CAPÍTULO 45


Kelly e Diane acabavam de se vestir quando Grace Seidel lhes bateu à porta do quarto.

- Quando estiverem prontas, o pequeno almoço está servido.

- Já vamos - respondeu Kelly.

- Espero que o nosso truque tenha resultado - disse Diane. - Vamos ver se Grace tem os jornais da manhã.

Saíram do quarto. No lado direito ficava a zona de lazer. Estavam aí reunidas algumas pessoas em redor do aparelho de televisão. No momento em que elas iam a passar, em direcção à sala de jantar, o apresentador de televisão dizia:

"Segundo as últimas informações, não houve qualquer sobrevivente. Tanner Kingsley e a antiga senadora Pauline van Luven encontravam-se no avião, assim como um piloto, um co-piloto e um comissário."

As duas mulheres estacaram. Olharam uma para a outra, viraram-se e dirigiram-se para junto do televisor. No ecrã passavam imagens do KIG.

"O Kingsley Internacional Group é o maior think tank do mundo, com escritórios em trinta países. O gabinete de meteorologia reportou uma inesperada tempestade eléctrica no oceano Pacífico, exactamente na zona onde voava o avião particular de Tanner Kingsley. Pauline van Luven chefiou a Comissão Especial do Senado para o Ambiente..."

Diane e Kelly ouviam, fascinadas.

"...E em mais uma peça do puzzle, existe um mistério que a Polícia está a tentar resolver. A imprensa fora convidada para um jantar de apresentação de Prima, um novo computador controlador do clima que o KIG criara e desenvolvera, mas ontem, inesperadamente, deu-se uma explosão no KIG e o Prima ficou completamente destruído. No meio dos destroços, os bombeiros encontraram o corpo de Andrew Kingsley e pensa-se que seja ele a única vítima."

- Tanner Kingsley está morto - disse Diane.

- Diga isso outra vez. Devagarinho.

- Tanner Kingsley está morto.

Kelly deu um profundo suspiro de alívio. Olhou para Diane e sorriu.

- Depois disto, a vida vai ser muito aborrecida, de certeza.

- Espero bem que sim - replicou Diane. - Que acha da idéia de dormir hoje à noite nas Waldorf-Astoria Towers?

Kelly fez um enorme sorriso.

- Não me importo nada.

Quando se despediram de Grace Seidel, esta abraçou Kelly e disse:

- Aparece sempre que quiseres.

Na suite presidencial das Waldorf Towers, um criado punha uma mesa para o jantar. Virou-se para Diane:

- Disse-me que queria a mesa posta para quatro pessoas?

- Exactamente.

Kelly olhou para ela e não disse nada.

Diane sabia o que ela estava a pensar. Quando se sentaram à mesa, Diane explicou:

- Kelly, eu acho que não fizemos isto sozinhas. Estou convencida de que tivemos uma grande ajuda. - Ergueu a taça de champanhe e dirigiu-se à cadeira vazia a seu lado: - Muito obrigada, Richard, meu amor. Amo-te.

Quando levava a taça aos lábios para beber, Kelly interrompeu-a.

- Espere um segundo.

Diane virou-se para ela.

Kelly pegou na sua taça de champanhe e olhou para a cadeira vazia a seu lado.

- Mark, eu amo-te muito. Muito obrigada.

E beberam depois de brindarem.

Kelly sorriu.

- Soube-me bem. E agora, o que temos a seguir?

- Vou ao FBI em Washington contar tudo que sei.

Kelly corrigiu-a:

- Vamos a Washington e vamos contar-lhes tudo o que nós sabemos. Diane concordou.

- Isso mesmo. - Ficou pensativa. - Sinto que fizemos um bom trabalho. Os nossos maridos teriam muito orgulho em nós.

- É verdade - apoiou Kelly. - Conseguimos solucionar isto. E estava tudo contra nós. Sabe o que devíamos fazer agora?

- O quê?

- Abrir a nossa agência de detectives.

Diane riu. - Só pode estar a brincar.

Kelly olhou para ela e deu-lhe um grande sorriso.

- Acha que sim?

Depois do jantar, ficaram a ver televisão e todos os canais transmitiam a história da morte de Tanner Kingsley. Enquanto Kelly via o que se passava, comentou:

- Não sei se sabe, mas, quando se corta a cabeça a uma cobra, o resto do seu corpo morre.

- O que quer dizer com isso?

- Vamos verificar. - Dirigiu-se ao telefone. - Queria fazer um telefonema para Paris.

Cinco minutos depois, ouvia a voz de Nicole Paradis.

- Kelly! Kelly! Kelly! Estou tão contente por ter ligado.

O coração de Kelly caiu-lhe aos pés. Sabia o que ia ouvir a seguir. Eles tinham matado Angel.

- Não sabia como contactá-la.

- Ouviu as notícias?

- Todo o mundo ouviu as notícias. Jerôme Maio e Alphonse fizeram as malas e partiram à pressa.

- E Philippe e a família?

- Esses voltam amanhã.

- Isso é maravilhoso. - Kelly estava com medo de fazer a pergunta seguinte. - E a Angel...?

- Eu tenho a Angel no meu apartamento. Eles tencionavam usá-la como isca, para o caso de não estar disposta a cooperar.

Kelly, de repente, sentiu um enorme alívio.

- Mas isso é estupendo!

- Que quer que faça com ela?

- Meta-ma no próximo avião da Air France para Nova Iorque.

Depois diga-me quando é que ela chega, para eu a ir buscar ao aeroporto. Pode ligar-me aqui para as Waldorf Towers. - Vou tratar de tudo. - Muito obrigada. - Kelly desligou.

Diane estivera a ouvir a conversa.

- A Angel está bem?

- Está.

- Oh! Que bom!

- É, não é? Estou encantada. A propósito, que vai fazer com a sua parte do dinheiro?

Diane ficou a olhar para ela.

- Como?

- O KIG ofereceu uma recompensa. Acho que é nossa.

- Mas... Kingsley morreu...

- Eu sei, mas o KIG não.

E riram.

- Quais são os seus planos para depois de Washington? Vai voltar a pintar? - perguntou Kelly.

Diane ficou pensativa por momentos.

- Não.

Kelly observava-a.

- Não mesmo?

- Bom, há um quadro que quero fazer. É uma cena de um piquenique em Central Park. - A voz embargou-se-lhe. - Dois amantes a fazerem um piquenique debaixo de chuva. Depois... Depois logo se verá. E você, Kelly? O que vai fazer? Vai voltar às passarelas?

- Não, não me parece...

Diane olhava para ela.

- Bom... Talvez. Porque quando estou lá em cima posso sempre imaginar que Mark me está a ver e a mandar-me beijos. Sim, acho que ele gostaria que eu voltasse para o mundo da moda.

Diane sorriu.

- Óptimo.

Viram televisão durante mais uma hora e em seguida Diane disse:

- Parece-me que são horas de ir para a cama.

Quinze minutos mais tarde já se tinham despido e cada uma estava metida na sua cama de casal, a reviver as suas recentes aventuras. Kelly bocejou.

- Diane, estou cheia de sono. Apague as luzes.


F I M

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