CAPÍTULO 44


Estava o dia perfeito para voar. O 757 do KIG voava a alta velocidade no céu azul sobre o oceano Pacífico. Pauline e Tanner estavam aninhados no sofá da cabina principal.

- Querido - disse Pauline -, sabes que é uma pena que as pessoas nunca venham a saber como és brilhante?

- Se alguma vez o descobrissem, teria um monte de problemas.

Ela olhou para ele e respondeu:

- Não havia problema. Comprávamos um país e autoproclamávamo-nos seus governantes. Aí não nos podiam tocar.

Tanner riu.

Pauline acariciou-lhe a mão. - Sabes que eu te quis desde o primeiro instante em que te vi?

- Não. Tanto quanto me lembro, foste muito impertinente.

- E resultou, não resultou? Tinhas que me ver outra vez para me dar uma lição.

Seguiu-se um longo e erótico beijo.

Ao longe, brilhou a luz de um relâmpago.

- Vais adorar Tamoa - disse Tanner. - Passamos lá uma semana ou duas e em seguida viajaremos pelo mundo. Vamos compensar todos os anos que não nos era possível estar juntos.

Ela olhou para cima e sorriu, com ar malicioso.

- Podes ter a certeza que sim.

- E depois, uma vez por mês, voltamos a Tamoa para pormos o Prima II a funcionar. Escolhemos juntos os nossos alvos.

- Podíamos criar uma tempestade em Inglaterra, mas o problema é que eles não iam dar pela diferença - sugeriu Pauline.

Tanner riu. - Temos o mundo todo por onde escolher.

Um comissário de bordo aproximou-se e perguntou.

- Desejam alguma coisa?

- Não - respondeu Tanner. - Nós já temos tudo. E sabia que era verdade.

Ao longe, viram a luz de mais raios a riscar o céu.

- Só espero que não apanhemos uma tempestade - disse Pauline. - Detesto voar com mau tempo.

Tanner procurou acalmá-la:

- Não te preocupes, querida. Não há uma nuvem no céu. - Lembrou-se de uma coisa e sorriu. - Não temos que nos preocupar com o tempo. Afinal, somos nós que o controlamos. - Olhou para o relógio. - O Prima explodiu há uma hora e...

Repentinas gotas de chuva começaram a bater contra o avião. Tanner abraçou Pauline com mais força.

- Está tudo bem. É só um pouco de chuva.

Assim que Tanner acabou de pronunciar estas palavras, o céu começou a escurecer e a tremer com o som de sonoros trovões. O enorme avião abanava de um lado para o outro. Tanner olhava pela janela, intrigado com o que estava a acontecer. A chuva deu lugar a uma forte saraivada.

Tanner olhou lá para fora.

- Olha para ... - E de repente percebeu. - Prima. - Era um grito de exaltação, um brilho de glória nos olhos. - Nós podemos...

Nesse preciso momento, um furacão atingiu o avião, sacudindo-o selvaticamente de um lado para o outro. Pauline gritava.

A trabalhar no edifício de tijolo vermelho, Andrew sentia-se grato por haver ainda uma coisa que podia fazer para tornar o mundo um lugar melhor. Com o maior dos cuidados, guiou um tornado de Força 6 que criara - para cima, mais para cima...

Tanner olhava pela janela do avião selvaticamente sacudido quando ouviu, sobre os estrondos da trovoada, o som semelhante ao de um comboio do tornado que se aproximava, viajando a uma velocidade de novecentos e sessenta quilômetros por hora. O rosto dele estava congestionado e tremia com a excitação, enquanto via o tornado a girar em direcção ao avião. Estava em êxtase.

- Olha! Nunca houve um tornado que conseguisse subir até tão alto. Nunca! Fui eu que o criei! É um milagre! Só Deus e eu somos...

No edifício de tijolo vermelho do KIG, Andrew operava Prima, os seus dedos voando sobre as teclas, lembrando-se. Com o seu alvo no ecrã, via a imagem do avião do irmão a ser sacudido por um furacão com ventos de quatrocentos e oitenta quilometros por hora. Premiu outro botão.

No edifício de tijolo vermelho, Andrew moveu um interruptor e ficou a observar o ecrã enquanto o avião explodia em mil pedaços e os destroços e os corpos eram lançados nos céus.

Em seguida, Andrew Kingsley premiu três vezes o botão vermelho.


Numa dúzia de gabinetes do serviço Nacional de Meteorologia de Anchorage no Alasca, a Miami na Florida, os meteorologistas olhavam, estarrecidos, para os seus computadores, sem serem capazes de acreditar. O que se estava a passar parecia impossível, mas a verdade é que ali estava, na frente deles.


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