XXXI

O s t r ê s h o m e n s d e n e g r o p e r c o r r e r a m a m a n g a d o avião em passo apressado e desembocaram no terminal do Ae r op o r to d e Ba raj as , e m Mad rid. Ca mi nhan do à frente, Decarabia ligou o telemóvel enquanto caminhava e aguardou que o aparelho apanhasse rede. Seguiram as setas a indicar Salida e imobilizaram-se diante do tapete rolante com as bagagens. O tilintar de sucessivos SMS a chegarem ao telemóvel foi o sinal de que a ligação estava estabelecida.

Olhou para o ecrã do aparelho e viu uma sucessão de mensagens engarrafadas. As três primeiras eram informações das operadoras a darem-lhe as boas-vindas a Espanha e a comunicarem-lhe as tarifas de roaming. Apagou essas mensagens e passou para as duas seguintes; tratava-se de vários telefonemas do mesmo número, que reconheceu de imediato. Carregou no botão verde e a chamada para esse número foi devolvida.

"Sou eu, grande Magus", disse Decarabia logo que atenderam do outro lado. "Chegámos agora. Tentou falar comigo?"

"Sim, Decarabia. O nosso contacto secreto dentro da Interpol acabou de me enviar a informação solicitada. Ele conseguiu acesso ao ficheiro confidencial da nossa amiga."

"E então?"

"Parece que essa Raquel de la Concha é uma recruta promissora.

Boa na sedução e traiçoeira nas operações. Usam-na sobretudo como isco para atrair os suspeitos." Pigarreou. "Há no entanto um problema.

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A gaja meteu férias esta semana."

"Porra! Onde foi ela?"

A voz na linha manteve um tom neutro.

"A informação não consta do ficheiro, como é evidente", disse Magus.

"Mas conseguimos penetrar no endereço pessoal dela na Internet e vimos que a tipa alugou um apartamento numa terriola a sul de Madrid."

"Excelente! Tem a morada?"

"Calle Velázquez", foi a resposta, com indicação do número de porta do prédio e do andar. "Isto é num sítio chamado Seseria."

"Mais alguma coisa?"

"É tudo. Desta vez não falhes, ouviste?"

O homem no Aeroporto de Barajas ia responder, mas a linha morreu nesse instante. Magus tinha desligado.

O operacional guardou o telemóvel no bolso e, com recurso a um iPad, entrou na Internet e digitou o nome da terra que o líder da organização lhe dera. Um mapa de Espanha encheu de imediato o ecrã. Decarabia deslocou o dedo para baixo de Madrid e, a meio caminho de Toledo, uns quarenta quilómetros a sul da capital, lá estava o que procurava.

Sesefia.

Decarabia endireitou-se e, no meio da bagagem de todos os passageiros, viu a mala diplomática saltar para o tapete rolante; era ali que vinham as armas. Inspirou cheio de confiança e sorriu.

"A caçada começou."










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