I

O enorme Daimler negro, as bandeiras com a águia imperial esvoaçando junto aos enlameados faróis dianteiros, cruzou a Rue de la Chausée, entrou na Grande Place por sul, deu vagarosamente a volta ao largo e imobilizou-se frente ao Hôtel de Ville, o edifício da Mairie, os batedores espraiando-se pela praça para vigiarem os acessos, afinal de contas havia oito ruas que para ali iam convergir. Um oficial com a cruz de ferro ao colarinho e farda feldgrau fez continência para a janela da limusina, deu um passo em frente e abriu com deferência a porta esquerda traseira. O general saiu do carro, a bota impecavelmente polida mergu lhou numa poça de água barrenta, “Scheisse!”, praguejou, procurou uma parte mais seca do piso, sentiu o vento cortante a atormentar-lhe o rosto e ajeitou o grosso sobretudo com um gesto rápido, protegendo o pescoço do frio.

“Was fiir ein schreckliches Wetter! “, vociferou entre dentes, a voz rouca e baixa, resmungando contra o tempo e o frio.

Ergueu os olhos para o céu cinzento, procurando inexistentes raios de sol, mas a sua atenção foi atraída para a soberba fachada que se erguia em frente. O general estacou defronte dos enormes portões abertos diante de si, admirando a arquitectura do edifício da Câmara Municipal e ignorando os soldados que se perfilavam em sentido e a estranha estátua de ferro que protegia a entrada.

“Xas ist das fr ein Kunststil?”, perguntou ao ajudante-de-campo, sem tirar os olhos da fachada. Queria saber qual era o estilo arquitectónico da Mairie.

“Gotilz, Herr Kommandant.”“

A Câmara de Mons estava instalada na praça principal da cidade, capital da ocupada província belga de Hainant. Era um antigo forte do século xv, construído em estilo gótico, imponente, a fachada pintada em cor-de-rosa e trabalhada em pormenor pelos arquitectos e pedreiros medievais. A estátua de ferro colocada junto à grande porta era a popular Grande Garde, o macaco da Guarda, uma escultura da Idade Média, de origem desconhecida, mostrando um macaco de cócoras, a mão esquerda a coçar a cara. Ao lado da original estátua encontrava-se uma tabuleta com Eintritt verboten escrito em gordas letras góticas, uma proibição de entrada obviamente destinada aos civis belgas. No alto do edifício, na 149


zona central, erguia-se, como uma coroa imponente, uma torre quase cilíndrica, com um relógio na base, assina lando oito horas e nove minutos.

Era manhã em Mons e o calendário marcava 11 de Novembro de 1917. Depois de apreciar a fachada do Hôtel de Ville, o general recém-chegado cruzou os portões, atravessou o túnel e chegou ao jardim interior, designado Le jardin du Mayeur, cruzou o jardim, entrou por uma porta larga, subiu ao salão nobre da sede do município, o ajudante-de-campo na peugada, e saudou apressadamente o grupo que o aguardava.

“Guten Morgen”, cumprimentou o general Erich Ludendorff general quartel-mestre das forças armadas alemãs, o cérebro por detrás das operações militares da Alemanha, o terceiro homem na hierarquia militar do país, depois do comandante-chefe, o Kaiser, e do marechal Paul von Hindenburg, mas na verdade o verdadeiro comandante de todos os exércitos alemães, a grande eminência parda do país.

O salão agitava-se de homens fardados, atarefados num bulício de traba-lho, um mapa gigantesco do sector da frente ocidental a espraiar-se pela mesa, no centro. Quando o general entrou, impôs-se instantaneamente o silêncio, os homens puseram-se em sentido e fizeram continência.

“Guten Morgen, Herr General”, exclamaram todas as vozes, mais ou menos em uníssono, o som a reverberar pelo salão.

Os elementos supérfluos dos diversos estados-maiores abandonaram rapidamente o local, numa agitação de papéis a serem remexidos e botas a ecoarem pelo soalho impecavelmente encerado. Os sons foram-se afastando e a tranquilidade instalou-se pouco a pouco até o silêncio se abater totalmente sobre o ambiente da sala. Ludendorff pousou a pasta que levava na mão, tirou da cabeça o característico pickelhaube, o imponente capacete negro com uma seta gótica apontada para cima, sentou- se no cadeirão que lhe estava reservado, em posição dominante na mesa, limpou o monóculo com meticulosa atenção, colocou-o no olho e, calado e perscrutador, fitou os três altos oficiais diante de si.

Estava reunido o Oberst Heeresleitung, o Comando Supremo Alemão, num conselho de guerra que iria revelar-se decisivo.

“Meine Herren”, começou o general, em tom vigoroso. “Estive a confe-renciar com o marechal Hindenburg e decidimos antecipar a ofensiva da Primavera. “ À mesa não estavam os comandantes dos vários corpos de exércitos alemães, mas, como era costume na tradição marcial da Alemanha, os respectivos chefes de estado-maior.

Eram eles que discutiam a estratégia, não os comandantes nominais. Sentado com Ludendorff encontrava-se o general Herman von Kuhl, chefe de estado-maior do corpo de exércitos do príncipe Rupprecht da Baviera e anfitrião daquela cimeira. Era em Mons que 150


estava sediado o quartel-general do príncipe Rupprecht e eram as suas tropas bávaras que garantiam a segurança do edifício, os estandartes axadrezados em azul e branco da Baviera ao lado da bandeira da Alemanha na fachada do município. Presentes encontravam-se também o general von der Schulenberg, chefe de estado-maior do corpo de exércitos do príncipe herdeiro, Guilherme, e o conselheiro de estratégia do próprio Ludendorff, o coronel Georg Wetzell.

“Como sabem, a entrada da América na guerra, há sete meses, alterou todos os dados”, declarou Ludendorff com um suspiro. “Os soldados ameri-canos já estão a chegar em grandes quantidades, mas acreditamos que só no Verão é que a sua influência poderá ser decisiva no teatro de operações. “

“Estamos numa corrida contra o tempo”, observou von Kuhl. “Nem mais”, concordou Ludendorff. “A iminente saída da Rússia da guerra libertou-nos a frente leste e abriu-nos uma janela de oportunidade que temos de apro-veitar. As nossas forças do Leste já começaram a afluir à frente ocidental e pela primeira vez começámos a ter vantagem numérica sobre os franceses e os ingleses. Temos agora cento e cinquenta divisões na frente ocidental e pode-remos em breve aumentar o nosso contingente em mais trinta divisões proveni-entes da pacificada frente leste e do Caporeto, onde derrotámos os italianos. Esta vantagem vai durar pouco tempo, por causa dos americanos, e temos, por isso, de tirar o máximo partido possível da actual situação. A primeira questão é saber onde vamos atacar. “

“Estamos a falar de que tipo de ataque? “, quis saber von Kuhl.

“De um ataque decisivo”, esclareceu Ludendorff, com um gesto enfático. “A nossa ofensiva terá de fazer vergar os aliados e obrigá-los a assinarem a paz. Nem mais nem menos. Será a ofensiva que nos vai dar a vitória.

“Nesse caso, só vejo um sítio possível”, disse von Kuhl. “A Flandres. “

“A Flandres? “, sorriu Ludendorff.

O general quartel-mestre sabia que a Flandres era justamente o sector em frente ao VI Corpo de Exércitos do príncipe Rupprecht da Baviera, cujo chefe de estado-maior era o próprio von Kuhl.

“A Flandres”, confirmou von Kuhl. “Os ingleses estão esgotados com a Batalha de Passchendaele e este é o momento de lhes desferir o golpe decisivo.“

“A Flandres não me parece boa ideia”, interrompeu von der Schulenberg, abanando a cabeça. “Os ingleses são duros de roer e acho que é melhor entrarmos pelo sector francês, menos disciplinado. “

“E em que sector francês está a pensar? “, perguntou Ludendorff.


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“Bem, Verdun parece-me o sítio ideal”, avançou von der Schulenberg. “Os franceses têm estado a ser duramente castigados em Verdun e penso que existem condições para os quebrarmos.“

“Verdun?“, sorriu novamente Ludendorff, nada surpreendido.

Verdun era o sector em frente do qual se encontravam as forças do príncipe herdeiro, de quem o general von der Schulenberg era chefe de estado-maior. Ou seja, qualquer dos corpos de exércitos queria uma fatia da acção e a melhor maneira de o conseguir era convencer Ludendorff a atacar no seu sector.

Ja, Verdun”, confirmou von der Schulenberg. “A Grã-Bretanha sobrevi-veria a um desastre na Flandres, mas a França jamais recuperaria de uma catástrofe em Verdun. Temos por isso de lançar um duplo ataque em Verdun, de modo a provocarmos o colapso de toda a linha francesa e obrigarmos Paris a negociar a paz. Se Paris negociar, Londres terá de ir atrás. “

O general quartel-mestre voltou-se para o seu assessor de estratégia.

“O que pensas, Wetzell? “

O coronel Wetzell olhou para von der Schulenberg.

“Concordo com o general von der Schulenberg”, disse.

“Verdun é melhor.“

“Porquê Verdun? “, quis saber Ludendorff.

Verdun é um ponto delicado, que é preciso controlar”, explicou Wetzell. “Os franceses são menos disciplinados, já houve várias revoltas entre eles este ano, e é importante começar pelo sector mais fraco. Derrotando os franceses, poderemos de seguida isolar os ingleses e forçar a paz. “

Ludendorff fez uma pausa, pensativo. O general era um homem alto e erecto, tinha a cabeça redonda e o cabelo cortado curto, os olhos protuberantes revelavam um carácter feito de ambição e impaciência. A impenetrável postura prussiana impunha respeito aos que o conheciam, ao ponto de haver mesmo quem confessasse que a sua presença provocava arrepios de medo, exageros por certo de espíritos frágeis, que se deixavam impressionar com facilidade. Mas a verdade é que a própria família se intimidava com o olhar frio do general e por vezes até circulava em casa o aviso sussurrado de que “o pai hoje parece um glaciar”. Por isso, quando fez a pausa pensativa naquele conselho de guerra em Mons, a mesa ficou em silêncio, os dois generais e o coronel quase suspenderam a respiração, à espera do veredicto.

“Não concordo”, sentenciou finalmente Ludendorff. “O terreno em Verdun é-nos desfavorável e quebrar aquele sector não nos daria nada de decisivo. Pior ainda, arriscamo-152


nos a sermos atacados pelos ingleses na Flandres, aproveitando a nossa vulnerabilidade quando estivermos a lidar com os franceses. Além disso, é preciso notar que os franceses estão a recuperar bem das feridas que lhes infligimos.”

“Então concorda com a minha proposta de atacar a Flandres? “, avançou von Kuhl, esperançado.

“Sim”, assentiu Ludendorff. “Para ganhar esta guerra é preciso derrotar os ingleses.

Esse é o primeiro grande princípio que nos deve orientar no nosso pensamento estratégico.

Derrotar os ingleses. Passchendaele abriu-lhes profundas feridas e deixou-os vulneráveis.

Temos de aproveitar o momento “

“Então, se vamos atacar na Flandres, o melhor sítio é o sector entre Ypres e Lens”, propôs von Kuhl.

“Mas isso é o grosso das forças inglesas”, argumentou Ludendorff, consultando o mapa. “Auf keinen Fall! Nem pensar! Terá de ser num sector em que se juntam exércitos de nacionalidades diferentes. Esses é que são pontos de ruptura, onde a coordenação entre forças diferentes é menos bem conseguida. “

“Está a pensar em quê? “, perguntou von Kuhl.

Ludendorff pôs-se de pé e apontou a bengala para o mapa sobre a mesa.

“Estou a pensar em St. Quentin”, disse Ludendorff, indicando aquela região do Somme. “O ponto onde se encontram o sector inglês e o sector francês.“

“Mas, Herr Kommandant, essa é a zona do Somme”, interrompeu o coronel Wetzell.

“Essa área está cheia de obstáculos, a progressão será difícil, e, além disso, os franceses poderão fazer chegar aí rapidamente os reforços. “

“É melhor do que a zona Ypres-Lens”, argumentou o general. “Não necessariamente”, disse von Kuhl, defendendo a sua ideia. “Notámos recentemente que existe uma vulnerabilidade importante nesse sector e penso que vale a pena explorá-la. “

“Uma vulnerabilidade? “, interrogou-se Ludendorff. “Uma pequena faixa da frente está a ser defendida por tropas portuguesas, encaixadas entre divisões inglesas”, explicou von Kuhl. “As nossas informações sugerem que os portugueses estão desmotivados, mal preparados e têm carência de oficiais e falta de descanso. “

“Wo ist es?“, questionou Ludendorff, querendu saber onde era isso.

“É no sector do rio Lys, a sul de Armentières, em Neuve Chapelle mais precisamente.”

“Ach!“, exclamou o comandante das forças alemãs, que ouvira falar do sector quando das primeiras grandes ofensivas aliadas em 1915. Olhou pensativamente para o mapa, fixando-se em Armentières. “Queres atacar os portugueses? “, perguntou Ludendorff.


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“Eu diria que eles estão a pedir para serem atacados”, sorriu von Kuhl. “Repare, Herr General, que o Lys responde ao seu requisito de atacar uma zona de junção de forças de nacionalidades diferentes.”

“Continuo a pensar que St. Quentin é melhor”, comentou Ludendorff, céptico.

“Note, Herr General, que a zona do Lys tem outra vantagem”, indicou von Kuhl, apontando no mapa para Armentières.

“Entrando por aqui, poderemos chegar ao estratégico eixo ferroviário de Hazebrouck, dificultando o movimento de reforços inimigos e deixando os ingleses sem espaço de manobra, encostando-os ao mar. “

“Herr Kommandant, penso que devemos explorar a sugestão de von Kuhl”, defendeu Wetzell. “Por que não juntar todas as ideias?”

“Como assim? “, perguntou o general.

“Na minha opinião, não vamos conseguir a vitória com um só golpe, por mais bem planeado que ele seja”, explicou o coronel. “Só conseguiremos destruir a frente inimiga através de uma inteligente combinação de ataques sucessivos em diferentes pontos da frente, coordenando-os e relacionando-os em momentos cuidadosamente escolhidos. “

“Ach so!“, exclamou Ludendorff. “Estás a propor atacar ao mesmo tempo no Somme e no Lys. “

“Não ao mesmo tempo”, corrigiu Wetzell. “Sucessivamente. Atacamos primeiro no Somme, depois no Lys, mais tarde em Arras, a seguir em Verdun, depois em Champagne, ataques aqui e ali, uns atrás dos outros, numa estratégia de marteladas consecutivas. “

“Como na frente leste”, comentou Ludendorff, afagando o bigode grisalho.

“Jawohl, Herr Kommandant. “

O general quartel-mestre e o seu conselheiro de estratégia referiam-se às novas tácticas desenvolvidas na frente leste e estreadas pelos russos com grande sucesso. Durante a Ofensiva Brasilov, no Verão de 1916, as forças russas utilizaram a surpresa e os efeitos desorientadores suscitados por ataques múltiplos ao longo de uma vasta frente para devastarem as posições austro-húngaras no sector da Galícia. Os alemães assimilaram rapidamente o conceito russo dos ataques sucessivos em toda a linha da frente, chegando mesmo a aperfeiçoá-lo, através das tácticas de infiltração desenvolvidas pelo general Oskar von Hutier e aplicadas com grande êxito apenas dois meses antes, na Batalha de Riga.

Wetzell defendia agora a aplicação dessas mesmas tácticas na frente ocidental para conseguir uma vitória decisiva.

“Parece-me viável”, assentiu Ludendorff, olhando para os outros dois generais. “O

que acham? “


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Von Kuhl e von der Schulenberg concordaram, o bávaro mais entusias-mado.

“O sector do Lys tem o problema da chuva”, observou, no entanto, von Kuhl, que conhecia bem a região. “O terreno só estará transitável lá para Abril.“ A lama da Flandres era famosa entre as forças militares que viveram o inferno lamacento das Batalhas do Somme e de Ypres, pelo que a observação foi instantaneamente compreendida.

“Pois bem, se não chover em demasia, avançamos no Somme em Fevereiro ou Março”, decidiu Ludendorff. “Em Abril será então a vez dos restantes golpes, a começar pelos portugueses no Lys. “

“O VI Corpo de Exércitos do príncipe Rupprecht entra, portanto, em acção em Abril... “, observou von Kuhl.

“Em princípio”, retorquiu o general. Ludendorff apontou o dedo para toda a extensão da linha da frente, representada no mapa. “Comecem a prepa-rar-me estudos pormenorizados sobre cada sector, quero vigilância reforçada, desencadeiem operações regulares para obterem informação, não quero surpresas na hora da verdade. Comecem a exercitar as tropas para combate em terreno aberto segundo as tácticas do capitão Geyer e chamem- me o coronel Bruchmiiller para a frente ocidental, de modo a preparar a artilharia. Quero ver montada a maior feuerwalze da história da guerra. E, von Kuhl, transfira também o general von Hutier para a frente ocidental, vamos ver se ele aplica aqui as suas famosas tácticas de surpresa e bombardeamento em progressão. “

“Jawohl, Herr Kommandant”, assentiu von Kuhl. Tal como von Hutier, Bruchmizller destacara-se na frente leste, e em particular na Batalha de Riga, pelas suas inovações tácticas. Georg Bruchmiiller era conhecido por durchbruchmller, o Miiller decisivo, devido às arrasadoras feuerwalze, ou valsas-do-fogo, com que regava as linhas inimigas antes da progressão da infantaria. O coronel estava na reserva quando foi chamado para o activo na frente leste, onde desenvolveu uma técnica de bombardeamento orquestrado que se tornou famosa entre as forças alemãs. Utilizando uma mistura de granadas numa sequência precisa e coordenada, com lançamento sucessivo de bombas contendo diferentes gases, poderosos explosivos e schrapnel, conseguia espalhar a grande confusão nas linhas inimigas.

Bruchmizller manipulava as granadas de modo a provocar determinadas reacções ou efeitos. Por exemplo, uma das suas especialidades eram os cocktails de gases, lançando primeiro o gás arsine, que não era letal mas que penetrava nas máscaras antigás. Os soldados começavam a vomitar e tiravam as máscaras. Era nesse momento que Bruchmiiller atirava o gás chlorine, que era mortal e que apanhava o inimigo sem máscaras.

As granadas com os diferentes gases estavam marcadas por diversas cores, o que deu ao 155


cocktail o nome de huntkreuz, multicolorido. Ludendorff, que conhecia bem a frente leste, onde ganhara fama de grande estratego e onde desenvolvera a sua visão de Drang nach Osten, a expansão para oriente, queria transportar todo esse talento para a frente ocidental e acreditava que conseguiria assim ganhar a guerra.

“Entschuldigen Sie bitte, Herr Kommandant”, interrompeu Wetzell, levantando a cabeça do seu bloco de notas e quebrando o breve silêncio meditativo que se instalara na sala. “Quais os nomes de código que vamos adoptar? “

“Alguma sugestão? “, perguntou Ludendorff para a mesa.

Todos se entreolharam. Cada um foi avançando com ideias, algumas suscitaram consenso, outras não. Depois de um debate rápido, o general quartel-mestre fechou a questão.

“Bitte schreiben Sie es auf”, ordenou Ludendorff a Wetzell, dando-lhe instruções para tomar nota das ideias que mereceram concordância. “O ataque no Somme será a Operação Michael, a ofensiva no Lys será a Operação St. George, a de Arras será a Operação Marte, a de Champagne será a Bliicher e as duas de Verdun serão a Castor e a Pólux. Estas operações estão destinadas a porem fim à guerra e a darem a vitória à Alemanha e encontram-se subordi-nadas ao nome de código geral de Kaiserschlacht. “ O

conselho de guerra terminou e a Kaiserschlacht, a batalha do Kaiser, entrou em marcha.


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