LOUISE
Fico quase sem fôlego com a franqueza da peça. Estou habituada a bon mots maliciosas, a observações cortantes, aos apartes sorridentes mas corrosivos de Versalhes, mas a pura barbaridade descarada do ataque de Nell Gwynne é algo completamente diferente. Só com grande esforço me contenho para não gritar enquanto assisto.
E depois todos a aplaudem. Os risos, posso perdoar – qualquer pessoa pode rir-se e depois arrepender-se – mas aplaudir!
Mantenho propositadamente as mãos cruzadas no colo. Carlos repara e inclina-se para mim.
– Ao princípio, eles podem parecer muito rudes – diz, em tom apologético. – Mas é apenas a maneira que têm de lhe dar as boas-vindas.
– Mas porque é que ela me odeia tanto?
Ele olha para o palco, onde Eleanor Gwynne está neste momento a dançar outra vez, ao ritmo dos aplausos da multidão.
– Ela não a odeia. É apenas a ideia de diversão da Nelly. Por favor, não dê importância a isto, Louise. A Nell gosta muito de se divertir.