LOUISE


O embaixador francês quer saber se o rei irá ao baile.

– Não faço ideia – digo. – Ainda está de luto pela morte da irmã.

– Claro – murmura o embaixador. – Foi uma infelicidade, a morte dessa senhora… e contudo, não consigo lamentá-la, porque a trouxe para cá, mademoiselle. Que fortuito que o rei tenha encontrado conforto na companhia de uma das nossas conterrâneas.

Todo o seu discurso é assim – ligeiro e empolado e pretensioso. Lança uma insinuação e espera que eu a contradiga; se não o faço, pensa que confirmei o que ele está a pensar, quando a verdade é que, pura e simplesmente, não é nada da conta dele.

– Encomendei gelos – diz ele, passado um momento. – Gelos, na esperança de que o rei nos honre com a sua companhia.

– Sim – digo. – Esperemos que o faça.

Dois dias antes do baile, chegam três embrulhos, trazidos por lacaios de libré. Com eles, vem um bilhete:

Chega de luto – CR

Carolus Rex. Carlos o rei. Uma ordem real.

Dentro do primeiro embrulho, encontro uma máscara na qual foram cosidos diamantes minúsculos. O segundo contém uma fantasia – calças de salteador da estrada, um casaco curto, como o de um conquistador, um tricórnio, tudo a brilhar com fios de prata e feito de sedas reluzentes. No último embrulho estão botas, um cinto, uma pistola prateada.

Prendo o meu cabelo rebelde num rabo-de-cavalo de homem e pinto os lábios do mesmo vermelho-escuro da máscara.

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