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processo do TPI, teria aderido ao meu plano?"
A pergunta pareceu desarmar Agnès Chalnot.
"Zut, alors!", exclamou ela, sem saber como responder. "Tenho de admitir que... enfim, não seria uma decisão fácil. Ninguém se atira a uma pessoa como o juiz Seth de ânimo leve, não é verdade?" Hesitou.
"Mesmo que tivesse decidido avançar, reconheço que teria dificuldade em convencer o juiz Joossens a passar o mandado de captura.
Provavelmente ele não o passaria."
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A resposta pareceu satisfazer o historiador.
"Percebe agora porque optei pelo silêncio?", perguntou. Fez um gesto a indicar o presidente da Comissão Europeia. "Mesmo neste momento, e perante tudo o que se passou aqui, vocês hesitam em deter o juiz Seth. Se é assim em condições destas, imagine como seria se eu tivesse aberto o jogo todo..."
Axel Seth soltou Uma gargalhada sem humor.
"Eles hesitam porque sabem o que os espera se não conseguirem provar nada contra mim", sentenciou. "E a verdade, mon cher, é que vocês nada têm de concreto. Apenas umas especulações fantasiosas, nada que se sustente num processo judicial."
Tomás virou-se para o presidente da Comissão Europeia e lançou-lhe um olhar sibilino, carregado de subentendidos.
"O senhor está esquecido de uma coisa, não está?"
A pergunta deixou o juiz incomodado. Axel Seth mudou a perna em que se apoiava, incapaz de conter a ansiedade que até esse momento conseguira reprimir.
"Está a falar de quê?"
"Esqueceu-se que eu vim a Florença à procura de algo que o Filipe aqui escondeu?"
O presidente da Comissão Europeia não tinha esquecido. Tratava-se do ponto mais importante de todos, aquele que tudo provocara, e o assunto nem por um momento lhe saía da cabeça.
"O DVD", murmurou ele num tom neutro, esforçando-se por ocultar o tumulto que nesse instante lhe revoluteava no coração. "Onde está ele? Encontrou-o?"
Tomás meteu a mão no bolso da túnica e extraiu uni disco prateado, que exibiu provocatoriamente.
"Infelizmente para si", disse com um sorriso largo, o olhar insolente cravado no seu inimigo. "Está aqui."
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