela soa bastante melancólica, mas está se esforçando.

— É, foi mesmo — murmuro.

— Ana, querida, eu amo tanto você. E estou feliz por você, sim. Vocês dois tratem de me visitar.

— Pode deixar, mãe. Também amo você.

— Bob está me chamando, tenho que ir. Me avise quando fechar a data. Precisamos planejar as coisas... vai ser um festão?

Festão, droga. Nem tinha pensado nisso. Um festão? Não. Não quero um festão.

— Não sei ainda. Assim que souber, eu ligo para você.

— Ótimo. Se cuide e proteja-se. Vocês dois precisam se divertir um pouco... vocês têm tempo de sobra para filhos depois.

Filhos! Hum... e, mais uma vez, lá está a referência não tão velada ao fato de que ela me teve cedo demais.

— Mãe, eu não estraguei a sua vida, estraguei?

Ela arqueja.

— Ah, não, Ana, nunca pense isso. Você foi a melhor coisa que aconteceu a mim e ao seu pai. Eu só queria que ele estivesse aqui para vê-la tão crescida, se casando. — Ela retorna ao tom melancólico e piegas.

— Eu também. — Balanço a cabeça, pensando em meu pai mítico. — Mãe, vou deixar você ir. Ligo de novo depois.

— Amo você, querida.

— Eu também, mãe. Tchau.

* * *

É UM SONHO TRABALHAR na cozinha de Christian. Para um homem que não entende nada de culinária, ele parece ter tudo. Suspeito que a Sra. Jones também adore cozinhar. A única coisa de que preciso é de um chocolate de qualidade para fazer a cobertura. Deixo as duas metades do bolo esfriando sobre uma grelha feita para isso, pego minha bolsa e passo a cabeça pela porta do escritório de Christian. Ele está concentrado diante de seu monitor. Então, ergue o olhar e sorri para mim.

— Vou dar um pulinho no mercado para comprar uns ingredientes.

— Está bem. — Ele franze a testa para mim.

— O que foi?

— Você vai vestir uma calça jeans ou algo assim?

Ah, fala sério.

— Christian, são só pernas.

Ele me encara, nem um pouco divertido. Vai ser uma briga. E é aniversário dele. Reviro os olhos, sentindo-me como uma adolescente problemática.

— E se a gente estivesse na praia? — Tomo um rumo diferente.

— A gente não está na praia.

— Você reclamaria se a gente estivesse na praia?

Ele pensa por um momento.

— Não — diz simplesmente.

Reviro os olhos novamente e lanço um sorriso malicioso para ele.

— Bem, então finja que a gente está. Até mais.

Eu me viro e disparo para o saguão. Entro no elevador antes que ele me alcance. As portas começam a se fechar, e eu aceno para ele, sorrindo docemente enquanto ele assiste de olhos semicerrados, impotente, mas — ainda bem — divertido. Ele balança a cabeça, exasperado, e não posso mais vê-lo.

Hum, isso foi empolgante. A adrenalina está pulsando em minhas veias, e meu coração parece que vai sair pela boca. Mas, quando o elevador começa a descer, minha animação some. Merda, o que foi que eu fiz?

Cutuquei a onça com vara curta. Ele vai estar furioso quando eu voltar. Meu inconsciente está me encarando por sobre seus óculos de meia-lua, uma vareta na mão. Merda. Penso na pouca experiência que tenho com homens. Nunca morei com um homem antes — quero dizer, exceto Ray — e, de alguma forma, ele não conta. Ele é meu pai... bem, o homem que considero meu pai.

E agora tenho Christian. Ele nunca morou de verdade com ninguém, acho. Vou ter que perguntar a ele — se ainda estiver falando comigo.

Mas acho mesmo que devo vestir o que bem entender. Eu me lembro de suas regras. Sim, isso deve ser difícil para ele, mas com certeza ele pagou por esse vestido. Deveria ter dado instruções mais claras à Neiman: nada muito curto!

E essa saia não é tão curta assim, é? Dou uma olhada no espelho da portaria. Droga. Sim, é bem curta, mas agora já bati o pé. E sem dúvida vou ter que enfrentar as consequências. Pergunto-me vagamente o que ele vai fazer, mas primeiro preciso de dinheiro.

* * *

DOU UMA OLHADA no meu saldo no caixa eletrônico: cinquenta e um mil seiscentos e oitenta e nove dólares e dezesseis centavos. São cinquenta mil a mais do que deveria ter! Anastasia, você vai ter que aprender a ser rica também, se disser sim. E é assim que começa. Saco meus parcos cinquenta dólares e caminho até o mercado.

* * *

ASSIM QUE CHEGO, vou direto para a cozinha, e não posso deixar de sentir um arrepio de tensão. Christian ainda está no escritório. Caramba, já passou a maior parte da tarde lá dentro. Decido que minha melhor opção é enfrentá-lo e ver o tamanho do meu problema. Dou uma olhada cautelosa pela porta do escritório. Ele está ao telefone, olhando pela janela.

— E o especialista em Eurocopters vai chegar na segunda-feira à tarde?... Ótimo. Basta me manter informado. Diga a eles que vou precisar do relatório inicial na segunda-feira à noite ou na terça-feira pela manhã. — Ele desliga e gira em sua cadeira, mas trava assim que me vê, a expressão impassível.

— Oi — sussurro.

Ele não responde, e meu coração despenca até o estômago. Com cuidado, entro no escritório e dou a volta em sua mesa, até onde ele está sentado. Ele continua sem dizer nada, os olhos fixos nos meus. Fico de pé diante dele, sentindo-me uns cinquenta tons idiota.

— Voltei. Você está bravo comigo?

Ele suspira, pega a minha mão e me puxa até o seu colo. Envolvendo os braços ao redor de mim, enterra o nariz em meu cabelo.

— Estou.

— Desculpe. Não sei o que deu em mim. — Enrosco-me em seu colo, inalando seu cheiro celestial, sentindo-me segura, apesar de ele estar bravo comigo.

— Nem eu. Use as roupas que você quiser — murmura. Ele corre a mão pela minha perna nua até a minha coxa. — Além do mais, esse vestido tem suas vantagens. — E se inclina para me beijar.

Assim que nossos lábios se tocam, sou dominada por uma paixão ou uma lascívia ou uma necessidade profunda de fazer as pazes, e o desejo corre solto em meu sangue. Pego sua cabeça nas mãos, enfiando os dedos em seu cabelo. Christian geme, seu corpo responde, e ele morde faminto meu lábio inferior — meu pescoço, minha orelha, sua língua invadindo minha boca, e antes que eu perceba, ele está abrindo a calça, colocando-me de pernas abertas em seu colo e entrando em mim. Agarro o encosto da cadeira, meus pés mal tocando o chão... e nós começamos a nos movimentar.

* * *

— GOSTO DO SEU JEITO de pedir desculpas. — Ele respira em meu cabelo.

— E eu gosto do seu. — Rio, aninhando-me em seu peito. — Você já acabou?

— Deus do céu, Ana, você quer mais?

— Não! O trabalho.

— Vou acabar em meia hora, mais ou menos. Ouvi sua mensagem na minha caixa postal.

— De ontem.

— Você parecia preocupada.

— Eu estava preocupada. — Abraço-o com força. — Não é do seu feitio não responder.

Ele beija meu cabelo.

— Seu bolo deve ficar pronto em meia hora. — Sorrio para ele e levanto do seu colo.

— Mal posso esperar. O cheiro que veio do forno estava delicioso, sugestivo mesmo.

Eu sorrio timidamente para ele, sentindo-me um pouco envergonhada, e ele espelha minha expressão. Caramba, somos mesmo tão diferentes? Talvez sejam suas memórias de infância de bolo no forno. Inclinando-me, deixo um beijo rápido no canto de sua boca e volto para a cozinha.

* * *

JÁ TENHO TUDO pronto quando o ouço sair do escritório, e acendo uma vela dourada no topo do bolo. Ele abre um sorriso de orelha a orelha enquanto caminha na minha direção, e eu canto “Parabéns pra você” baixinho. Ele se abaixa e assopra a vela, de olhos fechados.

— Já fiz meu pedido — diz ao abri-los novamente e, por algum motivo, seu olhar me faz corar.

— A cobertura ainda está mole. Espero que você goste.

— Mal posso esperar para provar, Anastasia — murmura ele, fazendo a frase soar tão sensual.

Corto uma fatia para cada um de nós, e comemos com garfinhos pequenos.

— Hum — geme ele, satisfeito. — É por isso que quero casar com você.

E eu rio de alívio... ele gostou.

* * *

— PRONTA PARA ENFRENTAR minha família? — Christian desliga o motor do R8.

Estamos estacionados na garagem de seus pais.

— Pronta. Você vai dizer a eles?

— Claro. Estou ansioso para ver a reação deles. — Ele abre um sorriso malicioso para mim e sai do carro.

São sete e meia da noite, e apesar de ter sido um dia quente, uma brisa fresca sopra da baía. Aperto a echarpe ao meu redor ao sair do carro. Estou usando um vestido de festa verde-esmeralda que encontrei hoje de manhã quando estava vasculhando o armário. Ele tem um cinto largo combinando. Christian pega a minha mão, e seguimos para a porta da frente. Carrick abre a porta antes que ele possa bater.

— Christian, olá. Feliz aniversário, meu filho. — Ele pega a mão estendida de Christian, mas o puxa num abraço breve, surpreendendo-o.

— Er... Obrigado, pai.

— Ana, que bom ver você de novo. — Ele também me abraça, e nós o seguimos para dentro da casa.

Antes de chegarmos à sala de estar, Kate atravessa o corredor, fumegando, na nossa direção. Parece furiosa.

Ah, não!

— Vocês dois! Quero falar com vocês — rosna em seu tom de “é melhor vocês não se meterem comigo”.

Olho nervosa para Christian, que dá de ombros e decide fazer sua vontade, e nós a seguimos até a sala de jantar, deixando Carrick confuso sob o umbral da porta da sala de estar. Ela fecha a porta e se vira para mim.

— Que porra é essa? — sussurra e agita uma folha de papel na minha direção.

Completamente confusa, pego a folha e dou uma olhada rápida. Minha boca fica seca. Puta merda. É a minha resposta ao e-mail de Christian, discutindo o contrato.

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