LOUISE
As máscaras não enganam ninguém. No entanto, não reconheço a mulher de viseira xadrez que se coloca ao meu lado mais tarde, junto da mesa.
– Então é a senhora a minha substituta.
Viro-me para ela. Alta, elegante, mais velha do que eu. Mas há qualquer coisa no seu porte – confiante, forte, autoritário – que me põe de sobreaviso.
– Oh, não se preocupe – diz ela. – Foi bom enquanto durou. Além disso, como sem dúvida já deve ter descoberto, alguns dos… pecadilhos dele podem tornar-se bastante aborrecidos.
– Quem é a senhora?
– Não sabe? – Ela parece divertida. – Bom, suponho que há, de facto, muitas de nós. Mas eu sou a única, até agora, que ganhei um título. Bom, é verdade que tive de o deixar ver-me com três dos seus guardas para ele fazer de mim duquesa.
O meu choque deve ser evidente, apesar da máscara.
– Oh, ele ainda não lhe sugeriu isso? – murmura. – Dê-lhe tempo, minha querida, dê-lhe tempo. Mas não se deixe enganar por aquelas maneiras impecáveis. Apesar de todo aquele charme, ele é tão libertino como os outros todos.
Um lacaio avança com uma travessa carregada de lagostins. Espeta uma faca num e oferece-mo. Olho em volta. A outra mulher desapareceu.
– Onde fica a retrete? – pergunto ao lacaio. – Depressa… acho que vou vomitar.