CAPÍTULO 3


O Polizeikommandant Otto Schiffer, dois policias uniformizados e o superintendente do edifício de apartamentos, Herr Karl Goetz olhavam para o corpo nu e encarquilhado que jazia no fundo da banheira a transbordar. Uma nódoa negra pouco nítida circundava-lhe o pescoço.

O Polizeikommandant colocou um dedo sob a torneira que pingava:

- Fria.

Cheirou a garrafa de licor vazia que estava junto da banheira e virou-se para o superintendente do prédio:

- Como se chama ela?

- Sonja Verbrugge. O marido é Franz Verbrugge. É uma espécie de cientista.

- Ela vivia neste apartamento com o marido?

- Há seis anos. Eram uns inquilinos maravilhosos. Pagavam a renda sempre a tempo. Nunca houve nenhum problema. Toda a gente gostava... - Percebeu o que ia a dizer e calou-se.

- A Frau Verbrugge trabalhava?

- Sim, no café Cyberlin, onde as pessoas usam os computadores para...

- O que foi que o levou a descobrir o corpo?

- Foi por causa da torneira de água fria da banheira. Tentei arranjá-la várias vezes, mas nunca desligava completamente.

- E então?

- Então, esta manhã o morador do apartamento por baixo queixou-se que tinha água a cair-lhe do teto. Vim cá acima, bati à porta e, como não obtive resposta, abri-a com a minha chave mestra. Entrei na casa de banho e dei com... - A voz embargou-se-lhe.

Um detective entrou na casa de banho.

- Não há quaisquer garrafas de bebidas destilada nos armários, só de vinho.

O Kommandant anuiu.

- Certo - e apontou para a garrafa junto da banheira. - Procurem impressões digitais nessa.

- Sim, senhor.

O Kommandant virou-se para Karl Goetz:

- Sabe onde se encontra Herr-Verbrugge?

- Não. Costumo vê-lo de manhã, quando ele sai para o trabalho, mas... - E fez um gesto de ignorância.

- Não o viu esta manhã?

- Não.

- Faz idéia se Herr Verbrugge tencionava fazer alguma viagem?!

- Não, senhor. Não faço idéia.

O Kommandant virou-se para o detetive:

- Fala com os outros moradores. Tenta saber se nos últimos tempos; Frau Verbrugge andava deprimida, se ela e o marido costumavam ter discussões e se ela bebia. Tenta conseguir o máximo de informações. - E olhou para Karl Goetz. - Vamos verificar também o marido. Se pensar que há alguma coisa que possa ajudar...

Karl Goetz disse timidamente:

- Não faço idéia se isto pode ajudar ou não, mas um dos moradores contou-me que ontem à noite havia uma ambulância parada em frente do prédio e perguntou se alguém estava doente. Quando eu lá cheguei para ver o que se estava a passar, a ambulância já tinha desaparecido. Tem algum interesse?

O Kommandant respondeu:

- Vamos investigar.

- E... e quanto ao... corpo? -perguntou Karl Goetz nervoso, - O médico legista já vem a caminho. Esvaziem a banheira e tapem-na com uma toalha.

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